Blatter nos chamou de vagabundos, o agito vai vir na rua!
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Blatter nos chamou de vagabundos, o agito vai vir na rua!

Nesta semana Joseph Blatter disse que o atraso da Copa é culpa da inatividade dos brasileiros. Nos chamou de vagabundos. Mas o rei da FIFA vai ficar cansado de tanto protesto daqui até a Copa.

Felipe Ultramari Moreira 6 abr 2014, 23:32

*Felipe U. Moreira

Joseph Blatter entende muito pouco, possivelmente nada, sobre futebol, mas luta bravamente para ser o campeão mundial de bravata, disputa palmo a palmo com seus associados brasileiros no empreendimento da Copa do Mundo, Dilma comandando o time.

Nessa semana, saiu-se com essa: “no que diz respeito ao Brasil, temos atrasos neste momento, mas esses atrasos são causados pela inatividade dos brasileiros”. Nove operários morreram na construção dos estádios, mas o dirigente acha que estamos fazendo pouco. Nas obras da Copa de 2022 no Catar já morreram 1200 operários, de certo ele imagina que é um recorde a ser almejado

O desrespeito de Blatter de modo algum motivou qualquer crítica direta do governo ou represália ao dirigente, mostrando que há não escaramuças que sejam mais importantes do que as cifras em jogo. Brigam e fazem certo teatro, mas negócios a parte.

Contudo, desde junho, os brasileiros têm sido particularmente ativos em questionar o pacote de maldades da Copa, que envolve remoções forçadas, violência policial, desvio de verbas, militarização da segurança pública e negociatas obscuras, 50,7% não queria que o Brasil tivesse pleiteado ser sede e 75,8% acham que os gastos foram desnecessários. O campeonato virou um saco pesado, que agora Blatter tenta tirar das costas. O governo brasileiro não faz por menos, finge que não é que ele e aposta num nacionalismo de ocasião, certamente renovado nas “festividades” do quinquagésimo aniversário do golpe.

Gosto de futebol, a questão é bem outra, a turma envolvida na organização da Copa gosta é de negócios, os muito lucrativos de preferência, e a Copa que eles fizeram é só isso. Quem gosta de futebol sabe que vai ter que deixar a pele nas catracas pra pagar o ingresso. Vamos assistir das ruas, onde o grito de comemoração se confunde com o de protesto por outro futebol e outra sociedade, na qual o povo não fique do lado de fora ou no banco de reservas.

*Felipe U. Moreira é sociólogo e militante do Juntos/RN


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