Primeiro dia da Acampada de Verão do Juntos! SP: a juventude reunida discute as causas da crise
Cerca de 200 jovens reunidos em um sítio em Cotia (SP). A juventude que está nas universidades, nas escolas, em luta nos bairros, querendo mudar a sua realidade. “Sai, sai da frente, queremos um futuro diferente”. É nesse clima que…
Cerca de 200 jovens reunidos em um sítio em Cotia (SP). A juventude que está nas universidades, nas escolas, em luta nos bairros, querendo mudar a sua realidade. “Sai, sai da frente, queremos um futuro diferente”. É nesse clima que pessoas de São Paulo, Campinas, São Carlos, Pirassununga, Casa Branca, Franca, Sorocaba, Valinhos, Guarulhos, além de Londrina (PR), Rio de Janeiro (RJ), Uberlândia, Alfenas e Belo Horizonte (MG) começaram a sexta-feira, primeiro dia da Acampada de Verão do Juntos! SP.
Para começar, uma apresentação de todos, além de uma abertura falando sobre as diferentes lutas que o Juntos! tem se engajado nas diferentes cidades, e nas diferentes frentes (universidades, Rede Emancipa de Cursinhos Populares, bairros, escolas). E já nesse momento era nítida a importância de todos os reunidos de continuar em luta, continuar indignados.
Mas o que afinal é essa crise de que tanto falamos?
Apesar dela estar presente em todas as discussões políticas atuais, e de sabermos que trabalhadores e jovens no mundo inteiro sentem em suas vidas o resultado dela, será que sabemos mesmo o que essa crise, que se iniciou econômica, e que hoje é política e social também?
Para explicar o tema, o cientista social e mestrando em Sociologia, o militante do Juntos Thiago Aguiar apresentou o painel “Catástrofes ambientais, globalização, desemprego, indignação: o capitalismo em crise e em xeque”, falando sobre os conceitos que são a base do marxismo. Usando esses conceitos, ele falou sobre a crise econômica e a forma como os direitos da população em diversos países têm sido retirados para salvar os mesmos capitalistas que a causaram.
Durante a tarde, após uma pausa recreativa e o almoço, assistimos ao filme do Michael Moore, Capitalismo, uma história de amor, que demonstra com exemplos do dia a dia das pessoas o que são os acordos entre Estado e os grandes capitalistas, que afeta diretamente a população.
Logo depois, os participantes se dividiram em 15 grupos de discussão, que puderam debater mais a fundo os temas abordados nos dois primeiros espaços.
Gênero: um conceito que se constrói
Após o jantar, foi a hora da oficina de identidade de gênero. De forma descontraída, os participantes dividiram objetos e palavras entre “coisas de homem” e “coisas de mulher”. Mas será que isso existe mesmo?
Pouco a pouco, com perguntas que dividiram as pessoas entre “atitudes tipicamente de homem” (como traição) e “tipicamente de mulher” (chorar com facilidade), todos puderam perceber que essa divisão que fazemos não condiz necessariamente a realidade. E entender a diferença entre o sexo biológico (macho e fêmea), identidade de gênero (masculina e feminina), orientação sexual (sentir atração por homens ou por mulheres) e preferência sexual (ativo ou passivo). Tudo isso ficou ainda mais claro no debate final, em que as pessoas puderam falar sobre a importância da luta LGBT e da luta das mulheres, e o machismo como centro desse debate.
Samba de luta para descontrair
Como nem só de debate vive a Acampada de Verão, a noite uma roda de samba alegrou e descontraiu os militantes, que tiveram tempo para socialização e bate-papo. Mesmo sendo um espço mais leve, não era incomum chegar em uma conversa e ver que o debate do dia continuava sendo o assunto principal.
Hoje, as atividades continuam. Pedro Fuentes, militante internacionalista há mais de 60 anos que esteve presente em diferentes lutas ao redor do mundo, fala sobre as revoluções. Depois, mais grupos de discussão, uma plenária dos grupos e, no fim do dia, sarau!