Estudantes pela saúde: contra os desmontes nas políticas de saúde mental
A pandemia do coronavírus encontrou solo fértil no Brasil. Já são mais de 350 mil mortos, com mais de 3000 por dia. Nas últimas semanas, o número de óbitos no país superou o número de nascimentos, batendo mais uma marca triste. Enquanto isso a vacinação segue andando a passos lentos, pela postura do governo Bolsonaro que desde […]
A pandemia do coronavírus encontrou solo fértil no Brasil. Já são mais de 350 mil mortos, com mais de 3000 por dia. Nas últimas semanas, o número de óbitos no país superou o número de nascimentos, batendo mais uma marca triste. Enquanto isso a vacinação segue andando a passos lentos, pela postura do governo Bolsonaro que desde o começo atuou contra as vacinas e as recomendações dos cuidados sanitários.
Com a aprovação da LOA (Lei Orçamentária Anual) 2021, o orçamento em saúde teve uma redução de cerca de 15%, enquanto se aumentou o orçamento para a Defesa. O governo e seus aliados não reconhecem que a única guerra que deveria estar sendo travada nesse momento é contra o vírus, e seguem atuando para atrapalhar o combate dos profissionais de saúde nessa guerra, que já estão sobrecarregados e exaustos.
É nesse contexto que refletimos sobre as políticas de saúde mental que vêm sendo executadas nesse governo. O movimento antimanicomial há décadas luta contra a lógica dos manicômios e da exclusão social daqueles considerados “loucos”. Desde a exposição dos horrores realizados no Hospital Colônia de Barbacena, processo conhecido como o Holocausto Brasileiro, há um forte movimento para que esse tipo de prática seja eliminada, e substituída por tratamentos humanizados, que levem em conta as potencialidades humanas e busquem dar uma condição de vida digna àqueles com problemas de saúde mental. Os CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) foram uma importante iniciativa nesse sentido, buscando substituir os hospitais psiquiátricos e oferecendo um tratamento que valorize a autonomia e o protagonismo do próprio paciente no tratamento.
Longe de relativizar a complexidade da coisa pública no âmbito da discussão e da ação, pensar o desmonte da forma de fazer política do governo atual é uma questão de ordem. Tendo em vista que, o corte de gastos em setores e a desautorização de portarias revela, também, uma ideologia; é importante que tenhamos visões e objetivos, estejam ou não em consonância com o que está sendo posto. Nesse sentido, pensar a saúde mental na esfera pública implica trazer à discussão o modo de proceder dos órgãos governamentais responsáveis e suas mais diversas sanções.
Analogamente, os cortes de verbas nas RAPs (Redes de Atenção Psicossocial), que dão assistência a pessoas em sofrimento mental e dependentes químicos, a relativização da necessidade de assistência social àmoradores de rua e uma prognose limitada e antiga de ciência – ênfase na visão hospitalocêntrica dos manicômios dando incentivo à métodos arcaicos de tratamento de indivíduos com transtornos mentais, apoio à abstinência como principal método de tratamento para dependentes químicos -, revelam no fundo uma incapacidade do governo de gerir um país que já foi signatário nas lutas antimanicomiais e nas políticas públicas relacionadas à saúde.
É importante que, diante de problemas tão contundentes, coletivos e entidades que se inquietam com a visão unilateral e infundada vigente sobre saúde pública se mobilizem, de modo a combater assertivamente tais políticas públicas que avançam nas instâncias legislativas e ficam silenciadas pela maioria da sociedade.
É nesse espírito que estamos organizando a iniciativa dos Estudantes Pela Saúde no DF, buscando conectar todas e todos aqueles estudantes da área da saúde em torno de uma plataforma de luta e mobilização em defesa da vida, do SUS, dos trabalhadores da saúde, da vacinação e das políticas de saúde mental. Convidamos todo mundo a se somar e vir conosco construir na iniciativa dos Estudantes Pela Saúde!