Começou 2014 nas ruas de Porto Alegre
O calor de 36 graus não foram suficiente para impedir que mais de 2 mil pessoas saíssem às ruas de Porto Alegre para o primeiro ato de 2014.
*Guly Marchant
O calor de 36 graus não foi suficiente para impedir que mais de 2 mil pessoas saíssem às ruas de Porto Alegre para o primeiro ato do Bloco de Lutas em 2014. Com as bandeiras do passe-livre e negando a Copa do Mundo o protesto iniciou na frente da prefeitura e percorreu o centro da capital gaúcha ao som de palavras de ordem como “Somos o povo e o passe-livre os ricos vão pagar”, “Copa do Mundo eu abro mão, queremos moradia, transporte e educação” e “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar”. O ato terminou no Largo Zumbi dos Palmares no bairro Cidade Baixa onde os manifestantes foram dispersando aos poucos e sob o cerco da tropa de choque.
O cenário do transporte imita a realidade vivida há uma ano atrás: ônibus lotados, rodoviários em mobilização e empresários querendo um novo aumento. O que faz 2014 ser diferente é o salto na acumulação de forças realizado durante as jornadas de junho. Após dois dias de panfletagens em paradas de ônibus, o primeiro ato do ano teve dez vezes mais pessoas nas ruas e a conscientização sobre a importância do diálogo com a população avançou a tal ponto que poucos casos de depredações foram registrados. A participação dos estudantes segue sendo massiva, cerca de 200 estudantes e alguns diretórios acadêmicos da UFRGS e da PUCRS realizaram concentração no campus central da universidade federal e se deslocaram para a frente da prefeitura onde encontraram mais colegas e os movimentos sociais que compõem o Bloco. A polícia cumpriu novamente seu papel e colocou agentes infiltrados no protesto, que eram retirados da marcha assim que identificados, e tentou intimidar os manifestantes com tropa de choque, cavalaria e helicóptero. Sem registro de confronto, nove menores de idade foram apreendidos e liberados na mesma noite.
Ainda na noite do dia 23, os rodoviários votaram em assembleia geral greve a partir de segunda-feira, 27. Durante a manhã da sexta-feira foi realizada a operação tartaruga, onde os ônibus trafegam a 30 km/h, o que causou congestionamento em alguns pontos da cidade. A cada novo dia as ruas da cidade tomam novamente clima de luta. Na próxima semana a greve dos rodoviários e a visita da presidente Dilma para a inauguração do Beira-Rio colocaram o debate sobre transporte e Copa do Mundo na vida dos porto-alegrenses, o Juntos estará nas ruas, fazendo delas a melhor arquibancada do Brasil!
*Guly Marchant é estudante de jornalismo da UFRGS e militante do Juntos!