Sartori, pague os trabalhadores e dê calote nos banqueiros!
Sartori está cobrando a conta da crise dos trabalhadores gaúchos. É preciso inverter essa lógica, suspendendo o pagamento e auditando a dívida pública!
Júlio Câmara, estudante de jornalismo da UFRGS e do Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!
A notícia do parcelamento dos salários dos servidores públicos é um novo ítem do pacote de ajuste fiscal que está sendo aplicado pelo governador José Ivo Sartori (PMDB). Para economizar,o governador já cortou cerca de 20% dos investimentos em saúde, educação e segurança pública. Além disso, o governo não desmente as notícias sobre planos com aumento de impostos, privatizações e venda de ações de estatais.
No início de 2015, Sartori sancionou o aumento do seu próprio salário, do seu vice, seus secretários e dos deputados estaduais. Por outro lado, o salário dos servidores estaduais foram congelados até 2016 e agora o parcelamento surpresa pesa no bolso dos trabalhadores (38% dos professores, por exemplo).
Embora alguns digam que Sartori foi eleito por acidente e sem um programa, cada vez fica mais evidente que ele tem um programa bem definido que faz com que sua gestão esteja a serviço dos grandes capitalistas e gerencie o Rio Grande do Sul garantindo que suas perdas com a crise sejam as menores possíveis. Cada vez mais não resta dúvida: o programa de Sartori é o ajuste fiscal que cobra a conta da crise dos gaúchos.
A educação pública segue de mal a pior e a solução apresentada pelo governo foi o corte de 20% no orçamento. Assim, os professores seguem sem receber o piso e agora tem o salário parcelado e a estrutura das escolas continua de mal a pior. Para ilustrar o cenário, abaixo vão fotografias do Colégio Protásio Alves, escola tradicional que recebeu a visita do governador no primeiro dia de aula – quando não chovia.
Sartori alega que o estado está quebrado e se apega ao argumento da crise enquanto secretários e assessores graduados do Executivo engordam seus salários por meio da participação em conselhos de administração de empresas estatais. Dados divulgados pela ABAMF, que representa os servidores de nível médio da Brigada Militar, mostram o exemplo do secretário estadual da saúde, João Gabbardo, que recebe R$11.395,01 como secretário e R$ 8 mil como conselheiro do Banrisul.
Além de combater os privilégios dos políticos, antes de cortar investimentos onde mais dói no povo, Sartori deve cancelar o pagamento e iniciar a auditoria da dívida pública ao governo federal. Trata-se de uma dívida do Rio Grande com a União feita em 1998. Naquela época, era de quase R$11 bilhões, nós já pagamos R$23 bilhões e ainda devemos R$50 bilhões. Ou seja, é uma dívida ilegítima e injusta sustentada em juros sobre juros.
Atualmente 13% dos gastos do governo estadual vão direto para o ralo do capital financeiro. Os principais beneficiários da dívida interna são os bancos (nacionais e estrangeiros) e investidores estrangeiros, que junto com as seguradoras (que também pertencem principalmente aos grandes bancos) detêm 62% do estoque da dívida.
Se Sartori quer continuar falando que seu partido é o Rio Grande, deve inverter o calote que está dando nos trabalhadores. Não pague a dívida com o governo federal e assim não endivide milhares de servidores no cheque-especial. Priorize o aluguel, a alimentação, o transporte e os gastos dos trabalhadores e não o lucro dos que já acumulam fortunas especulando como urubus famintos em cima dos recursos públicos.
É para inverter essa lógica, já no dia 3 de agosto os trabalhadores da segurança pública e da educação vão paralisar suas atividades. Os bancários também anunciaram que vão parar e é possível a adesão dos rodoviários. No dia 11 de agosto, Dia do Estudante, o protagonismo será da juventude que vai pras ruas mobilizada contra o ajuste de Dilma, do Sartori e com a bandeira do Fora Eduardo Cunha.