UNB: o golpe dos fura greve e a reação do movimento
A tarefa do movimento nacional, hoje, então, é continuar em luta, mostrando a todos que a greve vem obtendo vitórias locais e nacionais, unificando categorias que possuem em comum a vontade de lutar pelo direito a educação pública de qualidade para todos.
A UNB representa hoje para todo o Brasil um pouco de tudo aquilo que se passa no movimento grevista. Ataques, mentiras, falsas notícias são hoje algumas das armas utilizadas por alguns grupos para fazerem com que a greve se enfraqueça, mas o movimento mostra que está forte e reage com muita clareza e força a todos esses ataques.
Na semana passada, haviam sido marcadas duas reuniões, por parte do sindicato dos professores, uma para a sexta feira passada (17), que discutiria unicamente a respeito do calendário de eleições para reitoria, e uma outra para terça feira (21), que teria como ponto único a discussão sobre a greve na UNB. Na primeira reunião (sexta), muitos professores não foram, pensando que seria uma assembleia onde não se discutiria algo de tanta importância, pensando em adiantar seus trabalhos para comparecerem na assembleia de terça – com tema muito mais importante -, mas na primeira assembleia, um grupo de professores tensinou para que se discutisse também a greve, argumentou-se que a assembleia não poderia fazer isso, pois não havia mobilizado para a discussão de um ponto tão relevante, e que o tema seria debatido em um próximo momento, mas após muita tensão, a mesa foi obrigada a aceitar a proposta de pauta, tendo a mesma vencido por uma diferença de apenas quinze votos.
Porém, nesta segunda feira, um conjunto de professores marcou uma reunião ampliada para discutir o que havia acontecido e o que faria, tendo o espaço obtido a participação de cerca de 300 pessoas, entre professores e estudantes – compareceram mais pessoas nessa reunião do que na assembleia que deliberou a saída da UNB da greve -. Nessa reunião, os professores manifestaram a total surpresa a respeito do Golpe que havia sido dado em toda a categoria, manifestando também completo desacordo com a proposta que havia vencido naquela assembleia. Os docentes decidiram que fariam um abaixo assinado para que conseguissem alcançar o número necessário para realizarem uma auto convocação para assembleia, de forma a poderem discutir democraticamente a greve, e portanto, a volta da UNB ao Movimento Nacional Grevista. O número necessário para que a auto convocação fosse feita era de 250 assinaturas. Passadas apenas duas horas após o término da assembleia, já tínhamos a notícia de que o número de assinaturas já chegava a cerca de 300 nomes, sendo um desses nomes, o do próprio Reitor da Universidade, professor José Geraldo, que manifestou a todos que foi completamente pego de surpresa, com a decisão que havia sido tomada em assembleia (referindo-se à saída da greve), tamanho foi o golpe que a categoria havia sofrido.
Ao final da tarde, os professores se encontraram novamente para recolher o número total de assinaturas, e constataram que em cinco horas de abaixo assinado, conseguiram arrecadar 374 assinaturas, no abaixo assinado, o que mostra que um grande grupo de professores se mantém insatisfeito pela forma como se encaminhou uma decisão tão importante. O abaixo assinado foi entregue no sindicato, e todos aguardamos que o sindicato cumpra, então, sua função estatutária de convocar Assembleia com o tema que a auto convocatória fala: greve.
Viemos aqui, então, trazer uma reflexão importante ao conjunto de pessoas que vivem na realidade das Universidades. Desde o começo o movimento vem se pautando pela ampla discussão e pela democracia, pois todas as assembleias que decidiram pela entrada na greve tiveram números expressivos de pessoas participando, mostrando que realmente a maior parte da Universidade estava se manifestando ali, pela greve, a sua indignação pela forma como o governo vinha tratando professores, técnicos e estudantes, e a própria educação em geral. Nessas assembleias, sempre foi aberto espaço de fala para todos defenderem seus pontos de vista. Portanto, não podemos aceitar que seja de forma diferente, não podemos, jamais, aceitar que um grupo articule um golpe, e que de forma anti democrática, o movimento seja agredido.
Nesta terça, professores se indignaram ao ver que o sindicato ainda não havia convocado a assembleia, atrasando a deliberação da categoria. Entendendo que essa seria uma forma de frear o movimento, os mesmos se encaminharam à sede do sindicato, e ocuparam o espaço para pressionar a diretoria a convocar a assembleia conforme determina o Estatuto da entidade. O prazo para que o sindicato convoque assembleia termina amanhã, estamos todos esperando que a Universidade de Brasília se recupere desse golpe, voltando assim a ocupar o lugar que deve no movimento nacional, cobrando tudo que falta para que obtenhamos uma educação de qualidade.
A tarefa do movimento nacional, hoje, então, é continuar em luta, mostrando a todos que a greve vem obtendo vitórias locais e nacionais, unificando categorias que possuem em comum a vontade de lutar pelo direito a educação pública de qualidade para todos. Devemos manter a UNB como nosso maior exemplo, pois a mesma não se absteve da luta, mesmo após ter sofrido um golpe dos mais baixos, e já vem se mobilizando e respondendo à altura, e da forma pela qual sempre nos pautamos, pela democracia e transparência. Se a greve continua, é por conta de um governo que não valoriza a educação e segue com sua trajetória intransigente.