A aproximação entre a Universidade Estadual Vale do Acaraú e o Centro Lemann deve deixar os estudantes em alerta
Em defesa de uma educação crítica que supere o tecnicismo da educação bancária e combata os interesses do empresariado
No dia 31 de julho, Izabelle Mont’Alverne, reitora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) realizou um encontro com a diretora executiva do Centro Lemann. O projeto divulgado nas redes sociais da Universidade consiste em uma parceria para a realização de um seminário conjunto acerca do ensino na cidade de Sobral. No entanto, por que a aproximação entre a Universidade e a Fundação Lemann é tão prejudicial e por qual motivo os estudantes da UVA devem estar em alerta?
O Centro Lemann nasceu em 2021 como parte da Fundação Lemann e inspirado no modelo educacional de Sobral (não à toa surge de um acordo entre Jorge Paulo Lemman e Veveu Arruda, do PT) sob um discurso de defesa de uma educação técnica que promova equidade. Contudo, como bem sabemos, existem modelos de educação em disputa na sociedade e o modelo apresentado pela Fundação Lemann é o empresarial, cujo único objetivo é formar trabalhadores que, como mercadorias, atendam às demandas do mercado e do sistema capitalista.
Segundo Althusser, o estado capitalista promove seu projeto de dominação por meio de aparelhos ideológicos que formam o imaginário social e complementam o seu aparato repressivo. Desse modo, pode-se dizer que a atuação e a disputa da Fundação Lemann na educação correspondem a um projeto de legitimação da lógica repressiva e opressora na qual o capital atua, formando, assim, novos “capitais humanos”.
Um exemplo que pode se destacar é a sua atuação, por meio do projeto Todos pela Educação (composto majoritariamente por empresários e banqueiros), na promoção do Novo Ensino Médio. Fundado em 2006, o Todos pela Educação é protagonizado por Haddad, bilionários golpistas (tal qual Jorge Paulo Lemann) e por organizações empresariais que apoiaram e obtiveram benefícios com a Ditadura Militar (aqui falo especificamente da Fundação Roberto Marinho).
O Todos pela Educação atua em um projeto de financeirização da educação brasileira, com o intuito de prosseguir acumulando capital sob o discurso de defesa do ensino, e possui protagonismo na articulação do Novo Ensino Médio. Tal protagonismo não é sem razão, o Novo Ensino Médio tem como finalidade a redução do pensamento crítico e constante alienação dos estudantes, resultando para os estudantes de escola pública não a leitura crítica de sua realidade, mas sua adequação ao trabalho precarizado (basta olharmos para o histórico de denúncias de fraude, corrupção e exploração de trabalhadores que as empresas de Lemann recebe, a exemplo das Americanas).
Assim, a aproximação entre a Universidade Estadual Vale do Acaraú e o Centro Lemann deve deixar os estudantes em alerta para a defesa de uma educação crítica que supere o tecnicismo da educação bancária e combata os interesses do empresariado. A educação que defendemos não se rende ao mercado capitalista e nem é uma peça no tabuleiro dos bilionários, mas é uma arma crítica de análise e ação sobre nossa realidade.