Ocupação da reitoria da USP: a luta pela educação vai tomar o estado!
É necessário dar continuidade às Jornadas de Junho através do tema que tem envolvido milhares de jovens: a educação. A ocupação e a greve da USP não são meramente mobilizações estudantis. Se inserem em um amplo cenário de luta nacional pela educação e combate contra o governador.
* Gustavo Rego
O espírito de indignação que levou a juventude às ruas nas Jornadas de Junho segue dando seus sinais de vida. Em outubro sua expressão mais intensa tem sido as lutas pela educação. Enquanto no Rio de Janeiro mais de 100 mil pessoas vão às ruas em defesa da greve dos professores, os estudantes da USP ocupam a reitoria e declaram greve desde a última terça-feira, 1/10. A mobilização foi iniciada após a recusa por parte da reitoria em adotar eleições diretas para reitor ou ao menos realizar uma reunião do Conselho Universitário aberta a participação de toda a comunidade universitária. A greve já conta com a participação de mais de 30 cursos, mas a reivindicação por democracia não é novidade. Historicamente reivindica-se a democratização da universidade, o que se intensificou nos últimos quatro anos, depois que o autoritário e truculento João Grandino Rodas assumiu a reitoria. O atual modelo de escolha do reitor, em que apenas o governador e uma pequena parcela de burocratas da universidade podem dar sua opinião, facilita a criação de conchavos e a apropriação exclusiva desse espaço pelas elites. A democracia e o debate é fundamental para a criação de uma universidade verdadeiramente pública e livre.
Mas a luta que travam os estudantes da USP hoje não tem como único alvo o reitor Rodas. Ela envolve fundamentalmente o governador Geraldo Alckmin. Este tem sido rechaçado nas ruas nos últimos meses em função de seu envolvimento no escândalo de corrupção dos metrôs paulistas. No entanto, se as eleições de reitor se mantiverem no formato atual, caberá a ele decidir quem estará a frente da USP em uma lista de três nomes. Que condição política (e moral) possui o governador – que deveria ter sido ele mesmo cassado – para simplesmente arbitrar sobre quem será nosso reitor? Além disso, a assim chamada “lista tríplice” envolve todas as estaduais paulistas, de modo que se torna um tema estadual. Aliás, uma vez que o tema em debate é a educação, devemos nos somar à contínua luta que os professores da rede pública estadual fazem contra o completo descaso com a educação em São Paulo e a precarização de seu trabalho (em especial da categoria “o”).
É necessário dar continuidade às Jornadas de Junho através do tema que tem envolvido milhares de jovens: a educação. Por isso, a ocupação e a greve da USP não são meramente mobilizações estudantis. Elas se inserem em um amplo cenário de luta nacional pela educação e combate contra o governador Geraldo Alckmin.
Por essa razão, no dia 9/10, quarta-feira, às 16h, no vão do MASP, os estudantes da USP convidam todos a participar de um grande ato pela educação no estado que deve caminhar até a ALESP para pressionar o governo! (evento no Facebook)
* Gustavo Rego é estudante de Ciências Sociais, diretor do DCE Livre da USP e militante do Juntos!