Na última quinta-feira, dia 24 de março, 18 entidades que participaram do Conselho Municipal de Transporte de Belém junto com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém, SEMOB, para debater sobre o reajuste da passagem das frotas de ônibus da capital.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém, Setransbel, já possui uma campanha nos principais veículos de comunicação informando sobre as problemáticas enfrentadas pela companhia. O argumento central é a necessidade de um aumento devido ao acréscimo de 25% no preço do Diesel, algo que teria sido consequência da guerra travada na Ucrânia.

Vale ressaltar que desde 2012, a Setransbel propõe reajustes com o suposto objetivo de melhorar a qualidade do transporte público urbano. E, ainda que anteriormente as justificativas tenham girado em torno de possíveis melhorias, desta vez, pouco foi falado sobre manutenção, aumento de frotas e acessibilidade, feitos fundamentais para contornar o estado precário que os transportes públicos se inserem.

Destaca-se também as péssimas condições da atual frota de ônibus em Belém, é comum vermos na capital paraense ônibus velhos, sujos e sem manutenção, e por isso há episódios de veículos que pegam fogo sozinhos, sem cadeiras e portas, fora o transtorno causado pela irregularidade no cronograma de circulação e superlotação nos horários de pico. A reunião do dia 14 aprovou um aumento nas passagens de R3,60 para R$5,01, reafirmando a desproporção do valor cobrado em relação ao serviço oferecido. Vale ressaltar que os estados brasileiros que cobram um valor aproximado ao proposto possuem um serviço de transporte público de excelente qualidade e contam com aplicativo para localização em tempo real, boa parte da frota climatizada, além de reconhecimento facial em 100% dos veículos.
O direito ao transporte público é garantido pela constituição e, assim como saúde, segurança e educação, não deveria ser bancado pelo bolso da população.

Em meio a esse cenário, o ranking nacional de tarifas nos transportes públicos brasileiros, aponta que caso o aumento na passagem de ônibus seja aprovado, saltaremos da 25° posição no ranking das tarifas mais caras do país, para a 2° posição, ficando atrás apenas de Brasília (DF), onde a passagem custa R$ 5,50.

Na última sexta-feira (15/03), o prefeito Edmilson Rodrigues manifestou seu posicionamento de ajuste da tarifa urbana para R$4,00, o que vai contra a proposta autoritária das empresas de ônibus. Dessa forma, no sábado pela noite a SETRANSBEL pagou um comercial em horário nobre na TV e lançou um comunicado de ameaça ao povo belenense, afirmando que se a prefeitura não aprovasse o aumento em R$5,01, diminuiriam as frotas de ônibus na cidade e não haveria melhorias nos veículos Não aceitaremos intimidação dos empresários que lucram milhões enquanto o povo de Belém vive sob péssimas condições!

Assim, a ameaça da SETRANSBEL tem sido motivo de revolta para o povo belenense, sobretudo pelo movimento estudantil, que ciente dos impactos que o aumento de tarifa gera no orçamento do estudante e trabalhador, que, imersos em uma pandemia com consequências avassaladoras para o bolso e cotidiano brasileiro e, sob um governo federal que constantemente ataca a dignidade da população, não possui condições de arcar com os custos de um aumento.

O acesso a um transporte público acessível e de qualidade é um direito de todos, bem como a fluidez da mobilidade urbana da população, e não deve ser negado justo no momento em que inúmeras
pessoas tentam a retomada da jornada diária do trabalho e da educação após 2 anos de pandemia em que o desemprego aumentou.

Reivindicamos uma audiência pública para debater sobre o transporte público de maneira coletiva na cidade, além da renovação do Conselho Municipal de Transportes.

O povo não deve e não vai sorrir diante do roubo proposto para a população. Não ao aumento de tarifa nos transportes públicos em Belém.

---