As eleições de 2024 carregam dois elementos fundamentais na disputa das cidades: a luta contra a extrema-direita e o neoliberalismo. Nos últimos anos vivemos um período de fortalecimento da crise política no mundo o que permitiu uma renovação da extrema-direita internacionalmente. Os anos de governo Bolsonaro deram vida a um projeto que ia além da figura do presidente, fortalecendo representantes de uma agenda reacionária também nas cidades. Com a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022 conseguimos frear parte das ofensivas da extrema-direita, mas isso não significou um fim da disputa. Os limites que o governo Lula e muitos de seus representantes colocam nas cidades demonstram, como a defesa de uma política econômica baseada na lógica neoliberal do arcabouço fiscal, demonstram a necessidade de ampliar um programa real de reivindicações para a juventude, como forma de fortalecer um espaço político radicalmente contrário ao ocupado pelo bolsonarismo.

 As eleições municipais de 2024 serão, portanto, parte fundamental na luta contra a extrema-direita, derrotando seus representantes nas urnas, mas especialmente ganhando para o lado de cá a consciência das massas e apresentando um programa de transição para as cidades brasileiras. A juventude é parte imprescindível nesse processo. Somos gerações de jovens que já experienciaram alguns importantes momentos históricos de disputa geral dos rumos políticos do país. As jornadas de junho de 2013, a Primavera Feminista em 2015, a Greve Geral de 2017, o Ele Não em 2018, o Levante dos livros em 2019 e todas as lutas que sucederam contra o governo Bolsonaro, todas essas moviementações tem tres pontos em comum: 1. a autoorganização dos movimentos, 2. a luta contra a extrema-direita e 3. a disputa de um programa politico de país. Somos gerações de jovens que, a partir dos acúmulos das ruas, apresentam um programa geral de disputa das cidades com elementos centrais que a juventude brasileira precisa defender. A política das nossas cidades não pode seguir sendo definida por um punhado de ultra-ricos, sem levar em conta o interesse da maior parte da população. Por isso, queremos apresentar um programa mínimo para todos aqueles que vêm construindo essa luta conosco.

10 PONTOS EM DEFESA DE UMA CIDADE ECOSSOCIALISTA

1. Tarifa Zero Já! Uma cidade sem transporte para todos é uma cidade segregada!
2. Contra a criminalização da cultura popular! Slam, Rap, Carnaval e Baile Funk são expressões artísticas e precisam ser valorizadas!
3. Por mais investimento da educação! As escolas não podem seguir sem professores, merenda ou climatização. Pela construção de um programa de cursinhos populares para vestibulares nos municípios. A juventude precisa de condições básicas para estudar.
4. Em defesa dos direitos dos trabalhadores! Por programas de emprego para a juventude! Contra a repressão de camelôs e pela garantia dos direitos básicos para os trabalhadores de aplicativos.
5. Por uma cidade das mulheres! Mais de 86% das mulheres já foram assediadas no transporte público, por um programa de combate efetivo! Por acesso ao aborto seguro e legal!
6. Por uma revolução ambiental nas cidades! Em defesa das áreas de pr eservação, contra a grilagem e pela arborização das cidades
7. Precisamos combater as máfias dos transportes, obras públicas e afins! Por auditorias independentes das empresas privadas que façam licitações com os governos e audiências sobre a estatização do transporte público!
8. Nenhuma pessoa sem casa, nenhuma casa sem pessoa. Por programas de moradia popular que garantam condições de vida para todos. Por mais políticas contra a especulação imobiliária e por subsídios que apoiem políticas de moradia popular.
9. Contra a internação compulsória e as comunidades terapêuticas como política dos municípios
10. Posição firme contra o genocídio da juventude negra nas favelas e dos massacres cometidos em operações policiais! Pelo combate ativo às relações das cidades com milicianos e grupos de extermínio.