Manifesto do JUNTOS! Rumo ao Congresso Extraordinário da UNE
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Manifesto do JUNTOS! Rumo ao Congresso Extraordinário da UNE

Como sempre cantamos e pulamos nas ruas: juventude é revolução!

Juntos! 5 jul 2021, 19:14

Brasil em crise: juventude precarizada!

Estamos vivendo um dos momentos mais duros da nossa história recente. Não é à toa que quase metade dos jovens brasileiros, caso tivessem oportunidade, gostariam de sair do país. Mais de 56% estão sem emprego e mesmo aqueles que estão dentro da universidade, a incerteza e a desesperança com o futuro nos ronda. A crise que já existia no Brasil antes da pandemia, se soma com a situação que enfrentamos desde março de 2020. Familiares e amigos que se foram fruto da COVID-19, planos que ficaram pelo meio do caminho, e quase 20 milhões de brasileiros vivendo sob insegurança alimentar. 

Como se não fosse pouco, estamos atravessando esse período tendo um verdadeiro criminoso à frente da presidência do país. A cada dia que passa, agora revelado pela CPI da COVID, fica mais comprovado que o projeto autoritário e negacionista de Bolsonaro, é um projeto de morte da população brasileira, sobretudo daqueles que tiveram que seguir todos os dias enfrentando os trens e ônibus para garantir a sua sobrevivência. Mas não é um negacionismo qualquer, sua política genocida de atrapalhar o combate à pandemia, foi para garantir o lucro de sua corja de aliados e sua familícia corrupta. 

Se a crise é internacional, nossa luta também é!

Sabemos também que a crise que se aprofundou com a COVID-19, não é exclusividade do Brasil. Ela também levou às ruas a juventude e setores oprimidos de diversos países. Como foi no Paraguai e tem sido até hoje na Colômbia, país que vive uma rebelião contra um dos poucos aliados de Bolsonaro que ainda permanecem no poder, Ivan Duque, e que mesmo sob forte repressão e revogação da reforma trabalhista, ainda não foi parada. No final do ano passado, mesmo sendo o país com mais mortos proporcionalmente na América Latina, a juventude peruano parou o país e conseguiu impedir um golpe do Congresso que tentava impor um presidente ilegítimo. Tivemos também a derrota de Trump nos EUA, que sem dúvida só foi possível pelo fortalecimento dos movimentos que pautaram o país no Black Lives Matter. Além do próprio Chile, que em 2019 viveu um amplo processo de lutas e que colocou de uma vez por todas a constituição pinochestista na lata do lixo. 

Ampliando as mobilizações e a auto-organização dos estudantes para resistir e derrubar Bolsonaro!

Lembramos desses fatos em alguns países do nosso continente, tanto porque foram amplamente protagonizados pela juventude, tanto porque nos demonstram que apesar da situação difícil que enfrentamos, é possível não apenas derrubar Bolsonaro e derrotar o Bolsonarismo, mas também disputar na sociedade uma saída anticapitalista para esta crise. E é neste cenário de mobilizações contra Bolsonaro que acontece o Congresso Extraordinário da UNE. Inicialmente a partir de uma fagulha acesa pelo movimento negro que foi às ruas no dia 13 de maio em resposta à chacina do Jacarezinho e a situação de violência que vive a negritude do Brasil, se combinando com o protesto contra os cortes na educação convocado pelo DCE da UFRJ no dia 14 de maio, as ruas voltaram à cena política, e não mais apenas hegemonizada pelo bolsonarismo.

Percebendo o enorme desgaste do governo Bolsonaro, causado pelo trauma que as mais de 500 mil mortes no Brasil nos está deixando, com uma situação de grave crise econômica (para os pobres, porque os bilionários no Brasil ainda assim cresceram), a instauração da CPI da COVID, Bolsonaro perdendo apoio e setores sociais que já estavam se movimentando (como o movimento negro e estudantil), o Juntos! apostou todas suas fichas no dia 29 de maio, acreditando que poderiam ser grandes mobilizações. E não apenas foi um grande dia, convocado de forma unitária por movimentos sociais e partidos políticos, como depois com a jornada do 19J e 3J ampliou sua adesão e apoio na sociedade. 

Não temos dúvida que as ruas precisam ditar a dinâmica do futuro desse governo. Mais do que um fato de “pressão” à CPI e ao Congresso, são as ruas e o movimento de massas que precisam dizer qual o futuro de Bolsonaro. Nessa tarefa, a juventude e o movimento estudantil cumprem papel central, porque temos sido a maioria daqueles e daquelas que têm ido às ruas. É progressivo que mais setores estejam se somando aos atos (inclusive alguns que já estiveram com Bolsonaro) porque nosso principal desafio neste momento é construir maioria social que tenha forças para derrubar o governo. Que deve sair da presidência direto para a cadeia por ter sido responsável pelo assassinato de centenas de milhares de brasileiros. Para isso devemos estar em mobilização permanente, fazendo do movimento estudantil um movimento social, que chama para si a responsabilidade não só de mobilizar nossas universidades, mas também a juventude trabalhadora e precarizada que tem sido diretamente atingida pela falta de perspectiva de vida.

Educação sob ataque: Nenhum de nós a menos!

