O Diretório Central dos Estudantes em conjunto com os Centros Acadêmicos da Unicamp vem por meio desta nota demonstrar seu total repúdio à ilegal operação policial que resultou no assassinato de 29 pessoas, entre elas um policial e 28 moradores, na comunidade carioca do jacarezinho. Desde o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), operações policiais em comunidades devem ser suspensas, ou previamente comunicadas ao Ministério Público, com objetivo a preservar a vida de moradores durante a maior crise sanitária da história.

No entanto, nem mesmo um impedimento legal acabou não impossibilitando a ação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro de agir, executando 25 pessoas dentro uma comunidade carente. Isto não é operação para investigar, para prender suspeitos e proteger crianças do alegado aliciamento. Não. Isso é chacina!

Nos últimos cinco anos o Rio de janeiro foi palco de 274 chacinas, que vitimaram cerca de mil pessoas. Dessas, 75% foram resultado de ações e operações policiais. Segundo a Rede de Observatórios de Segurança, em 2019 a polícia no Rio de Janeiro, a que mais mata e mais morre no mundo, foi responsável pela morte de 1814 pessoas, dentre essas 1423 eram pretas e pardas. Isso não é coincidência!

O episódio no Jacarezinho é mais uma exposição da face mais cruel do racismo estrutural, que organiza desde a ocupação do território pelo povo até a política de morte em curso no estado do Rio. Política incentivada pela gestão genocida de Jair Bolsonaro e seus apoiadores, como Carlos Castro, governador do RJ. Os governos do estado há tempos reproduzem uma lógica de repressão através de seu aparato como mecanismo de controle da população preta e pobre.
Em qual condomínio da Zona Sul do Rio de Janeiro a polícia fez operação para prender o traficante que lá residia?
As imagens divulgadas por moradores revelam que pessoas rendidas foram executadas. Pena de morte não é lei no Brasil. Porque é tratada como normal na periferia, quando faz vítimas corpos pretos e pobres, sejam culpados ou inocentes?

O movimento estudantil da Unicamp se solidariza com a dor das famílias das vítimas e exige que os responsáveis sejam devidamente punidos. Exigimos justiça para o Jacarezinho!
Deixem a periferia viver! Vidas Negras Importam! Queremos o fim do genocídio!

Como forma de apresentar nosso rechaço e nossa indignação é que nós convidamos a todos a se unirem nos dias 13 e 14 de maio, na praça do rosário e estação cultural, respectivamente, onde serão organizados dois atos em defesa da vida, norteado pelo movimento estudantil e movimentos sociais. Vamos juntos entoar toda nossa indignação com a atual situação do país, com o descaso pela vida motivado pelo governo federal e executado por seu aparelho repressor.

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