Juntos realiza grande encontro da juventude em SP!
Debates e formulação de iniciativas concretas para fortalecer nossas lutas deram o tom do Encontro Estadual do Juntos SP.
No primeiro dia do outono, o Juntos em São Paulo demonstrou sua disposição de esquentar ainda mais as diversas lutas das quais faz parte. Durante todo o domingo (20), cerca de duzentos jovens de quinze cidades se reuniram na sede do Sindicato dos Metroviários para debater a conjuntura brasileira e os desafios que se colocam diante dos que sonham e lutam.
O Encontro Estadual do Juntos aconteceu nos marcos do adiamento da nossa Acampada de Verão, que precisou ser remarcada devido aos fortes estragos causados após os temporais na região metropolitana de São Paulo. Ainda mais empolgados em botar na rua o bloco da mobilização, estudantes secundaristas, universitários, jovens trabalhadores, mulheres, negras e negros, LGBTs e os nossos aliados da Rede Emancipa prepararam suas bandeiras e reforçaram a necessidade de tomar as ruas para garantir e ampliar nossos direitos.
A assembleia final do nosso espaço deliberou uma série de iniciativas que publicamos a seguir:
Diante da crise, as lutas da juventude e do povo podem construir o novo
O Encontro Estadual do Juntos-SP, reunido em 20/03/2016, acontece num momento delicado da conjuntura nacional. O Brasil atravessa uma das crises econômica e política mais graves de sua história. No dia-a-dia dos noticiários, vemos os dois grandes blocos de poder do país, governo e oposição de direita, se digladiarem, enquanto viram as costas para os interesses e os direitos da população. Para o povo, a vida está cada vez mais difícil, diante dos efeitos do ajuste fiscal que vem sendo aplicado pelo governo federal, governos estaduais e prefeituras. Inflação, desemprego, tarifas, falta de perspectiva de futuro. Tudo isso é cada vez mais parte do cotidiano dos brasileiros e em especial de nós, jovens. Nos últimos anos, temos lutado por mais direitos — educação, saúde, transporte, direitos LGBTs, das mulheres e negros. Mas a resposta dos governos é sempre o contrário: ajuste fiscal, precarização dos serviços públicos, retirada de direitos e, quando nos organizamos para lutar contra estes absurdos, repressão.
A mesma casta política que aplica medidas contra o povo é a casta que está, hoje, envolvida em esquemas de corrupção. As relações espúrias entre Estado, governos e mega-empresas privadas, tanto em governos e campanhas do PT e aliados, como do PSDB e aliados, ganham as manchetes e indignam a população. Embora a mídia manipule, a verdade é que os desdobramentos da operação Lava Jato envolvem hoje políticos tanto do PT, PSDB e PMDB, como de outros de partidos “menores”, como PP, PSD e DEM. Frente à situação de ebulição social e de crise, os desesperados da velha política tentam manipular a população de diferentes modos: por um lado, a oposição de direita alavanca manifestações que chegam a trazer de volta às ruas expressões de ódio e que são apoiadas por entidades como Rede Globo e FIESP; de outro, setores do governo federal tentam colocar um sinal de igual entre a defesa da democracia e a defesa de um governo indefensável, que aplica o ajuste fiscal e que em muitos momentos ataca a própria democracia que diz defender.
A verdade é que para grande parte da população, a democracia já é frágil e seletiva. Ela não existe para a juventude negra e da periferia, que é assassinada brutalmente pela polícia como os 12 mortos do Cabula em Salvador. Ela não existe para Rafael Braga, que foi preso com uma garrafa de Pinho Sol por terrorismo – aliás, que democracia é essa que a presidenta defende ao sancionar uma lei antiterrorista um dia antes do ato convocado com esse mote? A democracia não existe nas abordagens policiais que criminalizam a pobreza sem direito de defesa. Não parece nada democrático não pagar o décimo terceiro dos servidores, como no Rio de Janeiro, parcelar os salários dos servidores do Rio Grande do Sul, ou cortar o adicional de insalubridade de todos os servidores estaduais da Bahia. Não parece democrático aumentar as passagens nas capitais depois de junho de 2013 ter mostrado a todos que esse modelo de cidade está falido. Contar as moedinhas pra comprar o pão e ver o preço de tudo aumentar junto com o desemprego também não é nada democrático. Do outro lado, o que mais existe de antidemocrático está expresso no monopólio da comunicação, que confere à Rede Globo o papel de principal partido da ordem capitalista, atuou no passado e segue atuando hoje em defesa dos interesses da burguesia. Assim como, as herdeiros da ditadura e os reacionários que esbravejam o ódio e a intolerância nas ruas. O que fica claro é que os dois lados da moeda pensam, antes de tudo, em salvar sua própria pele, manter o status quo e ser uma alternativa para a classe dominante na aplicação do ajuste fiscal. Nós em contrapartida atuamos para defender a democracia dos de baixo. A verdadeira e radical democracia real.
