A HIGIENIZAÇÃO, O PROJETO NEOLIBERAL E OS DESTINOS DO ME NA UEMASUL
Resposta à posição vergonhosa da atual gestão do DCE e à perseguição política sofrida pelos estudantes
Com o avanço do neoliberalismo, o projeto educacional no Brasil tem sido progressivamente capturado por uma lógica que reconfigura os sentidos da educação, deslocando-a de um horizonte emancipador e crítico para uma perspectiva voltada exclusivamente aos interesses do capital. Os efeitos dessa política também atravessam a atuação de entidades que, outrora, representavam e expressavam a resistência das vozes dissonantes no interior das universidades, promovendo debates críticos e posicionando-se como sujeitos políticos. Hoje, esses espaços se veem subjugados a processos de burocratização, higienização e perseguição política, como bem se observa na UEMASUL.
Tendo como patronos militantes históricos como Nice Rejane, Isaac Ferreira e Josias Morais, o Movimento Estudantil da UEMASUL acumula um legado de conquistas que vão desde a implantação de políticas de permanência estudantil até a criação da própria universidade e sua independência em relação à UEMA de São Luís. Em vários momentos decisivos, veio a somar forças com movimentos nacionais em defesa da educação pública e assumiu uma postura combativa diante de casos de violência e assédio moral dentro da universidade, e conquista de direitos. Mais recentemente, o ME protagonizou intensos processos de luta, como em 2023 em apoio à greve salarial dos professores, conseguindo mobilizar estudantes de diversos cursos em apoio à greve organizando uma ocupação que durou quase uma semana e resultando em diversos saldos políticos. Todas essas fruto do acumulo dos debates pautados do interior do movimento estudantil através dos seus diretórios, centros acadêmicos e organizações políticas.
No entanto, nesta nova fase, é questionável a maneira como esses mesmos espaços estão sendo conduzidos, refletindo uma virada conservadora alinhada às agendas neoliberais. Isso se torna evidente quando analisamos as diversas tentativas de higienização do espaço, especialmente em relação à sala do DCE, que recebeu recentemente mais um “banho de tinta”, ocultando as intervenções artísticas que ali estavam, sintetizando uma tentativa de apagamento da memória e identidade do Movimento Estudantil da UEMASUL. Por pouco também se vai a mandala localizada na fachada da sala, símbolo de resistência dos que vieram antes. Hoje, o DCE pode ser facilmente confundido com qualquer outra pró-reitoria ou órgão institucional da universidade, com suas paredes de gesso totalmente brancas, esvaziadas de sentido político e aparelhada aos interesses da gestão.
Cabe aqui denunciar, também, a perseguição política sofrida por estudantes que, mesmo diante de um cenário hostil, seguem empenhados em politizar os espaços universitários, enfrentando cotidianamente as estruturas de poder e “dando a cara a tapa” na defesa de uma universidade mais democrática e plural.
Em época da formação de caravanas para participação em congressos de educação, é passível de questionamento, que tipo de educadores tem se formado na UEMASUL? O por que intervenções questionando a logica neoliberal debatida na maioria dos trabalhos acadêmicos causaram tanto incomodo aos estudantes de licenciatura da universidade? Será se esse tal senso critico desses “pesquisadores” apenas se limitam aos paineis a serem apresentados no CONEDU?
Ou como sugere uma cara educadora que por muito tempo também caminhou por esse corredores: Será se eles realmente leem o que estão escrevendo??
Até onde vai o cinismo?
Por fim, é preciso questionar: a quem interessam as tentativas de silenciamento, a higienização e a perseguição política presentes nos corredores da UEMASUL? Defendemos um Movimento Estudantil democrático e combativo, que encontre sentido em suas próprias lutas, honrando o legado dos que vieram antes, disputando espaços e defendendo o projeto de uma educação crítica e emancipadora.