Nós x Eles: uma geração de indignados para mudar o Brasil
Uma onda de indignados para mudar o Brasil se coloca frente a frente com os inimigos da juventude. São os engravatados que cortam direitos contra a juventude mobilizada nas ruas.
*Paola Rodrigues e Julio Câmara
“Se quer guerra terá, se quer paz, quero em dobro” Racionais MC
Já ouvimos falar das gerações baby boomers, X, Y, Z, mas o verdadeiro corte geracional é aquele em que nasce a maré de jovens indignados. Inconformados com os rumos da política brasileira, que enaltece os políticos corruptos e contribui para a reprodução das velhas burocracias, jovens de todos os cantos do país viraram a página da história de lutas sociais no Brasil, após junho de 2013 e seguem cotidianamente dando lições de como é possível transformar a sua própria realidade.
A geração que protagonizou as Jornadas de Junho é a mesma que segue cumprindo papel fundamental nas lutas democráticas e na resistência contra o retrocesso. Somos as milhares de jovens que se mobilizam na Marcha das Vadias, nas lutas por direitos para a comunidade LGBT, pela regulamentação da maconha para que se encerre a fracassada guerra às drogas que está encarcerando e matando os jovens pobres das periferias do país. Somos aqueles que levantamos nossa bandeira contra a precarização do trabalho, a exemplo dos jovens que protestaram em mais de 40 países contra o desrespeito à legislação trabalhista por parte dos donos das empresas do MC Donald’s.
Por outro lado, preocupados com a organização e o potencial transformador da juventude, os corruptos a serviço dos bancos e das empreiteiras tratam de intensificar os ataques contra aqueles que ousam lutar.
O exemplo mais simbólico é a redução da maioridade penal defendida por Eduardo Cunha – o inimigo nº 1 da juventude -, que abre o jogo e mostra que os que hoje governam e legislam optam por tirar o jovem do banco da escola e para botá-lo no banco dos réus.Os jovens brasileiros não querem pagar o pato. O governo Dilma, junto a seus aliados conservadores do Congresso Nacional, tem uma clara opção política de implementar, em meio a crise econômica mundial, uma política que privilegia o capital financeiro em detrimento dos direitos sociais.
1. No início do ano, o governo restringiu o acesso a direitos trabalhistas, como o seguro-desemprego, prejudicando principalmente os jovens – “descartados” com mais facilidade pelos patrões.
2. Cortou o benefício de crédito estudantil de milhares que precisavam do FIES para fazer sua matrícula nas faculdades privadas. Passou a tesoura na área da educação, deixando diversas universidades públicas sem condições de dar continuidade a suas aulas – o que culminou em uma greve da educação federal, que já ultrapassa dois meses.
3. Não barrou o golpe, protagonizado por uma série de políticos articulados por Cunha, da aprovação da redução maioridade penal, na Câmara dos Deputados, após a derrubada da pauta pela juventude. Votou a favor do projeto de lei que institucionaliza a precarização do trabalho, através da ampliação da terceirização do trabalho.
4. Criou o Plano de Proteção ao Emprego (PPE), que mais parece um incentivo para o lucro do empresariado a custo da redução dos salários de jovens e trabalhadores, em geral.
5. E agora aumenta o corte orçamentário em mais de 8 bilhões de reais e afirma seguir comprometido com o ajuste necessário para o Brasil avançar.
Diante disso, a geração de indignados reafirma a necessidade de reescrever a história do seu presente e seguem mobilizados para construir um novo futuro. A política de dentro dos gabinetes está comprometida com o estado atual das coisas, que ao manter a desigualdade social no país garante o lucro para tantos outros. A voz da juventude nas ruas reivindica mudança e não aceita mais que a política brasileira pertença aos senhores engravatados!
Júlio Câmara é estudante de jornalismo e do Juntos RS e Paola Rodrigues é jornalista e do Juntos DF, ambos são do Grupo de Trabalho Nacional do Juntos.
* Texto originalmente publicado no Jornal J! (Edição de agosto, ano 5, número 18).