Na tarde deste domingo, dia 22 de Dezembro de 2024, a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada na cidade de Estreito-MA, desabou, comprometendo um dos principais pontos de conexão entre as fronteiras dos estados do Maranhão e Tocantins. A estrutura, que atravessa o Rio Tocantins, foi inaugurada em 1960 e, desde então, não passou por reformas significativas, apesar das constantes cobranças da população. Até o momento, foram confirmadas duas mortes e doze pessoas permanecem desaparecidas.

O colapso da ponte também resultou na queda de três caminhões, dois deles transportando produtos químicos altamente perigosos, como ácido sulfúrico e agrotóxicos. Esse acidente expõe a região a mais um desastre ambiental, que afetará não apenas a população ribeirinha, já impactada desde a instalação da Usina Hidrelétrica de Estreito, mas também as cidades ao longo do curso do rio. Por conta do desastre, o abastecimento de água nessas localidades foi interrompido devido à suspeita de contaminação. Uma das substâncias derramadas ainda não foi identificada, ampliando os riscos à sobrevivência do ecossistema e da biodiversidade do Rio Tocantins.

Esse desastre anunciado evidencia a fragilidade de nossa democracia burguesa e o fracasso do projeto de desbravamento da Amazônia, iniciado com a construção dessa ponte. Agora, a estrutura desaba, levando consigo os insumos e combustíveis do “dragão do agro” — símbolo de um sistema que consome e corrompe as vidas que aqui habitam. Não houve sinalização, bloqueio ou aviso; era preciso priorizar o escoamento do lucro em detrimento da vida. A agonia que nos consome hoje é a mesma que, silenciosamente, há décadas engole aqueles que lutam contra os cabrestos que ainda nos guiam.