Vamos falar sobre violência sexual?
No Brasil, a cada duas horas uma mulher da entrada no SUS por ter sido vítima de violência sexual.
Após a primavera feminista, que teve seu estopim ano passado, debateu-se e debate-se incansavelmente sobre violência contra a mulher, seja ela física, sexual ou psicológica. Através de hashtags como “Meu Primeiro Assédio” e “Meu Amigo Secreto” milhares de mulheres relataram para o mundo casos de abuso sexual/físico/psicológico. A Internet deu espaço para nós, mulheres, mostrarmos que a violência que sofremos pode ser naturalizada e institucionalizada, mas que nós lutaremos contra isso.
Isso em um país onde se calcula que são cometidos 143.000 estupros por ano, mas somente 35% das vítimas denunciam [1]. Esse baixo número de denúncias evidencia o quanto nosso país não leva a sério o abuso sexual, estamos inseridas numa sociedade onde 58,5% da população ainda acredita que se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros [2].
No Brasil, a cada duas horas uma mulher da entrada no SUS por ter sido vítima de violência sexual [3].
Os muros da USP ainda escondem casos de racismo, homofobia e assédio sexual. Em 2014, estudantes de medicina, vítimas de abuso sexual, pressionaram a universidade por respostas, por apuração dos casos.
E porque, mesmo com todos esses dados e informações a disposição, algumas pessoas insistem em brincar com violência sexual? Será que para os idealizadores da festa e membros da atlética “DOPAR AS MINA” é engraçado? É engraçado e irreverente incentivar CLARAMENTE abuso sexual? Mulheres morrem todos os dias. Mulheres são estupradas todos os dias. Enquanto as pessoas não tratarem isso com seriedade, isso não vão mudar. “Dopasminas” não é um nome inocente, sem significado. Esse nome simboliza algo e esse algo é a violência sexual contra as mulheres.
Tenho medo desses futuros médicos.
Fontes:
1.http://brasil.elpais.com/m/brasil/2015/02/06/politica/1423258015_581946.html
3.http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/03/130308_violencia_mulher_sus_kawaguti_rw.shtml
Samara Mihomem, estudante de psicologia e diretora do DCE UFPA