Sobre a eleição da Comissão Gestora da UBES
Estamos atravessando momentos difíceis para o movimento secundarista. A pandemia da COVID-19 e a necessidade do isolamento social estão colocando obstáculos para a nossa organização.
Estamos atravessando momentos difíceis para o movimento secundarista. A pandemia da COVID-19 e a necessidade do isolamento social estão colocando obstáculos para a nossa organização. Mesmo assim, Bolsonaro e Weintraub avançam com seus planos de precarização da educação, mantendo a data do Enem e promovendo o EAD como saída. Para que os estudantes possam responder, a unidade é fundamental. As entidades estudantis, que são responsabilidade de todos nós, precisam ser fortes, plurais, e garantir abertura de debate para que as diferentes vozes do movimento estudantil possam ser representadas.
Essa discussão ficou mais presente por conta do desafio de pensar uma comissão gestora provisória para a UBES, já que a pandemia exigiu a suspensão do 43º CONUBES. Foi pensando nessa tarefa do movimento estudantil que, desde o começo, o coletivo Juntos e o movimento A Gente que Lute defenderam que essa comissão gestora fosse plural, e que participassem dela o máximo de forças políticas e coletivos possível. Mais importante ainda, defendemos que ela fosse aprovada num espaço de base, mesmo que virtual, onde fossem definidas também as tarefas do movimento secundarista com essa nova gestão. Por isso fomos contra a proposta apresentada pela direção majoritária, e apoiada por coletivos da oposição, de que a próxima gestão fosse nos mesmos moldes da eleita em 2017. E pior, eleita pela própria direção da UBES.
Para nós é completamente incoerente, para não dizer antidemocrático, que a direção de uma entidade escolha quem vai ser a próxima, fazendo uma simples troca de cargos sem a opinião dos estudantes na base. Isso é péssimo para a UBES, justamente porque prejudica a unidade. Unidade essa que não é apenas entre os coletivos que constróem a UBES – é uma unidade principalmente com os estudantes, que em cada escola pelo Brasil, sentem os efeitos do programa dos governos de extrema-direita para as escolas.
Nós discordamos do argumento de que era impossível construir espaços de base para realizar essa discussão. Poderíamos ter começado a pensar nisso muito antes, quando o debate sobre uma comissão gestora provisória começou a aparecer. Poderíamos usar as muitas ferramentas virtuais para inscrever grêmios e entidades estudantis em espaços abertos, feito fóruns regionais, estaduais e nacionais… as alternativas eram muitas, mas exigiam uma vontade política que a direção majoritária da UBES não teve.
Infelizmente a UBES escolheu pela saída mais fácil, e menos democrática, para eleger a próxima gestão. Nós do Juntos continuaremos defendendo que a maior força que a UBES tem é o seu tamanho, o potencial que tem de abranger cada escola do país, e a vitalidade do movimento estudantil secundarista, que luta contra o sucateamento da sua escola, por condições justas para prestar o Enem, por melhores condições de ensino e muito mais. A opinião mais importante é a desse estudante na linha de frente da luta, que não foi contemplada nessa decisão tão importante.
Seguiremos atuando pra fortalecer essa entidade tão importante para a luta. A UBES é mais forte quanto mais ela for aberta aos estudantes escolherem, a partir da base, o rumo da sua gestão. O apego da direção majoritária ao discurso da impossibilidade por motivos burocráticos mostra uma falta de compreensão do papel ativo que os estudantes cumprem na construção do movimento estudantil secundarista.