15 de março: A “ausência” da juventude foi uma marca, a presença da Globo e da PM foi outra
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15 de março: A “ausência” da juventude foi uma marca, a presença da Globo e da PM foi outra

Alguns jovens foram aos protestos do 15 de março, mas enquanto um setor minoritário. A juventude não foi a cara ou parte essencial da narrativa de hoje.

Felipe Ultramari Moreira 15 mar 2015, 22:52

Felipe Moreira

Os protestos massivos que tomaram as ruas do país hoje fazem parte da conjuntura política que teve seus traços essenciais definidos na rebelião que tomou as cidades brasileiras em junho de 2013. O que não supõe dizer que se igualem. Há diferenças fundamentais e nessas diferenças estão em jogo os desdobramentos da polarização política que observamos.

Alguns jovens foram aos protestos do 15 de março, mas enquanto um setor minoritário. A juventude não foi a cara ou parte essencial da narrativa de hoje. Também não esteve presente de forma significativa nos atos do dia 13. Motivos não faltam. As universidades federais estão em pleno sucateamento, na esteira do ajuste de Dilma e Levy. O FIES teve suas verbas cortadas e/ou restringidas. As filas da juventude trabalhadora tentando garantir suas vagas no programa foram umas das imagens marcantes dessa semana. O desencanto de Junho com a casta que governa o país segue animando a juventude, orientada pela construção de uma nova esquerda, processo no qual o Juntos é protagonista e do qual Luciana Genro é a expressão mais acabada.

A “ausência” da juventude foi uma marca, a presença da Globo e da PM foi outra. Os repórteres da Globo conseguiram cobrir in loco as manifestações e a PM chegou a confraternizar com o povo, posando para fotos. Cenas impensáveis em Junho. Globo e PM foram sócios em junho, parte fundamental da iniciativa de combater os protestos. Subestimaram os presentes nos atos, nos tacharam de baderneiros, ridicularizaram a pauta contra o aumento da tarifa e nos combateram rua a rua nas principais cidades do país. Dessa tentativa e de sua experiência nasceu um rechaço, que obrigou a Globo a mudar sua cobertura, com Jabor chegando a se retratar, e a PM a ficar ausente dos maiores protestos.

Junho abriu uma nova conjuntura no país. O centro da ação política passou às ruas. O governismo e a oposição de direita tomaram iniciativas, as quais foram acompanhadas também por quem não é governista ou se orienta à direita no espectro ideológico. Mas pareceram não animar os jovens que foram às ruas em junho, que conhecem o papel que a Globo cumpre na manutenção do status quo e a mão pesada da Polícia Militar. Essa mesma juventude está sendo cozinhada na panela de pressão da austeridade. Vamos começar a destampá-la no dia 26, com protestos em diversas cidades e universidades.

Felipe Moreira é sociólogo e ativista do Juntos


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