Brasil “Pátria Educadora” – só que não. #cademinhabolsa
Janeiro começou “apertado” para milhares de bolsistas de pós-graduação no Brasil. Já nos primeiros dias de 2015, com a proximidade dos prazos das contas pessoais e dos gastos de pesquisa, minha preocupação era: será que foi só comigo? Será que minha bolsa foi suspensa e eu não fui avisado?
*Por Renan Theodoro e Fabiana Nascimento
Janeiro começou “apertado” para milhares de bolsistas de pós-graduação no Brasil. Já nos primeiros dias de 2015, com a proximidade dos prazos das contas pessoais e dos gastos de pesquisa, minha preocupação era: será que foi só comigo? Será que minha bolsa foi suspensa e eu não fui avisado?
Única fonte de renda para grande parte de jovens pesquisadoras e pesquisadores no Brasil (nos é proibido por “contrato” desenvolver outras atividades remuneradas), o atraso no pagamento das bolsas da CAPES-MEC deste ano afetou milhares de pessoas. Um evento no facebook chegou a reunir 17 mil internautas. E todo mundo na mesma situação: insegurança, desinformação, risco de inadimplência. Imagina para quem está fora do país, sem o amparo de amigos ou familiares? E pior, fomos descobrindo aos poucos que há quem não receba desde novembro!
Longe de ser uma benesse, a bolsa é um direito (restrito) que cobre necessidades básicas, como habitação (muitos vão estudar longe de suas cidades) e alimentação. Mas há também os gastos com o desenvolvimento de pesquisa. Inclua-se nesse último item deslocamentos de transporte público e o quadro se agrava com o aumento das tarifas. Com cotas semanais de passe escolar reduzidas, são inúmeros trajetos que pagamos o valor integral da passagem.
Após diversas notícias do ocorrido, reportagem do Jornal Nacional no dia 08/01 e twitaço dos bolsistas no dia seguinte, o Ministério da Educação (MEC) divulgou uma nota informando que o pagamento havia sido encaminhado.
Hoje (13/01), o dinheiro está disponível na conta dos bolsistas para pagar as contas com juros e os empréstimos realizados. As razões do atraso não foram esclarecidas. O Ministério da Educação alega erros técnicos, problemas de ordem burocrática, de “fluxo orçamentário”, uma vez que este repasse envolve o MEC e o Ministério da Fazenda. Por outro lado, um editorial do jornal Estado de São Paulo da última semana denunciava que o orçamento destinado à CAPES está comprometido porque fora obrigada a cobrir gastos do programa “Ciência Sem Fronteiras”.
Quaisquer sejam as explicações, a dita “Pátria Educadora” começou o ano estorvando os seus.
*Renan e Fabiana são estudantes de pós graduação, militantes do Juntos e Rede Emancipa de São Paulo-SP