Vitória na Unicamp! A luta por cotas na estaduais paulistas avança!
Hoje, mais uma vitória para o movimento negro e para toda população negra foi conquistada: a Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, aprovou a adoção de cotas étnico-raciais e para pessoas com deficiência nos processos seletivos para pós-graduação.
*Luana Alves
Hoje, mais uma vitória para o movimento negro e para toda população negra foi conquistada: a Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, aprovou a adoção de cotas étnico-raciais e para pessoas com deficiência nos processos seletivos para pós-graduação.
A luta pela justiça no acesso à universidade pública existe a décadas. Apenas em 2012, o Supremo Tribunal Federal decidiu (por unanimidade), que a adoção de cotas sociais e raciais no ingresso aos cursos de graduação das universidades federais era constitucional, e necessária. A injustiça histórica a que o povo negro foi submetido em terras brasileiras, construindo a base econômica do país no período escravagista, suportando o peso da desumanização e do racismo estrutural, da marginalização social e econômica, e sofrendo um genocídio engendrado pelas polícias, teve finalmente um mínimo reconhecimento oficial. De 2012 para cá, a grande maioria das universidades federais têm adotado o sistema de cotas, garantindo a efetivação de uma política de tornar mais justo o acesso ao ensino superior.
Porém, para a própria efetivação desse direito conquistado, precisamos de mais luta. Nas universidades públicas estaduais de São Paulo, por exemplo, até hoje a política de cotas nos cursos de graduação não foi implementada. O governo do estado tucano, e as reitorias de USP, UNESP E UNICAMP resistem a respeitar esse direito. Em 2013, após grande pressão, a UNESP finalmente aderiu, e segue sendo a única das três universidades estaduais paulistas a ter cotas raciais na graduação.
As cotas nos programa de pós-graduação do IFCH-UNICAMP recém conquistadas também foram fruto de muita mobilização. Em 2013, a partir de um seminário para debater ações afirmativas organizado pelo Departamento de História, estudantes que participaram desse seminário formaram a frente pró-cotas da Unicamp, que passaram a levar os trabalhos adiante. Na greve de 2014, foram realizados diversos fóruns, debates, em conjunto com professores e funcionários da universidade. Nesses espaços, discutiu-se e estudou-se as diversas formas de políticas de ação afirmativa existentes nos programas de pós-graduação por todo o país, e foi formulada uma proposta para a pós da IFCH, que inclusive contemplava indígenas e deficientes físicos. Na última Congregação de 2014 do Instituto, foi votado e a congregação acolheu uma proposta de comissão, agora institucional, para formular uma proposta de cotas raciais para o instituto. Essa comissão, composta pelos membros da frente pro-cotas da Unicamp formada em 2013, apresentou na primeira congregação de 2015 o documento da proposta. Então com muito peso do movimento estudantil, e de vários professores que militam nessa luta, foi votado que haverá a adoção de cotas já na próxima seleção, e que o documento apresentado pela frente pró cotas servira de base para operacionalizaçao dos programas!
A mobilização e força dos movimentos negros, estudantil, de professores e trabalhadores das universidades pode vencer o racismo das reitorias e do governo. As universidades paulistas vão se pintar de preto, a nossa luta só avança!
*Luana Alves é estudante de Psicologia da USP e milita pelo Juntas Negras e Negros.