A luta contra Bolsonaro precisa dar um salto de qualidade #VidasNegrasImportam
Ato em Brasília.

A luta contra Bolsonaro precisa dar um salto de qualidade #VidasNegrasImportam

Ir para as ruas nesse momento não significa abandonar a luta pelo isolamento social.

Já virou tradição que toda sexta-feira, alguma nova bomba estoure da parte do governo Bolsonaro. A saída explosiva de Moro, a demissão do segundo Ministro da Saúde no meio da pandemia, a divulgação da reunião ministerial… que além de deixar claro as intenções do presidente genocida de interferir na Polícia Federal, expõe o caráter reacionário do conjunto dos seus ministros. Ao mesmo tempo que os setores da classe dominante vão abandonando o barco bolsonarista, mais partidos da oposição se unem em torno da necessidade do impeachment, enquanto Bolsonaro loteia cargos ao centrão para poder se safar.

Porém, o grande elemento que faltava até então na conjuntura é a ação de massas na rua, o fator mais importante para derrubar um presidente. A pandemia e as necessidades de isolamento social colocam obstáculos para a nossa ação, enquanto os bolsonaristas fanáticos, que acreditam ser tudo uma conspiração chinesa, fazem manifestações todas as semanas, distorcendo a correlação de forças e fazendo parecer que a maioria da população está com eles. Sabemos que não é o caso, como demonstram as pesquisas de opinião; mas para sair desse impasse, cabe ao movimento social entrar na ofensiva, e o papel da UNE e do movimento estudantil como um todo, a partir do respaldo ganho a partir do Tsunami da Educação em 2019, é fundamental para isso.

Se já ensaíavamos organizar ações de rua, como a foi a construção do dia 12 de maio – com o protagonismo de luta dos/das enfermeiros/as – e o dia 15 de maio, onde fizemos uma verdadeira panela de pressão pelo adiamento do ENEM, com o forte processo de mobilização nos Estados Unidos desencadeado pelo assassinato de um jovem negro em Minneapolis, essas ações se tornam ainda mais necessárias. O levante negro que ocorre nos EUA, com protestos diários em todo país, está inspirando o mundo inteiro a ir para as ruas, mesmo em meio a pandemia, para questionar a violência policial e o racismo estrutural que o capitalismo reproduz como marca de centenas de anos de colonização. Já há protestos na França, Nova Zelândia, Austrália e Inglaterra. No Brasil, que é marcado fortemente pelo racismo, onde mesmo em isolamento social, assiste jovens e crianças negras sendo assassinadas pela polícia militar, também já aponta que entrará na rota das mobilizações pelas Vidas Negras.

Aqui se encontram a luta antirracista com a luta antifascista, a medida em que Bolsonaro e seu clã militar radicalizam seu discurso, medidas e ameaças. Sua militância alojada sobretudo em Brasília, faz alusões à KKK e aos regimes fascistas. Mesmo que em menor número, todos os domingos com faixas pelo fechamento do Congresso e pelo AI-5, Bolsonaro segue sem se importar com os números crescentes de mortos pelo coronavírus no Brasil, priorizando sua marcha autoritária. Por isso, também vimos na Paulista o ato por Democracia convocado por setores das torcidas organizadas, como resposta às ameaças deste governo.

Precisamos combinar a luta antirracista e antifascista, conectar o Brasil com as lutas internacionais por Vidas Negras Importam e impulsionar o levante negro que está em curso no Brasil e no mundo. A UNE é fundamental para ampliar esta luta, carregando a responsabilidade de quem produziu em 2019 as maiores marchas contra Bolsonaro, incentivando os estudantes a participar dos atos por Vidas Negras Importam.

Ir para as ruas nesse momento não significa abandonar a luta pelo isolamento social. Como diz a chamada do ato deste domingo no Rio de Janeiro, nós não queremos morrer “nem de bala, nem de fome, nem de Covid”, portanto é necessário elevar o tom contra um governo que já demonstrou que não recua enquanto não há resistência. Não podemos mais depender apenas das instituições para derrotar Bolsonaro.

Combinado a essa ofensiva de ruas, não podemos perder o foco do impeachment como a saída fundamental. Já ficou mais do que claro que cada segundo que Bolsonaro fica no cargo é uma ameaça maior à vida e à democracia, e o discurso de Rodrigo Maia de “esperar para depois da pandemia” não pode vencer. É preciso que a UNE também protocole seu pedido de impeachment, no calor das lutas de rua, com todo peso histórico que possui. É preciso agitar o Fora Bolsonaro de maneira concreta, como uma saída para agora, urgente para salvar a vida do povo brasileiro.


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