Setembro verde de luta: mês da visibilidade das pessoas com deficiência
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Setembro verde de luta: mês da visibilidade das pessoas com deficiência

Setembro verde é o mês da inclusão e da visibilidade da pessoa com deficiência (pcd), comemorado para popularizar essa pauta, uma vez que pouco se diz sobre nós, mesmo que representemos parte significativa da população e precisemos ser respeitades e entendides em um contexto dominado por neurotípicos (pessoas que não apresentam divergências neurológicas) e pessoas sem deficiência.

Yadriel Rosado 26 set 2023, 15:46

Setembro verde é o mês da inclusão e da visibilidade da pessoa com deficiência (pcd), comemorado para popularizar essa pauta, uma vez que pouco se diz sobre nós, mesmo que representemos parte significativa da população e precisemos ser respeitades e entendides em um contexto dominado por neurotípicos (pessoas que não apresentam divergências neurológicas) e pessoas sem deficiência. Dito isso, é importante ressaltar a necessidade de nossa inclusão no ambiente escolar, palco de formação individual e coletiva, no qual o descuido e a desinformação ainda se fazem presentes. Em uma estrutura social pautada na exclusão do que é diferente, não é de se esperar que as relações sociais também sejam permeadas por esses preconceitos.

Dessa forma, percebe-se que agressões físicas e psicológicas ainda são comuns no nosso dia a dia, de modo a precisarmos lutar para encaixar-nos e ser minimamente respeitades em uma sociedade que já deixou evidente que não irá acolher-nos. Quantas vezes fomos mal vistes, motivo de chacota, excluídes ou vítimas de bullying por não entenderem nossas demandas? Quantas vezes fomos alvos de gritos de rispidez e de ameaças por estarem cansades de lidar com nossas diferenças, ao invés de tentarem construir um mundo que ajudassem-nos? Quantas vezes deixaram-nos em crise ou passando mal, sucessivas vezes, dizendo que inventamos nossas condições ou simplesmente ignoraram nossas demandas, por puro egoísmo?

Nesse contexto, o ambiente escolar, que deveria servir para inserção social e aprendizado, torna-se local de tortura. É necessário um preparo de educadores e de profissionais, a conscientização dentro das próprias escolas para promover um ambiente mais seguro. O que esperar de uma sociedade em que desde cedo crianças, pcd’s ou não, são expostas ao descuido e ao negligenciamento das demandas daqueles que “fogem do padrão”? Recentemente circulou no fantástico uma reportagem que revela o descuido das escolas com neurodivergentes (pessoas que apresentam alguma diferença no desenvolvimento neuropsicológico) e é com pesar que afirmo que situações como as retratadas chegm a ser mais comuns que receber apoio e compreensão de uma sociedade que nos taxa como louques.

É cansativo não pcd’s negligenciarem demandas de pessoas com deficiência, tratando-nos como pessoas que só querem atenção e que não são bem educadas. Nossas condições, sejam elas qual for, não podem ser deixadas de lado para manter a ordem vigente, algo que historicamente ocorre.

 O sistema capitalista da forma que está instituído não abarca-nos, esquece-se de nós e nos marginaliza. A urbanização desenfreada, a divisão internacional do trabalho, a estruturação de classe, nada disso foi pensado para nos deixar confortáveis e atender a população como um todo, muito menos às nossas necessidades, pelo contrário, somos indesejáveis em um sistema que só quer pessoas padronizadas que possam ser vendidas como mercadoria, que quer produtividade acima de tudo, mesmo que enfrentemos nossos próprios problemas pessoais. E se o próprio sistema em que vivemos nos nega, obviamente nossas relações pessoais fazem o mesmo.

Para além do setembro verde, é importante incluir, buscar o companheirismo e atender as necessidades de pessoas com deficiência. A nossa luta não se resume apenas a esse mês, do mesmo modo que não se resume a apenas nós, todes deveriam estar engajades em tornar o mundo um lugar mais justo e acolhedor.


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