São Paulo não está de fora desta conjuntura. O governo de Geraldo Alckmin (PSDB) é vanguarda na aplicação de medidas impopulares, na precarização e privatização de serviços públicos. O governador, que tentou ir à manifestação do dia 13/03 (e saiu dela debaixo de vaias), é também foco de denúncias de corrupção, como no caso do cartel do metrô ou do desvio de dinheiro das merendas nas escolas. No começo do ano, aumentou as tarifas do metrô e dos trens para encher os bolsos dos empresários e ainda mandou a PM reprimir, dura e arbitrariamente, em cenas dignas dos tempos da ditadura, os manifestantes que iam às ruas. Aquele verdadeiro atentado ao direito democrático de manifestação, na ocasião, contou com a anuência da prefeitura de Fernando Haddad, do PT. Nas cidades do interior e da região metropolitana, igualmente as ações do governo estadual e prefeituras pioram as condições de vida do povo. A expressão mais aguda disso, recentemente, foram as enchentes que tomaram a regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, destruindo vidas de centenas de milhares de famílias como resultado de um descaso governamental.
Em meio disso tudo, as lutas da juventude, ao lado do povo e dos trabalhadores, nunca foram tão necessárias. São elas que realmente podem construir as transformações e o novo que o Brasil e São Paulo precisam, sem nenhum rabo preso com os interesses dos poderosos. O exemplo de indignação que tomou conta do país em junho de 2013, na luta contra as tarifas e por mais direitos, nos inspira. Queremos construir uma democracia real já em nosso país, com uma revolução na política, a destruição de todo velho enferrujado e a construção de novas alternativas.
Esta vontade que nos move se inspira em exemplos reais de luta que tivemos e temos. Além de junho de 2013, no ano passado a Primavera das Mulheres e dos Secundaristas impactou o Brasil e demonstrou, na prática, as lutas que queremos construir. Foi pelas mãos das mulheres que Eduardo Cunha, um dos mais reacionários e corruptos políticos do Brasil, o mentor do impeachment, foi desmoralizado. Em São Paulo, a rebelião dos estudantes das escolas contra a reorganização escolar e a repressão foi capaz de conquistar o que parecia impossível: a suspensão da reorganização e a queda brusca da popularidade de Alckmin. A luta e a resistência cotidiana da juventude, seja nas universidades, nas escolas, nos bairros, nos cursinhos populares, nas lutas LGBT, anti-racistas, na resistência nas periferias, nas ocupações por moradia, demonstra que, nos organizando e confiando em nossas próprias forças, podemos vencer. Quando os de baixo se unem, os de cima sentem medo. Quando os poderosos ousam desafiar os direitos da juventude, eles podem sair perdendo. Esta é a nossa grande aposta e é por esta via que queremos, com todos os jovens de São Paulo, construir as lutas que nosso tempo exige.
O Juntos! é um movimento democrático e aberto à participação e à opinião de todas e todos. À falta de democracia da grande política, opomos um modelo de participação direta em todas nossas decisões e organização. A partir deste Encontro Estadual, queremos que todas as cidades de São Paulo e todos os locais em que existe o Juntos! possam se reunir, convocar debates, assembléias, rodas de conversa, encontros, manifestações, para discutir a situação do país, a luta pelos direitos da juventude e pelo nosso futuro. Vivemos tempos de luta, e não de medo, e precisamos estar cada vez mais preparados.
Por isso, o Encontro Estadual do Juntos-SP aprova o seguinte calendário:
– Construir um grande Acampamento Estadual do Juntos-SP em Itapevi (SP), com data a definir entre maio e junho.
– Fomentar debates democráticos do Juntos! a respeito da conjuntura política e do papel da juventude para construir uma nova alternativa pro Brasil.
– 29 de março: Merendaço + Aula Pública dos secundaristas em frente à ALESP às 17h.
– 25 a 27 de março: Encontro de Mulheres da UNE na UFF/RJ.
– 12 a 14 de abril: eleições do DCE Livre da USP.
– 21 a 24 de Abril: Encontro LGBT da UNE em São Paulo/SP.
– 16 e 17 de abril: Encontro Estadual dos Negros e Negras da UEE/SP e 29 a 31 de julho o Encontro de Negros e Negras da UNE.
– 14 de maio: Marcha da Maconha SP
– Fortalecer as campanhas da Rede Emancipa de Educação Popular, em especial pela abertura de salas no Cursinho Edson Luís.
– Promover debates de apresentação da Plataforma “Se a Universidade Fosse Nossa”.
– Realização do I Seminário de Comunicação do Juntos SP.
– Toda solidariedade às famílias atingidas pela enchentes na região metropolitana e participação nas iniciativas de luta e apoio, impulsionadas pelo Juntos! Zona Oeste e Rede Emancipa.