A nossa luta tem que crescer!
O papel do movimento de juventude é seguir criando espaços de mobilização e organização do povo. Devemos nos somar nas mais diversas formas de lutas pelas bandeiras colocadas acima. Dos panelaços, às redes e às ruas, que voltam a ser cogitadas a partir de carreatas, como no dia 23 e 31, e até mesmo em atos, como houve em Brasília neste domingo.
O sistema de saúde de Manaus colapsou: a cidade ficou sem oxigênio para os pacientes. Muitos morreram por falta desse item básico em uma região que é conhecida como o “pulmão do mundo”. Sem qualquer apoio do governo federal, o que prevaleceu foram os laços de solidariedade que denunciaram a situação e fizeram com que muitas pessoas ajudassem na aquisição e transporte de cilindros de oxigênio. Para não dizer que não fizeram nada, Pazuello esteve em Manaus com uma “força-tarefa” na segunda-feira. Mas o motivo era outro: a visita foi para defender o chamado “tratamento precoce”, que é a utilização de medicamentos sem qualquer eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina. Tudo pago com verbas públicas.
A indignação também partiu de outro descaso de Bolsonaro. As redes foram tomadas por pedidos de adiamento do ENEM. Entidades estudantis e lideranças políticas também buscaram na Justiça uma nova data. O Juntos! participou dessas ações em São Paulo, com parlamentares do PSOL; no Rio Grande do Norte, pelo DCE da UFRN; e no Rio Grande do Sul, pelo DCE da UFRGS e outras entidades e lideranças sociais.
Apesar de tudo, o ENEM foi mantido e mais de 2,5 milhões de estudantes foram fazer a prova em meio a uma pandemia que supera os 200 mil mortos. Muitos deles, principalmente aqueles que estudam em colégios públicos, sequer tiveram aulas em 2020. Essa omissão do governo é ao mesmo tempo uma ação nacional que expõe milhões de pessoas ao contágio da doença. Não bastando negar a pandemia, Bolsonaro faz o máximo para que o povo contraia a doença. Isso em apenas dois domingos. Ainda assim, o Juntos! esteve presente em diversos locais de realização da prova (RJ, SP e PA), não só prestando apoio aos estudantes com kits com canetas e doces, mas também pautando uma política por uma campanha nacional de vacinação e pelo Fora Bolsonaro.
No ENEM mais injusto da história, a injustiça não só veio de fora, como ocorreu durante a realização do exame. São diversos os relatos de estudantes que foram impedidos de fazer a prova porque as salas estavam no limite da “lotação segura”. O que vai acontecer com essas pessoas que tiverem seu direito de tentar entrar numa universidade negado por uma absurda falta de planejamento?
A revolta do povo pelas ações e omissões do presidente fez com que panelaços fossem ouvidos em diversas cidades do país. O sentimento pela queda de Bolsonaro volta a crescer. Inclusive, representantes da burguesia começaram a levantar essa bandeira, que nós colocamos desde março passado, naquele pedido assinado por mais de um milhão de pessoas e protocolado pelos deputados federais do Juntos!
A tragédia no país só aumenta, inclusive com repercussão internacional. Diversos países voltaram a proibir a entrada de pessoas vindas do Brasil ou de países próximos. Apesar de tudo, duas vacinas foram aprovadas para uso emergencial pela Anvisa e uma delas já foi aplicada neste domingo em SP. Foram criadas em parceria com o Instituto Butantan e a Fiocruz. Ambas instituições públicas e que são pilares do SUS. Ainda assim, não temos previsões concretas para o início da vacinação a nível nacional. Sequer sabemos se há recursos e insumos preparados para tanto. Fora que as informações dadas pelo Ministro da Saúde são totalmente vagas e questionáveis. Não podemos ter confiança nas palavras de um governo responsável por intensificar a pandemia. Vale lembrar: o governo federal não teve nenhuma participação pelo sucesso da vacina CoronaVac aplicada hoje. Pelo contrário, lutou contra o seu desenvolvimento.
Não temos ilusões com o Congresso, só haverá impeachment se houver povo mobilizado. A propósito, não há crise institucional maior que um impeachment possa criar do que mais de 200 mil pessoas mortas por uma política negacionista aplicada pelo presidente e seus demais representantes. Qualquer política que busque aguardar 2022 para sanar o problema do bolsonarismo não é só ruim, como criminosa por colocar mais vidas em perigo. Além de colocar em risco a nossa frágil democracia. Apesar de ser insuficiente, é incomparavelmente superior a um fechamento do regime que pode ser realizado se deixarmos Bolsonaro ocupar e dirigir mais espaços.
A indignação que cresce tem que seguir! É por Manaus, pelos estudantes do ENEM e por todos os brasileiros que devem ser vacinados gratuitamente!. As nossas tarefas para o momento passam por algumas iniciativas. No dia 23 de janeiro, vamos ter às 16h uma Plenária Virtual dos Estudantes pela Saúde, para construir uma luta em defesa da vacina. A partir desse espaço, vamos construir brigadas nas ruas e transportes públicos pela conscientização da necessidade da vacinação, para garantir a vida e evitar o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS).
O movimento estudantil também tem seu papel, assim como foi fundamental nas lutas contra os cortes em 2019. Em fevereiro (dias 12 a 14), teremos um Seminário Nacional de Movimento Estudantil para mobilizar cada escola e universidade em que estamos. 2021 será um ano muito duro para as universidades e institutos federais, que terão cortes que beiram 20% do orçamento para funcionamento.
O papel do movimento de juventude é seguir criando espaços de mobilização e organização do povo. Devemos nos somar nas mais diversas formas de lutas pelas bandeiras colocadas acima. Dos panelaços, às redes e às ruas, que voltam a ser cogitadas a partir de carreatas, como no dia 23 e 31, e até mesmo em atos, como houve em Brasília neste domingo. A unidade nas ações é fundamental para derrotar a extrema-direita expressada pelo projeto autoritário de Bolsonaro, mas isso não impede a construção de uma alternativa de esquerda radical e independente, na qual a juventude tem um papel importante. Golpearemos juntos, mas a nossa marcha é separada.
Acesse o nosso site e assine o pedido Desengaveta, Maia! #ImpeachmentBolsonaroUrgente.
Inscreva-se na Plenária dos Estudantes pela Saúde.
Inscreva-se no Seminário Nacional do Movimento Estudantil.