Contrariando o senso comum de apatia e despolitização, jovens de todo país saem às ruas em protesto aos aumentos nos preços das passagens… Pararão por aí?
Desde o final do ano passado, mas com mais vigor em 2011, várias cidades do Brasil foram tomadas por atos protagonizados especialmente pela juventude contra os aumentos das passagens de ônibus.
Medidas impopulares, os aumentos nos preços dos transportes são feitos aproveitando-se do período de férias, tendo em vista que nesse momento do ano nem todos os trabalhadores e jovens sentem integralmente no bolso o peso dos reajustes.
Os aumentos, quase sempre acima da inflação, só prejudicam a população, atacam o direito à circulação e consequentemente aos equipamentos culturais, esportivos, de saúde e educação das cidades. Além disso, o serviço prestado é ruim, com ônibus lotados, em más condições e insuficientes. Isso só reafirma o quanto os grandes municípios estão reféns das corporações de transportes que, sendo pesadas financiadoras de campanhas eleitorais de prefeitos e vereadores, cobram a fatura depois, do bolso dos passageiros.
Nas ruas a juventude pode repetir 2005
O amplo movimento que parou Florianópolis em 2005 (veja cronologia nesta página) foi um marco daquele ano. Ninguém foi tão vitorioso quanto os catarinenses, que impediram o aumento da tarifa e conquistaram o direito ao Passe Livre (negado depois em manobra dos vereadores).
Ainda assim, em 2005, o espírito rebelde que tomou conta de Floripa também pôde ser visto na luta pelo Passe Livre em várias capitais do país; na forte greve das universidades estaduais paulistas onde os estudantes em defesa da educação chocavam-se com a polícia do governo Alckmin; no ato em Goiânia durante o congresso da UNE contra o mensalão e na marcha dos trabalhadores a Brasília contra as reformas de Lula e a corrupção; na ocupação da sede do INCRA (órgão responsável pelo não andamento da Reforma Agrária) pela juventude do PSOL aliada ao MTL (Movimento Terra Trabalho e Liberdade)…
Nesse começo de 2011 já há mostras que um novo ano de lutas se anuncia. No momento em que escrevo essas linhas, vários atos contra os aumentos acontecem pelo país tendo também (e por que não?) as jovens revoluções árabes como inspiração (ver reportagem de capa). Os regimes não são os mesmos, mas a desigualdade social, a carência de direitos, o aumento do custo de vida em todo o país e a ausência da verdadeira democracia unem as perspectivas de futuro… Que a luta contra os aumentos seja apenas um estopim…