Marcha das Vadias: “Não nos digam como nos vestir. Digam aos homens para não estuprarem.”
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Marcha das Vadias: “Não nos digam como nos vestir. Digam aos homens para não estuprarem.”

SlutWalk: “Don´t tell us how to dress. Tell man not to rape.” A frase acima estava estampada em um dos centenas de cartazes que levavam mensagens durante a SlutWalk, ou Marcha das Vadias, que aconteceu no dia 7 de maio deste ano e reuniu mais de  duas mil pessoas em Boston, EUA. A SlutWalk teve origem na cidade […]

Janaína Calu 3 jun 2011, 21:40

SlutWalk: “Don´t tell us how to dress. Tell man not to rape.”

A frase acima estava estampada em um dos centenas de cartazes que levavam mensagens durante a SlutWalk, ou Marcha das Vadias, que aconteceu no dia 7 de maio deste ano e reuniu mais de  duas mil pessoas em Boston, EUA.

SlutWalk teve origem na cidade de Toronto, no Canadá, e foi organizada como forma de protesto contra uma declaração do policial Michael Sanguinetti, em uma conferência sobre segurança na Universidade de York. O agente policial fez a seguinte afirmação: “Vocês sabem, eu acho que nós estamos fazendo rodeios aqui. Disseram-me que eu não deveria dizer isso, mas as mulheres devem evitar se vestir como vagabundas, para não se tornarem vítimas de ataques sexuais”.

O policial foi repreendido pela polícia de Toronto, mas certamente o objetivo das manifestações é muito maior. Trata-se de chamar atenção para a ideia tão aceita de que as  vítimas de violência/estupro são responsáveis pelo acontecimento, além de reafirmar a autodeterminação das mulheres sobre os seus corpos.

O termo vadias (slut) foi escolhido por conta do seu uso recorrente como forma de insulto para o comportamento das mulheres que não se enquadram de alguma maneira às regras socialmente impostas. As mulheres em marcha então, se apropriam dessa palavra e reivindicam a autonomia para se vestirem e se comportarem da forma que acharem melhor, sem que isso justifique qualquer forma de violência.

A CULTURA DO ESTUPRO

Soma-se a isso a cultura predominante em nossa sociedade, que reforça uma lógica permissiva, em que os homens se sentem confortáveis o suficiente para desrespeitar a vontade das mulheres e extrapolar os limites da sua individualidade, inclusive através da violência física.

Durante a apuração, mesmo que informal, de casos de estupro, é bastante comum o questionamento sobre o comportamento e a vida sexual da vítima, como se algum desses elementos pudesse justificar o ocorrido ou amenizar a responsabilidade do agressor.

Essa lógica parte do princípio de abstração da existência da vida sexual das mulheres, que são violentadas por sentirem desejo e, acima de tudo, por realizarem seus desejos, ou simplesmente por serem mulheres, às quais é negada qualquer forma de decisão sobre seus corpos.

A repressão sexual é uma forma bastante eficiente de controle sobre a vida e o comportamento de todas/os, mas particularmente as mulheres sofrem com a existência desse instrumento de dominação. Em primeiro lugar, por conta da divisão de papéis na sociedade, em que cabe aos homens o exercício pleno do poder, manifestado das mais diversas formas. Em seguida, por carregarem historicamente a imagem da “mulher” associada à da “mãe”, pura, assexuada e impossibilitada de sentir prazer.

De acordo com esse raciocínio, violentar ou estuprar uma “vadia”, não se encaixa na categoria de violência e não se configura exatamente um estupro, já que essa mulher rompeu com as normas comportamentais, não merece respeito e deve arcar com as conseqüências.

A permeabilidade das Marchas das Vadias pelo mundo deixa nítido o quanto essa cultura opressora se mantém nas mais diversas realidades e que o desenvolvimento econômico, como nos casos do Canadá, Estados Unidos e União Européia, não a supera nem promove necessariamente relações mais equilibradas entre homens e mulheres.

MANIFESTAÇÕES PELO MUNDO

Mulheres de diversos países estão mobilizadas na construção das marchas e a agenda de manifestações pode ser conferida no site oficial da SlutWalk de Toronto:http://www.slutwalktoronto.com/satellite.

Na cidade de São Paulo, a Marcha das Vagabundas será no dia 04 de junho, às 14h na Praça da República.

  • slut

n 1 mulher relaxada, sórdida, suja. 2 mulher de moral baixa. 3sl cadela, puta. vadia

  • vadia

Acepções
■ substantivo feminino
Regionalismo: Brasil. Uso: informal, pejorativo.
mulher que, sem viver da prostituição, leva vida devassa ou amoral
Sinônimos
vagabunda; ver tb. sinonímia de meretriz

  • puta

Acepções
■ substantivo feminino
Uso: tabuísmo.
1 m.q. prostituta
2 Uso: pejorativo.
qualquer mulher lúbrica que se entregue à libertinagem

Quem somos:

Juntas!
é um grupo de mulheres que se organizou a partir da necessidade de haver um espaço auto-organizado (ou seja, apenas de mulheres) que discutisse a questão de gênero de um modo que dialogasse com o nosso cotidiano.
Acreditamos que a discussão sobre o machismo é importantíssima para a formação de mulheres que se reconheçam como potenciais agentes políticas. Somos formadas desde nossa infância para que nos restrinjamos ao espaço privado nos dedicando principalmente às tarefas domésticas enquanto os homens têm sua formação voltada para o espaço público. Essa construção social – que reserva à mulher o papel de pessoa maternal, dócil, amável e ao homem o forte, viril e poderoso – põe a nós, mulheres, fortes barreiras a nossa emancipação política.
O Juntas! vem para que possamos discutir a lógica machista em que vivemos e entender que ela está camuflada em todos os âmbitos da nossa vida cotidiana. Para isso é importante debatermos a questão de gênero para além de si mesma, mas em uma perspectiva mais concreta.
Juntas! nós podemos transformar nossa realidade! Queremos mostrar a atualidade da luta das mulheres. Neste site, queremos debater temas do nosso cotidiano, nossos dilemas, nossas inquietações, sempre do ponto de vista feminista. Queremos retratar
nossas lutas no Brasil e ao redor do mundo. A luta das mulheres transforma o mundo todo!


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