O momento histórico da USP: as nossas lutas por democracia e contra as opressões seguem firmes!
A abertura da CPI para apurar os casos de violações de direitos humanos é uma vitória do atual movimento estudantil, mas também de todos os lutadores que, geração após geração, lutaram contra os militares, contra as sombras da ditadura, por uma educação libertadora e por uma universidade democrática.
*Gabriela Ferro
A CPI sobre violações de direitos humanos nas universidades paulistas, aberta após muita mobilização estudantil, acontece ao mesmo tempo da divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade. É um momento histórico para o Brasil!
A USP, não podemos jamais esquecer, foi conivente com a Ditadura Militar, perseguindo estudantes e trabalhadores, cometendo e acobertando crimes. Desde então, esconde sob sua estrutura arcaica de poder escombros da ditadura e, na contramão da sede do povo por seus direitos democráticos, é a universidade mais conservadora do Brasil.
Em 2013, por exemplo, o ex-reitor João Grandino Rodas, defensor da “Revolução de 1964”, deu um golpe na comunidade universitária impedindo a instauração da Comissão da Verdade da USP. Uma cortina de fumaça foi jogada por cima da história a desmandos do governador Geraldo Alckmin para manter a falsa imagem da USP que nunca existiu.
Por tudo isso, é também histórico o momento vivido pelo movimento social universitário neste 2014. A abertura da CPI para apurar os casos de violações de direitos humanos é uma vitória do atual movimento estudantil, mas também de todos os lutadores que, geração após geração, lutaram contra os militares, contra as sombras da ditadura, por uma educação libertadora e por uma universidade democrática em sua estrutura de poder e em seu acesso e livre de todo tipo de opressão.
A CPI recebe diariamente inúmeras denúncias: casos de estupro, abuso sexual, racismo institucional, agressões a LBGTs, assédio moral, abuso de poder… Não se tratam de casos isolados, como insiste o atual reitor, Marco Antônio Zago, mas do cotidiano – que o inclui diretamente quando se sente no direito de fazer e falar o que bem entende sentado em seu trono e respaldado por seus súditos no Conselho Universitário. Não é também um problema novo, mas, pela primeira vez temos a chance de denunciar cada um dos violentadores e de desmascarar a burocracia universitária que está envolvida até o pescoço.
Cinquenta anos depois do golpe militar, a USP se envolve institucionalmente em casos gravíssimos de violação de direitos humanos por conta de sua estrutura absolutamente antidemocrática. Os espaços de tomada de decisões já são incapazes de manter sua maquiagem imparcial, pois são circos armados sobre contradições que se agravam com cada vez mais intensidade: como podem, por exemplo, ser contra um processo estatuinte, se o regimento disciplinar da USP é até hoje o redigido pela ditadura militar? Como podem se autodeclarar o baluarte da defesa dos direitos humanos se os violam e acobertam os culpados?
Essas são mais algumas das provas de que os estudantes estavam certos quando, em 2013, exigimos mais democracia! É indiscutível que precisamos de uma estrutura de poder arejada, com a participação de toda a comunidade universitária. Precisamos também ampliar o acesso, com as cotas raciais e sociais, pois o direito à educação pública é de todos e os ventos da luta da juventude vão soprar forte nesse sentido! Chega de privilégios a essa casta de burocratas sanguessugas! Uma coisa é certa: será difícil para a USP se manter no salto alto, enquanto se afunda na lama.
Da nossa parte, continuaremos na luta e jamais nos calaremos!
Viva a luta do movimento estudantil!
*Gabriela Ferro é militante do Juntos! e estudante da USP