Nossos Junhos
O Junho brasileiro é reflexo de outros junhos na história! Podemos aprender uma coisa com eles: A vitória é nas ruas e não apenas nas urnas!
Esta semana comemoramos um dos maiores levantes brasileiros, que se deu em junho de 2013, mas existem outros junhos que também são nossos! Junho de 1976 contra o apharteid, junho de 2010 contra a copa na África do Sul, junho de 2013 pelo transporte e junho de 2014 pelo hexa dos direitos: o que eles tem a ver?
Em 1976, época que vigorava oficialmente o apharteid na África do Sul, os negros tinham acesso à escolas precarizadas, superlotadas e professores sem qualificação. Enquanto que para os brancos colonizadores, a escola era gratuita e de qualidade. Em dado momento, o governo passou a impor o ensino da língua africâner (com influência do Holandês) ao lado da língua inglesa e passando por cima da cultura e língua local. Os professores não conseguiam ensinar na língua oficial, precarizando mais ainda a educação.
Isso foi o estopim para que ocorresse o Levante de Soweto, juntando milhares de pessoas contra esse modelo de educação segregacionista. No protesto pacífico de 16 de junho de 1976, Hector Pieterson (assim como Edson Luís, no Brasil, morto pela polícia na ditadura) foi um dos centenas de mortos, se tornou símbolo da luta. As fotos da repressão correram o mundo, marcando o declínio da política de apharteid.
Em junho de 2010, a copa do mundo chegou na África do Sul, 34 anos anos depois do levante de Soweto! Nos anos antes, os de preparação para a Copa do Mundo, a FIFA fez o que quis com a ajuda do governo, removeu favelas, “limpou” os moradores de rua, militarizou as ruas das cidades sede, tudo isso aprofundou ainda mais a desigualdade da África do Sul. Enquanto isso, os sul africanos protestavam contra os gastos com a copa e a mídia internacional pouco divulgou os fatos
Um estádio foi feito perto do bairro de Soweto, com o discurso de aproximar a copa dos pobres (o futebol é o esporte dos pobres na África do Sul e o Rúgbi da elite branca), mas foi apenas uma aproximação geográfica, pois o alto preço dos ingressos excluíram a população local, que não foi ver a África do Sul jogar, no mesmo dia do assassinato de Hector.
Já em junho de 2013, a população brasileira se levantou contra o preço da tarifa de ônibus, que exclui a população pobre do acesso à cidade e consequentemente dos serviços públicos. A resposta do governo foi repressão (resultou 8 mortos), com a PM, com a Força Nacional oferecia pelo ministro Cardozo (PT). Novos questionamentos se abriram por 20 centavos, o de financiamento de campanhas por empresários (do Busão por exemplo) que ganham o retorno depois das eleições, da desmilitarização da PM, sobre a reforma urbana com o MTST.
Atualmente, em junho de 2014, temos o maior evento do mundo no Brasil, nossa vitrine expõe belos estádios, que escondem nossa desigualdade social, greves, sem-tetos, ausência de direito de manifestação, escolas sucateadas e filas mortíferas no SUS. Nossas manifestações colocam nossas contradições à frente dos belos estádios inúteis, e mais uma vez, o governo nos responde com repressão, nos impedindo de nos manifestar, prendendo arbitrariamente e até mesmo torturando militantes dentro de secretarias de “segurança”.
De junho à junho, temos uma lição a entender! As vitórias ocorrem nas ruas e não nas urnas.
*Lucas é militante do juntos!