#Ocupa o Campus e Resiste: Entrevista com Adriana Lima* do “Movimento UEPA Cametá”
O Juntos! entrevistou Adriana Lima, representante do movimento que ocupou o campus Cametá da UEPA. O movimento quer respostas: chega de descaso e precarização da universidade!
Anderson Castro*
No dia 31 de outubro (quinta-feira), estudantes do Campus da Universidade do Estado do Pará (UEPA) de Cametá, indignad@s com o descaso e com a precarização do ensino na Estadual, iniciaram um processo de ocupação da referida instituição seguindo o exemplo da vitoriosa ocupação do Campus X (UEPA Igarapé Açu) e estão dispostos a sair somente se o reitor se comprometer a atender as pautas de reivindicação definida coletivamente.
Entrevistamos Adriana Lima (estudante do curso de Ciências Naturais (Química) 2011, Ex Presidente do Diretório Acadêmico da UEPA Cametá e recém-egressa no Juntos!), representante do movimento, para nos colocar a par da situação:
Juntos!: Adriana, hoje completam 7 dias de ocupação, quais foram o motivos que os levaram a tomar tal atitude e quais são as pautas de reivindicação?
Adriana Lima: Foram inúmeros os motivos que nos levaram a tal atitude, na verdade, pode-se dizer que foi um acúmulo de indignações. A principal reivindicação do nosso movimento é o cumprimento do calendário acadêmico, pois as turmas chegam a passar até meses sem aula. Além disso, reivindica-se a implantação de novos cursos e a volta do curso de Ciências, que foi retirado da oferta, sem o menor esclarecimento. Pedimos também técnicos e materiais para os laboratórios, manutenção dos computadores, que se encontram infestados de vírus e outros nem se quer funcionam. Uma situação que revolta muito é a falta de materiais básicos (limpeza e sala de aula), é um absurdo uma Universidade que não garante o básico da educação.
J!: De que forma a Ocupação do Campus de Igarapé Açu os influenciou aqui em Cametá?
AL: A influência foi grande, uma vez que quando decidimos ocupar o campus, tivemos como principal referência a Ocupação de Igarapé Açu. Além disso, soubemos dos resultados obtidos e começamos a luta com bem mais força e esperança de bons resultados.
J!: Como foi o diálogo com a reitoria? O movimento já obteve alguma vitória concreta, se sim quais?
AL: No início do movimento, não conseguimos qualquer comunicação direta com a reitoria, uma vez que fomos ignorados, pois entramos em contato com o gabinete e simplesmente nos enganaram dizendo que iriam dar respostas imediatas. Passado quatro dias de ocupação o reitor entrou em contato e propôs que sua vinda a Cametá seria adiantada para o dia 08/11, porém queria que finalizássemos a ocupação pra esperá-lo e assim abrir negociação. É claro que não aceitamos, pois não tínhamos garantia alguma. Com relação aos resultados, já tivemos alguns avanços. Ontem reunimos com o chefe de
departamento do DCNA do CCSE UEPA, este se comprometeu, perante aos alunos e professores, que iria solucionar o problema das disciplinas que estão pendentes e em organizar os próximos semestres. Sendo que, no mesmo momento garantiu aula para algumas turmas, a partir da segunda-feira, caso haja a desocupação do campus após reunião com o reitor. Percebemos com tudo isso, que somente com a ocupação, é que conseguimos pelo menos ter esse diálogo. Isso nos motivou ainda mais a seguir lutando!!
J!: O apoio dos estudantes da UEPA, secundaristas e do povo de Cametá a ocupação vem aumentando. Quais as ferramentas utilizadas pelo movimento para atrair mais apoiadores?
AL: Um dos impulsos que garantiu esse aumento no número de pessoas na ocupação justifica-se pela programação que foi preparada para atraí-los. Contamos principalmente com a ajuda dos estudantes da UEPA e o apoio vindo de fora, no caso, de representantes do movimento JUNTOS, entre eles Ananda e Luiza que participaram da ocupação do campus de Igarapé Açu e a tua Anderson.
J!: Por fim, gostaria que você deixasse uma mensagem que pra ti simboliza a bela resistência que pretende não só mudar a UEPA, mas também mudar Cametá pra melhor!
AL: Não basta simplesmente pertencer a UEPA, é preciso muito mais. É necessário romper as correntes que nos prendem ao comodismo. Sei que a luta não é fácil, porém o que muitas vezes nos parece fácil nos traz grandes prejuízos na frente. Esperar no hoje é o mesmo que comprometer o amanhã. Esse movimento representa para os alunos da UEPA Cametá, um novo horizonte, novas buscas, conquistas… Enfim, se não manifestarmos nossa indignação nada será feito. Já dizia Marthin Lutter King: “Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele.” Obrigado pela entrevista, no mais estamos juntos para construir as lutas em defesa de outro futuro com melhorias dentro e fora da Universidade.
*Anderson Castro, Diretor de Movimentos Sociais da UNE pela Oposição de Esquerda e membro dos Grupos de Trabalho Nacional e Estadual do Juntos! PA