Com a força da juventude, esmagar a extrema direita e disputar um programa de esquerda em SP
Defendemos que a juventude pode ter um papel central na definição de uma campanha-movimento que esquente a temperatura das disputas políticas e expresse o senso de urgência em derrotar a extrema direita mais uma vez nas urnas, apontando um caminho de mobilização para defender um programa para os debaixo
As eleições municipais de São Paulo começaram quentes. A disputa eleitoral na maior cidade do Hemisfério Sul, onde se concentra o capital financeiro do país, será crucial para as disputas políticas do próximo período. Mais uma vez, as eleições se encaminham para uma polarização entre um campo democrático, representado por Guilherme Boulos do PSOL, e um campo reacionário da extrema direita, onde Pablo Marçal e Ricardo Nunes disputam o protagonismo. Nesse sentido, defendemos que a juventude pode ter um papel central na definição de uma campanha-movimento que esquente a temperatura das disputas políticas e expresse o senso de urgência em derrotar a extrema direita mais uma vez nas urnas, apontando um caminho de mobilização para defender um programa para os debaixo. Este papel que cabe à juventude não pode ser outro: apostar nas mobilizações para enterrar Marçal e Nunes e postular uma alternativa de esquerda que não teme dizer seu nome.
A campanha de Guilherme Boulos
A candidatura de Guilherme Boulos em 2020, ao lado de Luiza Erundina, surpreendeu a todos, tomou as ruas e derrotou a burocracia petista da cidade, que há anos já mostrava sua fragilidade e incapacidade de renovação a partir de figuras com apelo de massas. A campanha de Boulos e Erundina foi capaz de postular uma alternativa de esquerda na cidade de São Paulo após o desgastado governo de Haddad. Apesar da série de discordâncias que apresentávamos, e apresentamos, com o programa expresso por Boulos, a campanha de 2020 mostrou a cara de uma esquerda renovada e com capacidade de dialogar com a juventude, algo que somente o PSOL poderia fazer. A quase-virada naquelas eleições demonstrou que não era preciso ser parte dos “acordões” da velha e pequena política, nem fazer pactos com os grandes empresários ou tampouco de 5 minutos de propaganda na televisão para construir uma alternativa real e viável para a população de São Paulo.
Chegamos nas eleições de 2024 com a memória e a experiência de 2020. Seria lógico, portanto, construir mais uma vez uma campanha-movimento, com a memória recente de ter sido a cidade que derrotou Bolsonaro e Tarcísio nas urnas. A opção de Boulos, no entanto, foi de se desvencilhar de seu histórico militante e se apresentar como um “gestor”, como se “gerir bem” o orçamento da cidade de São Paulo fosse suficiente para acabar com as desigualdades e com a precarização dos serviços públicos. Nesse sentido, não há em sua campanha uma disputa ideológica profunda que denuncie as estruturas do sistema político-econômico que oprime o conjunto da classe trabalhadora.
Sabemos, no entanto, que Boulos é nossa única chance para derrotar a extrema direita em São Paulo e para construir uma prefeitura que freie a lógica privatista e autoritária presente na gestão de Ricardo Nunes. Para isso, porém, será necessário ir para além das grandes fórmulas marketeiras que guiam a campanha de Boulos, buscando dialogar e organizar a indignação que está também na raiz do crescimento da extrema direita na cidade.
O avanço da extrema direita
O atual prefeito Ricardo Nunes se forjou como político na direita tradicional e no centrão, em seu primeiro mandato como vereador foi base de apoio na Câmara do ex-prefeito Fernando Haddad, posteriormente construiu a candidatura de Marta Suplicy em 2016 e, depois, foi também base de João Dória. Sua trajetória política mostra como Nunes sempre esteve a serviço da velha política, dos acordos oportunistas entre os grupos políticos que mandam e desmandam em São Paulo há décadas. Sua adesão ao bolsonarismo se deu recentemente, diante de um contexto de polarização que muito limitou o potencial eleitoral da direita tradicional, basta vermos a implosão do PSDB em São Paulo, que até poucos anos atrás possuía a maior bancada de vereadores e governava a cidade.
O “elemento surpresa” dos últimos dias foi a ascensão de Pablo Marçal. Com respostas duras e diretas, falando sempre “o que pensa”, o ex-coach conseguiu subir 7 pontos na pesquisa Datafolha após o primeiro debate eleitoral, desidratando Nunes e Datena e chegando ao 2º lugar da disputa. Seu discurso “bolsonarista radical” busca colher os votos mais ideológicos da extrema direita, da parcela da população disputada pelas igrejas neopentecostais da prosperidade e pelos influencers do empreendedorismo e do coaching; mas erra quem acha que esses são os únicos apelos de Marçal. Seu apelo deriva também de sua postura que aparenta ser antissistema, de denúncia do sistema político e de seus “colegas” de disputa eleitoral que, convenhamos, se portam de acordo com a “etiqueta” da política tradicional. Ele encontra solo fértil em uma juventude já sem perspectivas de futuro diante da crise capitalista que vivemos, que cresceu ao longo dos governos petistas pela promessa do consumo e da melhora de vida, e que, ao chegarem à vida adulta, tiveram suas expectativas frustradas e agora se indignam.
