Somos todos Pinheirinho!
Estive sábado em Pinheirinho acompanhando uma reunião que foi convocada pelo movimento para socializar os informes para apoiadores. O clima no bairro era de alegria pela vitória provisória por conta do adiamento da reintegração de posse por parte do Tribunal Regional Federal por quinze dias. Leia mais!
* Giulia Tadini
Estive sábado em Pinheirinho acompanhando uma reunião que foi convocada pelo movimento para socializar os informes para apoiadores. O clima no bairro era de alegria pela vitória provisória por conta do adiamento da reintegração de posse por parte do Tribunal Regional Federal por quinze dias. Pinheirinho tem 8 anos. A paisagem é composta de terrenos de 200 a 300 m² e com ruas largas, constituindo um bairro ocupado por mais de 6 mil pessoas. Hoje o terreno é alvo da prefeitura por conta da especulação imobiliária na região. A alegação do Tribunal de Justiça de São Paulo é que o terreno deve ser devolvido a Naji Nahas, dono da empresa Selecta, que foi conseguido por meio de grilagem.
Na reunião de apoiadores, muitas falas reafirmavam a importância da luta em Pinheirinho, pelo direito a moradia, e a unidade que se construiu em torno da pauta entre sindicatos e movimentos sociais. Além disso, a luta de Pinheirinho é vista como uma forte resistência da população contra a política repressora e elitista do governo estadual, e um exemplo para os lutadores de todo país. Após reunião, acompanhamos a assembléia dos moradores do bairro que aconteceu em um galpão.
Por existirem dois pareceres da justiça diferentes, um em âmbito estadual, e outro em âmbito federal, o caso deveria ser julgado pelo Superior Tribunal Federal. O que provavelmente, de acordo com os advogados do movimento, isso levaria o caso a ser julgado pela justiça federal. Antes que isso pudesse acontecer, neste domingo, às 5h da manhã, a PM organizou um grande operativo para cumprir o mandato de desocupação do Pinheirinho, pegando todos desprevenidos, e deixando um rastro de violência pela cidade. A desocupação ocorreu indo contra todas as tentativas de negociação por parte do movimento nos últimos dias.
Após saber a notícia da reintegração de posse pela PM, legitimada pelo Tribunal de Justiça, estive em São José dos Campos novamente. Desta vez não pude ir a Pinheirinho. O bairro e suas proximidades estiveram sitiadas durante todo dia pela polícia. O clima era de bastante tensão quando cheguei no sindicato dos metalúrgicos. Caravanas de todo estado vieram prestar solidariedade. Quem está por trás da articulação da reintegração de posse é o assessor do tribunal de justiça do Estado, irmão do Deputado estadual Fernando Capez (PSDB).
A água, luz e telefone foram cortados durante a operação e celulares foram confiscados, dificultando o acesso de informações sobre os acontecimentos no bairro. Durante o dia houve um ato que paralisou a Via Dutra por 1 hora e meia. Pude participar do ato de juventude, que ocorreu na frente da casa do prefeito da cidade, Eduardo Cury (PSDB), o responsabilizando pela truculência dos fatos. Durante o ato, pudemos perceber que a população da cidade estava simpática ao movimento contra a desocupação.
Nesta segunda, os movimentos e sindicatos estão organizando um grande operativo de panfletagens pela manhã, pela cidade, e a realização de um ato no centro da cidade, às 9h, contra a desocupação do Pinheirinho e contra a truculência da prefeitura e do governo do estado. Estaremos juntos nesta luta! Somos todos Pinheirinho!
* Giulia Tadini é estudante de Ciências Sociais na USP e militante do Juntos!