*Gabriel Regensteiner
Em coma desde 2006, morreu na tarde desse sábado (11) Ariel Sharon, ex-primeiro ministro de Israel. Sharon ganhou fama internacional por ter sido um competente militar e estrategista nos principais conflitos Árabes-Israelenses. No entanto, sua trajetória de vida foi marcada por crimes contra a humanidade e uma brutalidade comparável a dos piores genocidas de nosso tempo.
Em 1953, com apenas 24 anos, Sharon comanda um ataque da “Unidade 101” a Qybia, vilarejo palestino na Cisjordânia. O episódio entrou pra história com o nome de Massacre de Qybia, com o saldo de 69 mortos civis, a maioria mulheres e crianças. Nos anos subsequentes repetem-se episódios de retaliação armada a civis árabes e famílias de militantes comandados por ele.
Com o prestígio adquirido como comandante militar, Sharon adentra a política: em 1973 cria o Likud, partido conservador da direita sionista. Já como membro do governo, na contramão das tentativas de negociação da paz, é entusiasta da instalação de assentamentos israelitas em áreas palestinas. Mais tarde, torna-se ministro da defesa e durante a Guerra do Líbano colabora para o Massacre de Shabra e Shatila (1982), no qual milícias cristãs assassinam milhares de palestinos indefesos durante a invasão de um assentamento de refugiados. Tudo com a conivência direta de Sharon.
Ainda que fora da ativa já há alguns anos, seu legado persiste até hoje. Seus epígonos seguem perpetrando uma política sistemática de extermínio da população palestina. Por isso, hoje não choramos a morte de Sharon, mas a dos milhares de inocentes assassinados por suas tropas. Sabra, Chatila e Qybia, presente!
*Gabriel Regensteiner é estudante de Ciências Sociais e militante do Juntos!