Sabemos, no entanto, que Pablo Marçal não é antissistema. Ele é o maior exemplo de alguém que se aproveitou e se aproveita do sistema para se enriquecer às custas da classe trabalhadora. Uma futura prefeitura de Pablo Marçal seria um festival de corrupção, de acordos com os empresários e com o crime organizado, em que todos os serviços públicos seriam desmontados e abandonados e os discursos misóginos, racistas e LGBTQIA+fóbicos se transformariam em políticas públicas. Nossa hierarquia deve ser esmagar e desmoralizar esse bandido.
O papel da juventude
A juventude antifascista paulistana precisa ser linha de frente em construir a campanha de Guilherme Boulos a partir de panfletagens e atividades. Mas isso não basta. As mais recentes pesquisas mostram uma estabilização do percentual atingido por Boulos e um crescimento de Pablo Marçal. Apostar na construção de uma frente ampla engessada e em uma campanha tradicional, dirigida por marketeiros, que se limita a disputar os rumos das eleições pela superestrutura, se mostra uma tática insuficiente e questionável. Precisamos de uma campanha à quente, que dispute um programa de esquerda na cidade e tenha como estratégia as mobilizações capazes de emplacar derrotas aos governos de Tarcísio de Freitas e de Ricardo Nunes.
Ao mesmo tempo, Boulos deve apostar no discurso de desmoralização de Pablo Marçal, um bandido golpista que não conhece a cidade de São Paulo. É necessário denunciar que Nunes e Marçal são dois lados de uma mesma moeda, representações diferentes de um projeto de sociedade que quer colocar policiais militares dentro de escolas para agredir e reprimir estudantes; que quer minar qualquer espírito de solidariedade ao tentar, por exemplo, proibir a distribuição de alimentos para moradores de rua; que quer precarizar os serviços públicos, acabar com o SUS e com o transporte coletivo em aliança com o crime organizado.
A campanha “paz e amor” de Boulos não demonstra qualquer capacidade de ganhar maioria social. Nos últimos anos, “paz e amor” são o oposto do que a maioria do povo sente. O que predomina é um sentimento legítimo de indignação, de pessoas que já perceberam que esse sistema político não as cabe. Guilherme Boulos anula a capacidade de se aproximar dessas parcelas do eleitorado ao se parecer cada vez mais com mais um dos políticos tradicionais. Acreditamos que é papel da juventude indignada virar esse jogo e construir uma campanha eleitoral conectada com as nossas batalhas.
Para fazer isso, é necessário reafirmar a responsabilidade coletiva de derrotar a extrema direita, postulando o senso de urgência de varrer da prefeitura de São Paulo o sujeito que é responsável pela intensificação da precarização da educação e dos serviços públicos do município, pelo fechamento do serviço de aborto legal do Hospital Nova Cachoeirinha, por tentar emplacar obstáculos à realização da maior Parada LGBTQIA+ do mundo e por estar lado-a-lado de Bolsonaro. Postular também a urgência em esmagar Marçal, um bandido sem escrúpulos, que tem como único compromisso o próprio enriquecimento e que se utiliza de um falso discurso antissistema para ocultar que ele próprio é a expressão do oportunismo político e da corrupção sistemática.
Na França, a juventude foi um dos principais setores a irem às ruas para pressionar as direções das organizações progressistas a construírem uma unidade com um programa de esquerda para enfrentar a extrema direita. Com propostas avançadas, que iam no cerne dos problemas reais da população francesa, a Nova Frente Popular se tornou vitoriosa graças ao programa imposto pelas mobilizações populares. Essa deve ser nossa bússola! Ao longo das próximas semanas, estaremos nas ruas construindo a campanha para eleger Guilherme Boulos e para derrotar Ricardo Nunes e Pablo Marçal, mas estaremos também apostando na construção de cada luta que surgir em cada canto da cidade. Nossa estratégia deve ser construir mobilizações populares para desmoralizar os fascistas e para emplacar um programa de esquerda que não se limite à gestão da prefeitura, mas que vá além e encampe as mais progressivas lutas rumo a uma concepção total de sociedade.
Apostamos na força da juventude que se indigna e que sonha para avançarmos na luta antirracista, anticapitalista, ecossocialista, LGBTQIA+ e feminista. Defendemos que a expressão de todas essas batalhas é a candidatura de Luana Alves, militante incansável forjada no movimento estudantil com o Coletivo Juntos!, no movimento negro, na educação popular e no trabalho no SUS. Luana é a síntese de dezenas de lutas tocadas coletivamente, por isso ela é capaz de aglutinar ativistas e militantes das mais diversas origens em torno de um programa de esquerda.
Nos vemos nas ruas, com a indignação que nos move para eleger Luana Alves 50500 e Guilherme Boulos 50, para esmagar a extrema direita e ganhar mentes e corações para a luta anticapitalista!