O mês de setembro é nacionalmente conhecido como um período de prevenção ao suicídio. É importante ressaltar a urgência desse tema principalmente quando consideramos a necessidade de defender e fortalecer nossas redes de atenção psicossocial. Isso só é possível quando o SUS é entendido como o principal dispositivo de atuação frente a este que é considerado um problema de saúde pública. Portanto, é possível falar em prevenção se nos informarmos sobre as determinações desse fenômeno multifacetado e multideterminado por fatores sociais, de gênero e raça. Neste ponto, pensamos que a campanha do setembro amarelo deve ser entendida e defendida se estiver atrelada à luta contra a precarização do SUS.
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Nós, estudantes da saúde, lutamos por um entendimento de saúde mental que extrapole as tendências mercadológicas em saúde, quando vulgariza campanhas como a do setembro amarelo, que tendo seu foco distorcido, trata do assunto por maneiras simplistas e, então, irresponsáveis. A luta pelo direito a vida passa por uma convocação à transformação das condições socio-concretas do Brasil, um país que necessita de saúde.
Deste modo, o sofrimento na sociedade em que vivemos está muitas vezes atrelado às condições do ambiente em que se constrói relações, vínculos, não sendo, portanto, um problema individual, da pessoa que sofre, mas também um efeito direto do viver em coletividades. Quando principalmente pensamos naquelas populações vulnerabilizadas, rechaçadas pelo racismo, pelo desemprego, pelo machismo, pela lgbtfobia, enfim – um problema da ordem social, fica mais fácil entender como o sofrimento é efeito de uma imposição. É urgente o debate sobre o sofrimento no sistema capitalista, pois é ele o produtor de desigualdades e mortes.
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Lutemos por uma sociedade que defenda o direito a vida, por condições que permitam potencializar a existência de todos seres viventes, sem distinção alguma.
*Allan Coutinho, estudante de psicologia da UFRJ e do Juntos! RJ