11 DE AGOSTO: A luta pela educação e pela vida seguem em movimento
De norte a sul do país, atos em escolas, secretarias de educação e pontos das cidades carregaram a indignação contra a política da morte, e uma voz firme contra o retorno às aulas presenciais e em defesa da educação e da vida.
O dia do estudante, 11 de agosto, é um dia tradicional de luta do movimento secundarista, e costuma integrar os calendários oficiais das entidades. Em 2020, contudo, ele se deu em um contexto muito mais explosivo do que nos anos recentes. Contando já 5 meses de pandemia no Brasil e mais de 100 mil mortos, a crise sanitária sem precedentes que passamos se combina a uma crise econômica, com milhões de desempregados e trabalhadores precários e informais se acumulando, e uma crise social, onde a desigualdade do nosso país se mostra de maneira mais escancarada do que nunca. Prova disso foi os escandalosos dados sobre a renda dos bilionários brasileiros na pandemia, que aumentou em mais de 30% enquanto os trabalhadores e o povo enfrentam miséria e desesperança.
A questão da educação hoje está no centro desse debate. Desde o começo da pandemia, com a imposição do ensino remoto que muitas vezes é excludente e inacessível, a evasão se torna uma realidade cada vez mais concreta. Muitos estudantes, inclusive de ensino médio (especialmente os pobres, pretos e periféricos) estão sendo pressionados a abandonar os estudos para irem trabalhar em aplicativos de entrega, e desistindo de entrar em uma universidade ou mesmo de concluir o terceiro ano. A luta contra a evasão, por um ensino remoto que atenda às necessidades reais dos estudantes, e pela reformulação do ano letivo são hoje lutas que se combinam às lutas mais gerais de defesa da sobrevivência dos mais pobres, e pelo direito ao futuro.
O coletivo Juntos vem pautando essas lutas em conjunto com centenas de estudantes no Brasil, e construindo um forte repúdio ao último absurdo dos governos estaduais: a imposição da volta às aulas presenciais em meio ao pico da doença. De maneira mais ou menos agressiva dependendo do local, todos os governadores estão querendo avançar nessa agenda, efetivamente condenando milhares de professores, funcionários, alunos e famílias de alunos à morte. A lógica por trás dessa medida é clara, e a mesma de todas as políticas até agora implantadas pelos governantes: garantir o lucro acima da vida, e se for preciso normalizar a morte generalizada, que assim seja. Como disse o infame prefeito de Itabuna: retomar a economia, morra quem morrer.
Nessa tônica foi a resposta dada pelos estudantes e pelo movimento de educação no dia 11. De norte a sul do país, atos em escolas, secretarias de educação e pontos das cidades carregaram a indignação contra essa política da morte, e uma voz firme contra o retorno às aulas presenciais e em defesa da educação e da vida. Se somou a essa luta a batalha contra os cortes bilionários anunciados pelo MEC, ainda maiores do que os que foram tentados em 2019, e que resultaram no tsunami da educação que varreu o país.
Escolas em Santarém, no Pará, amanheceram com lambes em protesto, e faixas foram colocadas em universidades como a UFOPA:
No Rio de Janeiro, faixas foram estendidas nas escolas, além de cruzes representando as vidas em risco com essa política:
A luta se estendeu de norte a sul do país. No Rio Grande do Sul, Porto Alegre levou a mobilização à secretaria de educação do estado:
Assim como no Instituto Federal do campus de Alvorada:
No Maranhão, faixas foram estendidas na UFMA e na UEMA, exigindo um auxílio emergencial estudantil durante o período da pandemia:
Em Brasília, o DCE da UnB protestou em frente ao Ministério da Educação contra os cortes anunciados na área:
Em São Paulo, também houve atos no interior e na capital. Em Ribeirão Preto e São José dos Campos, as iniciativas foram desde intervenções nos outdoors favoráveis ao governo genocida de Bolsonaro até atos em unidade com professores e profissionais de educação:
Na capital do estado, o ato na frente da secretaria de educação chegou até a forçar uma reunião com o secretário do estado de SP, onde colocamos a nossa posição intransigente contra a volta às aulas, a despeito das incertezas do governo
Infelizmente, o incômodo que a nossa luta causa nos poderosos também desperta a covardia. No Rio Grande do Norte, o interventor do governo que está na posição de reitor do Instituto Federal chamou a polícia para reprimir os estudantes, com a conivência da governadora Fátima Bezerra. Por mais que os governos mostrem sua cara autoritária, eles não têm força de parar a nossa luta que só cresce.
O dia 11 de agosto foi um estímulo e uma reorganização da luta da educação, que desde o início do governo Bolsonaro tem sido a principal frente de resistência contra as políticas negacionistas, anticientíficas e genocidas. Nossa luta não acaba aqui, e segue ainda por vários meses, acumulando força até a vitória contra o retorno às aulas, os cortes que o governo federal anuncia na área e garantindo o direito ao ensino de qualidade para todas e todos, mesmo na pandemia. Ano letivo se recupera, vidas não!