29M: é hora de tomar as ruas e contra-atacar!
Não dá para esperar e nem ficar assistindo um genocida seguir matando milhares de brasileiros e acabando com os serviços públicos.
Nesse domingo (23), estive pedalando pela Zona Sul quando me deparei com o passeio de moto de Bolsonaro e seus apoiadores. A manifestação foi forte e era composta majoritariamente por homens brancos e sem máscaras. Alguns carregavam até bandeiras e cartazes com pedidos de intervenção militar e outros atos golpistas.
Isso em meio a CPI da Pandemia, que coloca diversos membros do governo contra a parede. O próprio ex-ministro Pazuello esteve no passeio, dias após ter deposto no Congresso. Das milhares de pessoas sem máscaras, incluindo o Presidente e seus ministros – os responsáveis pela aglomeração, ninguém será punido. A seletividade da justiça também se apresenta nesses momentos. A aglomeração foi promovida na mesma semana em que dois trabalhadores foram assassinados pela Polícia Militar na Cidade de Deus. Para o pobre e negro, há pena de morte para quem nem comete crime. Para os bolsonaristas, há proteção e estrutura sendo financiadas com dinheiro do povo.
Se até a essa altura do campeonato você acredita que alguma responsabilização pelos crimes de Bolsonaro vai vir por parte das instituições, pode ter certeza que vai se frustrar. Pelo contrário, as próprias instituições garantem as manifestações bolsonaristas. Foram cerca de mil agentes das forças de segurança no domingo, além da utilização de helicópteros da FAB. Não nego a importância da CPI da Pandemia, mas ela por si só nada resolve. Pode até acabar em pizza como muitas outras, que apesar de profundas investigações, não levaram a lugar algum.
Enquanto os bolsonaristas se movem, o movimento negro, de favelas e estudantil também. As respostas à Chacina do Jacarezinho e ao possível fechamento da UFRJ apontam que as ruas são nosso principal espaço de resistência ainda na pandemia. Com medo da própria mobilização estudantil, o próprio governo liberou parcela das verbas da UFRJ na véspera do ato. Ainda que insuficientes para impedir a sua paralisação em setembro, demonstram o receio do governo com o povo indignado na rua. A lógica é correta: é justamente nas ruas que podemos obter conquistas enquanto maioria social.
Na América Latina, revoltas eclodem por todos os lados: Chile, Colômbia, Paraguai, Equador, Bolívia e muitos outros países tiveram processos de luta de massas em plena pandemia. A situação do Brasil sem dúvidas é atrasada. Temos um presidente de extrema-direita promovendo um genocídio e que mantém um núcleo de apoiadores que compõem 20% da população brasileira. A qualidade de vida do povo está cada vez pior. A extrema-pobreza e a fome só aumentam. O consumo de carne diminuiu e a informalidade cresce.
Alguns, em meio a terra arrasada, se alentam com a volta de um candidato que possa derrotar Bolsonaro. A força eleitoral de Lula é inegável, mas não podemos fortalecer ilusões com seu projeto, do qual as frustrações geradas por ele são parte do processo pelo qual emergiu Bolsonaro. Muito menos, aguardar 2022 para que o bolsonarismo seja derrotado. Bolsonaro é claramente um golpista e só não conduz um golpe porque não tem força social para tanto. Apesar disso, achar que nossa frágil e excludente democracia está segura é um erro gravíssimo. Quando a situação do governo piora, Bolsonaro volta a agitar mobilizações com seus apoiadores, aumentando seu discurso autoritário e negacionista.
Não dá pra esperar e nem ficar assistindo um genocida seguir matando milhares de brasileiros e acabando com os serviços públicos. Há exemplos de luta sendo construída nas ruas em meio a pandemia em toda a América e inclusive no Brasil. Aqui a juventude e os movimentos negros e de favelas já deram a linha.
E para deixar claro: qualquer manifestação que formos fazer não se compara com a deles. Nós não só vamos de máscaras, mas estamos nas ruas porque temos um governo que é mais letal que o vírus. Não aglomeramos porque queremos. Estamos e estaremos lá porque não cabe banalizar o que vivemos. Isso é a pior coisa que pode acontecer.
A hora de ocupar as ruas é agora. Bolsonaro só estará algum dia no banco dos réus se nós o colocarmos lá. No dia 29 de maio, acontecerão mobilizações nas ruas de todo o país. A juventude estará presente com força, mas contamos com todos na luta contra o genocida! Principalmente, aqueles que já foram vacinados. Os fascistas estão nas ruas, precisamos expulsá-los e construir o nosso contra-ataque!