NOTA DE APOIO ÀS TURMAS ESPECIAIS PARA ASSENTADOS DA REFORMA AGRÁRIA.
Sobre as turmas especias para assentados da reforma agrária nas universidades brasileiras.
Os militantes do coletivo Juntos!, regional Pelotas-RS, servem-se desta para manifestar apoio às Turmas Especiais para Assentados da Reforma Agrária em todas as instituições federais de ensino e em específico na UFPel. Entendemos que a educação pública é um direito de tod@s, mas infelizmente, em nosso país, essa tem sido um privilégio de poucos e portanto se faz necessária toda política pública que vise democratizar o acesso ao ensino superior, que é o caso do Pronera.
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) tem ampliado a escolarização formal dos trabalhadores rurais brasileiros, particularmente os jovens, ainda que as condições estruturais das instituições de ensino não sejam as desejadas, o avanço educacional é inegável.
Através de programas como este, a universidade se oxigena, se transforma e reconstrói sua função social, possibilitando a inclusão, a diversidade, o diálogo entre os movimentos sociais e a instituição.
Somos favoráveis a um modelo de educação superior que dê conta das demandas da população, levantamos nossas bandeiras cotidianamente em busca de um ensino não tecnicista, mais emancipador e menos comercial. Logo, abrir as portas da universidade para que os movimentos sociais proponham modelos diferenciados de ensino, pesquisa e extensão nos parece um ótimo caminho.
No que tange o que ocorre na Universidade Federal de Pelotas a respeito da implementação da nova turma do Pronera no curso de Medicina Veterinária, é necessário fazer algumas considerações que nos parecem importantes:
1- O sucateamento da educação pública não é proveniente da existência dessas turmas. Vivemos um verdadeiro descaso com a educação, em todos os níveis, fruto da falta de investimento e de prioridades invertidas, aplicadas nos diversos governos. O investimento em educação é risório, as condições de trabalho são cada vez mais precárias e a estrutura das instituições de ensino é insuficiente. Contudo, não são os estudantes os responsáveis por essa situação e nem devem ser por ela punidos. É necessário reivindicar e lutar por uma universidade melhor, por uma sociedade radicalmente diferente. Mas não é excluindo lutadores e lutadoras da possibilidade de formação que iremos alcançar esse projeto.
2- O objetivo das turmas especiais é “fortalecer a educação nas áreas de reforma agrária estimulando, propondo, criando, desenvolvendo e coordenando projetos educacionais, utilizando metodologias voltadas para a especificidade do campo, tendo em vista contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável” (in: http://www.incra.gov.br/index.php/reforma-agraria-2/projetos-e-programas-do-incra/educacao-no-campopronera). Logo, essas turmas são desenvolvidas a partir de uma práxis diferenciada, voltada para a atuação em assentamentos da reforma agrária, que muitas vezes carecem de serviços básicos, como escola, hospital, assessoramento agrícola e etc. Carecem porque estão marginalizados, carecem porque muitos profissionais não querem trabalhar em um assentamento, não querem dedicar seu trabalho para este espaço.
3- O método de ingresso é diferenciado, logo, as vagas destinadas para as turmas do Pronera não afetam as vagas dos processos seletivos universais. Não há redução de vagas, nem facilitações para estes estudantes. Pelo contrário, os processos seletivos para essas turmas são mais complexos que os tradicionais, exigindo conhecimentos específicos.
Por fim, o Juntos! enquanto coletivo do movimento estudantil compreende e se solidariza com as angústias e incertezas dos colegas graduandos do curso Medicina Veterinária, nos colocamos lado a lado com vocês para lutar por melhorias na estrutura do curso. A precariedade do ensino público é uma realidade latente em todas as universidades brasileiras e precisamos fortalecer nossas reinvindicações para alterar este lamentável quadro. Contudo, as turmas especiais para assentados da reforma agrária são experiências positivas tanto para a universidade, quanto para o movimento social. A inserção de uma nova turma amplia nossas possibilidades de diálogo, aprendizado e fortalecimento da educação.
Lutamos Juntos por uma educação inclusiva, emancipadora, popular e de qualidade. A Juventude em Luta, por outro futuro, acredita em outro projeto de educação e apoia a ampliação da oferta educacional para a população camponesa.