A greve dos estudantes da Medicina Unicamp mostra o caminho: é nas ruas que barramos as privatizações!
A auto-organização dos estudantes da Medicina da Unicamp é um exemplo nacionalmente de luta contra as privatizações, em defesa da saúde pública e das nossas universidades
A precarização das universidades públicas não é uma novidade: a nível federal, o arcabouço fiscal de Lula e Haddad avança em cortes da educação e ameaça o futuro da educação; a nível estadual, Tarcísio é declaradamente um inimigo das estaduais paulistas – ainda que não tenha articulado um golpe direto às universidades pela correlação de forças estabelecida, aos poucos tenta inserir a iniciativa privada dentro das nossas universidades, como é o caso da tentativa de privatizar o Hospital Estadual Sumaré (HES) e tirá-lo da gestão da UNICAMP.
É nesse contexto que estudantes de Medicina da Unicamp constroem uma mobilização de mais de 6 meses para que o HES não seja mais um alvo da política privatista mortal do governo Tarcísio de Freitas. Há pouco mais de uma semana, decretaram greve com uma forte adesão de todo o curso, com protagonismo de seu Centro Acadêmico, o CAAL, em um processo protagonizado por estudantes cotistas que têm a consciência de que a privatização afeta, principalmente, os mais pobres e as pessoas negras. O esforço da greve não tem como foco somente as batalhas locais, dos estudantes de Medicina, mas busca ativamente a conexão com os trabalhadores do HES e com a população que hoje depende desse aparelho de saúde.
Nós do Juntos! defendemos desde o início essa greve como forma de arrancar vitórias e de demonstrar que a luta deve ser o método prioritário do movimento estudantil. Essa mobilização já transpassa as próprias barreiras de um curso: mais de 15 institutos se mobilizaram em uma paralisação, com destaque a assembleias lotadas, com mais de 100 estudantes, na Engenharia Mecânica, na Engenharia Civil e no Instituto de Geociências, locais em que estivemos na linha de frente da defesa da expansão da luta contra a privatização. Temos a certeza de que a auto-organização dos estudantes é inegociável e batalhamos para que os estudantes confiem em sua própria força.
Um destaque importante que sentimos a necessidade de fazer é sobre o papel que hoje cumpre o Coletivo Afronte dentro da nossa universidade. Na recente eleição para o Congresso da União Nacional dos Estudantes atuaram para reabilitar setores atrasados do movimento estudantil, que são comprometidos, em primeira instância, com a defesa do governo federal, e não com as lutas protagonizadas pelos estudantes. Essa prática se reflete na posição que tiveram na construção dessa paralisação: em seus cursos, descredibilizararam a greve – no IFCH, um instituto que protagonizou diversas lutas da nossa universidade, tiveram dificuldades de construir uma assembleia com quórum mínimo para deliberar sobre o processos de luta e tentaram se negar a construir uma nova assembleia para tentar, novamente, aprovar a paralisação. Apesar dessa movimentação, os estudantes deram um recado: construíram uma nova assembleia e aprovaram a inserção do instituto na paralisação.
Defendemos e lutamos para que essa mobilização siga se expandindo, com a confiança na força do movimento estudantil para transformar a realidade. A auto-organização dos estudantes da Medicina da Unicamp é um exemplo nacionalmente de luta contra as privatizações, em defesa da saúde pública e das nossas universidades. Levamos como exemplo, também, Mariana Conti, nossa combativa vereadora que foi uma liderança do movimento estudantil da Unicamp e hoje trava batalhas contra a extrema direita e contra as políticas privatistas de Dário e de Tarcísio.
Por isso, convidamos todes que estão se engajando nesse processo a se organizarem politicamente para disputar um outro futuro, que seja anticapitalista e que enfrente qualquer projeto de privatização e precarização! Organize-se com o Coletivo Juntos!