EDITORIAL: Por um Tsunami Antifascista – estudantes em mobilização permanente!
Ato Cultural Fora Bolsonaro em Belém (acervo próprio)

EDITORIAL: Por um Tsunami Antifascista – estudantes em mobilização permanente!

Contra o imobilismo, precisamos criar mobilizações estudantis por todo país e colocar o movimento dos estudantes como exemplo de luta permanente

O dia 2 de outubro, última data da campanha Fora Bolsonaro, mostrou as potencialidades da mobilização pela saída do presidente genocida e as debilidades de sua direção. As manifestações que foram organizadas conseguiram ser maiores que o 7 de setembro bolsonarista, ou seja, foram vitoriosas em demonstrar que a correlação de forças segue desfavorável para a extrema-direita. Porém, em um momento onde aumenta a fome, o desemprego e a rejeição do bolsonarismo, o repúdio social que tem se voltado contra o governo ainda não se expressou em uma explosão das ruas com manifestações de massas.

Isso não é ao acaso, é uma estratégia – agora dita abertamente – da direção lulista. A construção de atos somente de mês em mês, durante feriados e fins de semana, se somou, nas últimas manifestações, com um modelo mais eleitoral de ato. Cidades como São Paulo e o Rio de Janeiro focaram em grandes palanques com estrutura e discurso eleitorais – a lógica imposta é que Bolsonaro não deve mais sair pelo Impeachment, mas por uma derrota nas eleições de 2022. Lula, que não chamou nenhuma manifestação de rua e muito menos participou de alguma, mais uma vez demonstrou que sua tática é puramente eleitoral e o método é a concertação com os partidos da burguesia.

Essa estratégia política – que não é recente, mas agora é mais aberta – é um dos fatores fundamentais do porquê as mobilizações no Brasil não chegaram à escala dos milhões e não atingiram o tamanho que poderiam e que outros países, como Chile e Colômbia, alcançaram durante a pandemia. Tanto a burguesia quanto às direções petistas sabem que se as ruas saem de seu controle, a possibilidade de saídas pactuadas do atual governo fica mais difícil, inclusive o cenário eleitoral do ano que vem. Das mobilizações populares também surgem novas alternativas de poder, como a América Latina também vem mostrando durante os últimos anos.

Por isso, é necessário dar outro sentido à luta política no Brasil. Apostar nas ruas e na mobilização permanente é uma necessidade para aqueles que acreditam que Bolsonaro precisa ser derrubado imediatamente. Em um país que acabou de sofrer um corte brutal de 92% da verba destinada à pesquisa científica, que na prática representa um verdadeiro apagão na ciência, chegou a 600.000 mortos por COVID, e tem um cenário em que a fome e a desesperança vem tomando a população, nossa política tem que estar conectada com as necessidades da maioria do povo e não com cálculos eleitorais mesquinhos.

Para isso, o movimento estudantil e a juventude têm um papel fundamental – aqueles que foram protagonistas na maioria dos atos por todo país, precisam também dar o exemplo para além dos grandes atos unitários. É preciso construir um Tsunami Antifascista que se conecte com as lutas em curso como a batalha contra a reforma previdenciária no município de São Paulo, a retirada do meio-passe estudantil em Porto Alegre, as manifestações da negritude em Novembro e marcha dos camponeses que a FNL tem organizado para o começo do mês que vem, apostando na força dos estudantes e de todos seus aliados, apontando a mobilização permanente como uma necessidade no atual cenário brasileiro. A última reunião da executiva da UNE apontou corretamente para esse caminho, agora precisamos construí-lo!

Os estudantes de Belém deram o exemplo nas vésperas do 2 de Outubro, construindo um festival estudantil pelo Fora Bolsonaro, trazendo em praça pública o debate sobre a necessidade de nos mobilizarmos já. Em Brasília, o Fórum de Estudantes Indígenas e Quilombolas também mostrou o caminho com a luta pela permanência estudantil. Dia 15 de outubro outro festival está previsto no Rio de Janeiro. Precisamos nacionalizar essas iniciativas e construir agendas permanentes, como panfletagens em conjunto com os CAs e DCEs, microfones abertos, entre tantas outras iniciativas de conexão do movimento estudantil com o povo no fortalecimento da luta contra o governo. A plenária puxada pela UNE para essa quinta-feira será importante nesse sentido.

Para derrotar Bolsonaro e superar a imobilidade daqueles que querem mais um ano desse genocida do poder, temos que ir às ruas e dar o exemplo construindo esse tsunami antifascista por todo Brasil!


Últimas notícias