Entrevistamos Adilson Siqueira, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e dirigente do PSOL sobre os conflitos na construção da hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira.
Vai aqui um pequeno trecho da entrevista que pode ser lida por completo no site do Juntos!
JJ!: Como a construção da Usina de Jirau tem impactado o meio ambiente em Rondônia?
AS: Para o início da construção das usinas de Santo Antônio e Jirau não foram apresentados os Estudos de Impacto Ambiental necessários. Os técnicos do IBAMA levantaram 30 pontos de questionamentos, até hoje não respondidos, sobre a inviabilidade ambiental da obra.
Deve-se levar em conta que após a liberação da obra, o Consórcio Energia Sustentável do Brasil (CESB) mudou o local da construção para 10 km abaixo no Rio Madeira, para cortar gastos, sem refazer os estudos de impacto ambiental e mantendo o valor orçado de R$ 8,7 bi .
Com relação ao impacto social, estima-se que serão afetadas cerca de 25 mil pessoas, entre brasileiros e bolivianos, sem levar em consideração as áreas indígenas. Muitos serão deslocados e perderão suas referências culturais e meios de sobrevivência, como a pesca e a agricultura familiar.
A população foi enganada com a propaganda do PAC, e o que existe hoje são obras inacabadas e a cidade de Porto Velho sem a estrutura adequada para receber a grande quantidade de pessoas que está se deslocando para trabalhar aqui. Todo o estado possui apenas um Pronto-socorro, que atende 52 municípios. A cidade não tem transporte coletivo adequado e o aumento de carros e motos transformou o trânsito em um caos.
JJ!: E a revolta dos trabalhadores do canteiro de obras?
AS: Os operários, sem coordenação do sindicato da categoria, exigiam da Camargo Correia, entre outras justas reivindicações, que diminuísse de 4 para 3 meses o tempo em que ficam internados na obra sem poder visitar os seus familiares; o pagamento de horas extras que, segundo informações, encontravam-se em atraso; o aumento no valor do “cred card” (cartão que é a soma de pontos a partir de horas-extras) utilizado em lojas de conveniências e “lan houses” no canteiro de obras; e o direito de ir a Porto Velho nos finais de semana. Porém, nada disso foi divulgado, o que houve foi uma campanha de criminalização dos trabalhadores.