O PSOL como alternativa
“Não recebo um real, tô na rua por ideal”. Acho que nenhuma frase resume melhor as campanhas do PSOL do que essa. Essa militância voluntária, filiada ao partido ou não, acredita em uma política participativa e luta contra a lógica de que quem arrecada mais sempre ganha a eleição.
*Por Daniel Faria
“Não recebo um real, tô na rua por ideal”. Acho que nenhuma frase resume melhor as campanhas do PSOL do que essa. Essa militância voluntária, filiada ao partido ou não, acredita em uma política participativa e luta contra a lógica de que quem arrecada mais sempre ganha a eleição. O PSOL proíbe a doação de empreiteiras, bancos e multinacionais, mas no Rio, em compensação, a campanha de Marcelo Freixo bateu o recorde nacional de arrecadação pela internet.
Muito se criticou um “messianismo” envolvendo a figura de Marcelo Freixo. Concordo que muitos dos que votaram nele o fizeram por certo “modismo”, mas o meu voto e o de muitos outros foi além: foi um voto em um projeto que não é só dele, é dos movimentos sociais como um todo.
E, como próprio Freixo disse, esse projeto pode ter sofrido uma derrota eleitoral, mas não uma derrota política. Com uma diferença brutal em termos de tempo de TV e de orçamento, chegar em segundo lugar, com 30% dos votos foi um feito impressionante. O PSOL tinha recebido 60 mil votos em 2008, quando Chico Alencar se candidatou. Dessa vez, foram mais de 900 mil.
O partido também elegeu quatro vereadores, dobrando sua bancada, que se tornou a segunda maior da Câmara. Todos esses números indicam que uma parte da população já abraçou o projeto político do PSOL, e a tendência é só crescer.
Mas à medida que um partido cresce e se torna uma alternativa viável, surgem novos desafios. O PSOL esse ano chegou ao segundo turno em duas capitais, Belém e Macapá, e com isso ganhou força o debate sobre alianças com outros partidos. A ideia recorrente é que sem alianças não se governa, e pra mim o PSOL precisa quebrar essa lógica.
Não acho que o partido não deva fazer aliança nenhuma. Entendo que um partido precisa fazer concessões para governar, afinal a política envolve o diálogo. Mas uma coisa são concessões pontuais, outra é aderir completamente ao pragmatismo e achar que, se eu preciso de alianças para governar, eu posso e devo fazer aliança com qualquer um.
Um dos grandes desafios do PSOL é convencer os setores da esquerda que aderiam a esse pragmatismo governista que outra forma de fazer política é possível. O lema da campanha de Marcelo Freixo, “Nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar”, se encaixa perfeitamente aqui.
Que o primeiro prefeito eleito pelo PSOL, Gelsimar Gonzaga, de Itaocara, consiga transformar essas palavras em ações, e faça um governo que sirva como exemplo para todo o país.
*Daniel Faria é estudante de jornalismo na UFRJ e colaborador do Juntos-RJ
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