Construtora Jobim é responsável por mais um ataque sorofóbico a comunidade LGBT: exigimos Punição para Gustavo Jobim!
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Construtora Jobim é responsável por mais um ataque sorofóbico a comunidade LGBT: exigimos Punição para Gustavo Jobim!

O vídeo de Gustavo Jobim reflete o ódio e o preconceito das elites contra a população LGBTQIA+ e o desrespeito a quem convive com o HIV.

João Vitor Rehbein Lucas 10 mar 2023, 15:07

Em pleno ano de 2023 somos bombardeados com discursos preconceituosos que trazem desinformação para a sociedade. Este é o caso de Gustavo Jobim, herdeiro da construtora santamariense “Jobim”, que foi premiado com o título de cidadão benemérito de Santa Maria. Gustavo, ao convidar seus funcionários para fazerem uma doação coletiva de sangue, produziu um discurso de ódio, falando que “putos e aidéticos” não deveriam doar sangue. 

Fazendo um recorte, somente em Santa Maria este ataque sorofóbico afeta 2.462 mil pessoas que fazem tratamento devido à doença e esse número aumenta caso seja somado aos dados do país todo. É importante lembrar que atualmente existem tratamentos que fazem com que as pessoas que tenham essa doença fiquem com sua carga viral indetectável, ou seja, não transmissível sexualmente. Esta é uma realidade para 85% de quem está fazendo tratamento em Santa Maria, cerca de 2,1 mil pessoas. 

Além das pessoas que sofrem com a doença do HIV, o ataque lgbtfóbico violenta uma das minorias que mais sofrem ataques no Brasil: homossexuais e pessoas trans, que historicamente são e foram associados à doenças sexuais. Resgatando a historiografia brasileira, que foi silenciada e necessita de resgate. Nos anos de 1980 surgiu a epidemia de HIV no Brasil, não demorou muito para essa doença ser popularmente chamada de “peste gay”, pois a comunidade médica e científica reforçava que o sexo entre homens era o principal fator de transmissão, discurso esse que algum tempo depois foi desmentido, cabe ressaltar que nesse período o país passava pela ditadura militar e a opressão e censura de veículos midiáticos contribuiu para a desinformação.

Durante muitos anos a discriminação com a comunidade LGBT+ pautou-se sobre o cunho sorofóbico, liam essa minoria não como pessoas, mas como potenciais transmissores da doença. A fobia nacional era tão grande que pessoas trans que eram expulsas de casa e que tinham na prostituição seu único meio de sobrevivência, carregavam consigo navalhas e quando apreendidas, cortavam-se, e como seu sangue era “sujo”, policiais as liberavam. Nesse contexto, pessoas LGBT+ que tinham suas experiências limitadas e afetadas pelo contexto social, construíram suas identidades queer a partir de tal epidemia virológica. 

Então como o sangue dessas pessoas, socialmente, era visto como transmissor viral, por muitos anos a comunidade LGBT+ foi impedida de doar sangue, tendo esse direito garantido por lei, somente em 2020, sob decisão do Supremo Tribunal Federal. O STF ainda garantiu que o crime de lgbtfobia fosse equiparado ao crime de racismo que atualmente é inafiançável. 

A Câmara de Vereadores de Santa Maria homenageou Jobim com um título de cidadão benemérito, pronunciando-se apenas para exaltar a elite de Santa Maria. Aos vereadores que aprovaram este título, uma moção de repúdio deve ser aprovada por unanimidade como mínima representação de solidariedade as vítimas.

Nós do movimento Juntos! compreendemos a necessidade de debater, de forma aprofundada, a luta contra a sorofobia para que casos como este não passem impunes perante o senso comum. Prestamos solidariedade às vítimas desse ataque e queremos que o enunciador do discurso de ódio seja devidamente responsabilizado por sua fala.


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