O casal gay do metrô e o preconceito contra afeminados
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O casal gay do metrô e o preconceito contra afeminados

Dentro dessa sociedade que nos estigmatiza e nos exclui, temos que nos unir para sermos fortes, e isso só pode acontecer com o respeito à diversidade e à pluralidade dentro do movimento LGBT.

Felipe Simoni 22 abr 2015, 07:33

Felipe Simoni

Essa semana viralizou nas redes sociais uma foto de um casal de mãos dadas no metrô da Tailândia. Aí você pensa: Ué? Por que a foto de um casal de mãos dadas no metrô da Tailândia viralizou na internet?

Thorsten Middelhof é um engenheiro alemão, branco, barbudo, forte e másculo. Naparuj Kaendi é um diretor criativo de uma agência de modelos, tailandês, magro, de pele escura, cabelos pintados e afeminado. A imagem dos dois de mãos dadas no metrô da Tailândia deixou várias pessoas desconfortáveis, principalmente os homens homossexuais, fazendo com que fosse uma das mais comentadas da semana. Como assim um homem branco, másculo e discreto namora uma bicha thai e pintosa como essa?

Pode parecer estranho pensar que isso realmente aconteça, mas boa parte dos homens cis gays reproduzem uma opressão interiorizada, vinda de uma cultura machista em que as mulheres e a feminilidade são tratadas como inferiores: a heteronormatividade e o machismo são ainda problemas que devem ser enfrentados e desconstruídos fora e dentro do movimento LGBT.

Esse tipo de opressão interiorizada é recorrente. Ela está desde o “buscando caras discretos” no Tinder e no Grindr, passando pela ditadura da moda heteronormativa, até a submissão e a inferiorização da pintosa e do passivo na indústria pornográfica gay.
Discursos, como os dos comentários da foto do casal, de que o gay thai afeminado não consegue e não deveria se envolver com o másculo europeu, duvidando do afeto e do amor entre os dois, devem ser combatidos. Não podemos permitir que personagens, como Giorgio Armani, que sugeriu que os gays “não se vistam como um”, ditem que devemos nos vestir e nos comportar como a heteronorma e a sociedade machista nos moldam. Não podemos deixar que o aviltamento e a abjeção à figura das pintosas sejam uma realidade entre as LGBTs.

A comunidade LGBT deve questionar esse preconceito internalizado e se libertar dos padrões e comportamentos machistas, racistas e elitistas. Dentro dessa sociedade que nos estigmatiza e nos exclui, temos que nos unir para sermos fortes, e isso só pode acontecer com o respeito à diversidade e à pluralidade dentro do movimento LGBT. Ninguém vai nos privar de dar pinta e ser quem somos.

Felipe Simoni, estudante da UNIFESP e do Juntos LGBT


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