MANIFESTO DO JUNTOS! RUMO AO XLIII ENCONTRO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL
Reprodução: ENESSO

MANIFESTO DO JUNTOS! RUMO AO XLIII ENCONTRO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL

O Juntos! estará presente no Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESS) para reafirmar, mais do que nunca, a importância de um serviço social crítico e comprometido com a transformação radical da sociedade. Diante da ascensão da extrema-direita, dos ataques imperialistas de Trump, do genocídio em Gaza e do desmonte dos direitos sociais, é urgente levantar nossas bandeiras e reativar o movimento estudantil de serviço social a serviço da transformação do mundo. Esse manifesto é nosso ponto de partida para o debate no ENESS e para a construção coletiva que seguirá nos dias seguintes

Juntos! Serviço Social 8 set 2025, 20:10

1. Quem somos e por que estamos aqui

O Juntos! é um coletivo de juventude que atua nacionalmente na luta por uma sociedade anticapitalista, ecossocialista, feminista e antirracista. No Serviço Social, nos colocamos lado a lado da ENESSO para defender um movimento estudantil combativo, autônomo e enraizado nas lutas da classe trabalhadora. Somos parte de uma geração que não aceita neutralidade frente às opressões, ao autoritarismo e ao neoliberalismo que destroem nossas universidades e nossas vidas.

No XLIII ENESS reafirmamos que o movimento estudantil de Serviço Social tem uma tarefa histórica: reconstruir sua força de base, manter sua independência diante de governos e partidos e recolocar a mobilização nas ruas como centro da ação política. Este encontro precisa ser mais que um espaço de debate. Deve ser trincheira de formação crítica, de unidade real construída a partir da base e de organização para enfrentar a extrema-direita e a continuidade do projeto neoliberal no Brasil.

2. A conjuntura que enfrentamos

Vivemos uma crise estrutural do capitalismo que combina aprofundamento da desigualdade social, crise climática e avanço das opressões. O neoliberalismo segue sendo o eixo das políticas econômicas no Brasil, sustentado por diferentes governos e pelo arcabouço fiscal que garante lucros ao sistema financeiro enquanto nega recursos para educação, saúde e políticas sociais. A vitória de Lula em 2022 representou um freio à escalada autoritária do bolsonarismo, mas não significou ruptura com a lógica neoliberal. A extrema-direita continua organizada, enraizada em parcelas da sociedade e disputando a consciência da classe trabalhadora, enquanto a política de conciliação de classes limita a capacidade da esquerda de mobilizar nas ruas.

Essa correlação de forças evidencia que a democracia brasileira permanece tutelada pelos interesses do capital. A cada corte no orçamento das universidades, a cada privatização indireta ou avanço do ensino à distância, reforça-se que não haverá projeto popular sem enfrentar os pilares do neoliberalismo. Para a juventude, isso se traduz em precarização das condições de estudo, crise de permanência, aumento da exploração do trabalho, violência racista, machista e LGBTfóbica e degradação ambiental. O mesmo sistema que corta bolsas e fecha restaurantes universitários é o que permite o colapso de barragens e legitima o genocídio de povos no Brasil e no mundo.

Diante desse cenário, não cabe neutralidade. Nossa tarefa é enfrentar a extrema-direita sem cair na passividade governista. É recolocar o movimento estudantil nas ruas, lado a lado com a classe trabalhadora, denunciando as contradições da conciliação e apresentando um horizonte de transformação social radical.

3. Como pensamos o Serviço Social

O Serviço Social brasileiro tem em sua história a marca de ruptura com o conservadorismo e de alinhamento aos interesses da classe trabalhadora. O projeto ético-político da profissão afirma a defesa intransigente dos direitos humanos, da democracia e da emancipação humana, em perspectiva anticapitalista, antirracista, feminista e anticapacitista.

Para nós, esse projeto não é apenas uma diretriz formal, mas uma tarefa concreta de luta cotidiana. Em meio ao avanço do ensino à distância, à mercantilização da educação e às pressões por um exercício profissional subordinado ao mercado, reafirmamos que o Serviço Social deve ser crítico, radical e comprometido com a transformação social. Isso significa compreender que a formação de assistentes sociais não pode se restringir a competências técnicas. Ela deve estar organicamente vinculada à crítica da sociabilidade capitalista, à denúncia das desigualdades estruturais e à defesa de alternativas que articulem justiça social, democracia radical e sustentabilidade ambiental.

O movimento estudantil de Serviço Social é parte desse processo. Cabe a nós construir espaços de formação e mobilização que fortaleçam o caráter coletivo da profissão e resistam às tentativas de diluir sua perspectiva classista. O Serviço Social que defendemos é aquele que se coloca do lado dos povos oprimidos, dos trabalhadores explorados e das juventudes que lutam por um futuro livre das amarras do capital.

4. O que propomos para a ENESSO e para o XLIII ENESS

A ENESSO é patrimônio histórico da juventude de Serviço Social. Diferente da UNE, que se tornou instrumento de conciliação, a ENESSO se construiu como entidade autônoma, crítica e classista. Nossa tarefa hoje é defendê-la de qualquer tentativa de cooptação governista e reafirmar seu papel como instrumento de mobilização radical da base estudantil.No XLIII ENESS, precisamos transformar este encontro em um espaço vivo de formação e organização. Isso significa:

  • Reafirmar a independência da ENESSO diante de governos e partidos, mantendo sua linha de enfrentamento ao neoliberalismo.
  • Reconstruir o trabalho de base, fortalecendo Centros e Diretórios Acadêmicos, articulando-se com movimentos sociais e retomando a mobilização de rua como método central de luta.
  • Lutar contra o arcabouço fiscal e as políticas de austeridade, defendendo mais orçamento para universidades, assistência estudantil e permanência.
  • Rejeitar a mercantilização da formação e o avanço do ensino à distância, defendendo uma educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.
  • Enfrentar as opressões estruturais — racismo, machismo, LGBTfobia, capacitismo — não como pautas secundárias, mas como parte inseparável da luta anticapitalista.
  • Integrar o ecossocialismo à luta da ENESSO: Reconhecer que a destruição ambiental, a crise climática e o modelo econômico extrativista são produtos do capital predatório que explora estudantes, trabalhadores e comunidades marginalizadas, entendendo que justiça ambiental e social são indissociáveis.
  • Apostar na formação política crítica e na radicalização democrática da entidade, garantindo que a unidade seja construída a partir da base, e não como instrumento de silenciamento de divergências.

O XLIII ENESS deve ser ponto de virada: um espaço para reorganizar as forças combativas, formar novas lideranças e recolocar a juventude de Serviço Social na linha de frente da luta contra a extrema-direita, o neoliberalismo, todas as formas de opressão e a destruição da vida no planeta.


Imagem O Futuro se Conquista

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