Essa situação tem sido aprofundada com a política de ataques à educação. Depois de não ter nenhuma medida de inclusão para garantir o mínimo de apoio aos estudantes pobres e que não possuem acesso à internet no ensino básico, tivemos o ENEM mais desigual da história. Com uma taxa de desistência superior a 50%, e mesmo que aqueles que entraram nas universidades públicas, vivem a insegurança de não saber até quando teremos seu funcionamento sob mínima normalidade.

Com a efetivação de mais cortes na educação (que estamos vivendo desde 2015!!), a educação tem o pior orçamento para a assistência estudantil da década, cortando bolsas, auxílios e deixando inclusive estudantes sem alimento nos alojamentos estudantis. O orçamento de 2021 para a educação é o pior desde 2007. Há dez anos atrás, quando a Lei de Cotas ainda não estava efetivada e o número de estudantes era significativamente menor, o orçamento era de 38,84 bilhões. Hoje, é de apenas 33,35 bilhões, possuindo ainda uma parte dependendo da aprovação de crédito suplementar. 

Ainda que esse ataque não tenha iniciado no governo Bolsonaro, ele se aprofunda porque sabemos muito bem quais os interesses por detrás da destruição das universidades públicas: excluir os setores populares, filhos da classe trabalhadora, negros e negras e indígenas do banco das universidades. Nossa permanência na universidade está ameaçada, visto que também somos a maioria dos que não conseguiram permanecer acompanhando as aulas remotas. Temos uma tarefa central desde já que é defender a renovação da Lei de Cotas que será debatida no ano que vem. Precisamos defender esse direito tão fundamental que transformou as universidades. A UNE também precisa impulsionar em cada base e disputar apoio da sociedade a reversão imediata dos cortes e a disputa pela ampliação do orçamento da educação (com o fim da PEC do Teto de Gastos e a Taxação das Grandes Fortunas, prevista na Constituição de 1988, para financiar a educação). 

É necessário dizer que por detrás deste projeto de desmonte, que é também autoritário, visto que mais de 20 instituições federais estão sob intervenção do governo Bolsonaro, tendo suas eleições desrespeitadas, visa favorecer os grandes conglomerados da educação, como foi a tentativa de implementação do Future-se. As universidades privadas, que possuem ainda a ampla maioria dos estudantes brasileiros, assistiram a ampliação da precarização da educação no período da pandemia. A mecanização das aulas chegou ao ponto de fazer com que os estudantes tivessem aulas com robôs e não mais professores. E é este modelo que se quer implementar também nas universidades públicas, que foram tão fundamentais neste período da pandemia, com seus Hospitais Universitários, produção de EPI’s, respiradores e inclusive vacinas.

Construir das ruas uma alternativa!

E para defender a educação, é urgente derrubar Bolsonaro! O coletivo Juntos!, que hoje está espalhado por todas as regiões do país, cumprirá 10 anos no dia 15 de julho. Desde 2011, não teve uma luta no Brasil que não estivemos presente, desenvolvendo também a solidariedade internacionalista na juventude e disputando que da nossa organização cotidiana  para responder aos tantos ataques que recebemos, também construímos um programa anticapitalista para alterar por completo a lógica dessa ordem vigente. De lá para cá muita coisa mudou, mas a verdade é que estamos diante da nossa tarefa mais ousada: derrubar o presidente fascista e genocida. 

Essa tarefa não pode ser adiada para 2022, nem podemos depositar nossas expectativas sobre um possível retorno ao passado, agitado por uma esquerda que segue apostando na conciliação de classes, tal como aposta o lulismo hoje. A unidade nas ruas não pode ser confundida com a unidade de projeto com setores que atuam contra a classe trabalhadora, como a direita que está junto com Bolsonaro para aprovar privatizações e reformas contra o povo. Para levar adiante as demandas da juventude e da classe trabalhadora, precisamos fortalecer um programa anticapitalista, que aponte para a necessidade de mudanças estruturais, que ataque os lucros dos bilionários, dos bancos, do agronegócio, das cúpulas militares e da corja corrupta instaurada no poder.

Seguir em mobilização permanente até derrubar Bolsonaro

No próximo período, devemos seguir construindo agendas de mobilização. Na nossa avaliação foi um erro, depois do 19J, ter chamado o próximo ato apenas para 24 de julho. Felizmente a própria dinâmica acelerada da conjuntura demonstrou que seria um erro não aproveitar a fragilidade deste governo e seguir indo de forma mais frequente às ruas. Nesse mês de julho, já temos o dia 13, que está sendo convocado por categorias como a FASUBRA, os Correios e a Frente Nacional de Luta no campo e na cidade e o dia 24, para ser mais um dia nacional de grandes mobilizações contra Bolsonaro. 

A UNE precisa ser parte disso, mas entendendo que precisamos de novos métodos de construção. A juventude não quer mais só assistir, quer ser protagonista. Precisamos expandir as convocatórias desde as bases que estamos, construindo assembleias participativas e chamando aqueles que estão indo às ruas para debater os rumos da luta. A luta à quente que o Brasil vive, precisa acumular para a auto organização dos estudantes, entendendo que nossos desafios também não terminam com a saída de Bolsonaro da presidência. Como sempre cantamos e pulamos nas ruas: juventude é revolução! E queremos te convidar para fazer parte dessa luta conosco. Na próxima semana, o Juntos! realizará reuniões e plenárias abertas nas universidades para debater nossa tese ao Congresso da UNE e o futuro da luta contra Bolsonaro. Vem com a gente!

Preencha o formulário e receba a nossa tese para o Congresso em https://forms.gle/bsR3GpteUAesV9nH7


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