MANIFESTO ESCOLAS CONTRA O FIM DO MUNDO
Se querem que sejamos a geração do fim, responderemos sendo a geração do começo. Porque o mundo ainda pulsa e é na sala de aula que ele pode reascender. Lutamos por um mundo onde viver não seja privilégio, onde a escola seja mais do que sobrevivência, seja construção de um futuro. Onde a juventude não morra com o planeta, mas o salve!
Vivemos um momento de crise generalizada, sentimos na pele os efeitos da crise climática, e do esgotamento de um sistema político que não representa a classe trabalhadora. O projeto neoliberal da extrema direita quer vender a educação e rifar qualquer perspectiva de futuro para a nossa juventude. Enquanto isso, o nosso planeta aquece e as escolas derretem. As salas de aula viraram estufas, ou se não, são as enchentes que tomam os corredores. O planeta já atingiu o seu limite! O mundo que herdamos está sendo destruído diante de nossos olhos. O capitalismo, com sua lógica de lucro acima de tudo, devora florestas, seca rios, sufoca cidades e trata nossas vidas como descartáveis. Ele transforma o trabalho em exaustão, a natureza em mercadoria e o futuro em dívida. Cada deslizamento que mata famílias, cada enchente que engole bairros periféricos, cada seca que deixa comunidades sem água é a prova de que esse sistema é uma máquina de destruição.
Mas, somos nós a geração que dará um basta a tudo isso!
Entendemos que o projeto do fim do mundo orquestrado hoje pelos ricaços e pela direita perpassa pela crise ambiental, pela crise de investimento na educação e por uma crise de alternativa. Hoje a extrema direita testa o maximo de seu projeto e o limite da barbárie com o genocídio do povo palestino na faixa de gaza, onde fazem um laboratório da morte, levando a violência brutal ao extremo e promovendo a limpeza étnica de um povo. A Palestina é simbólica para a nossa luta, porque de um lado representa tudo de pior que a direita é capaz de construir, como a destruição, morte e zonas de sacrifício. Como também nos mostra que a única saída pro fim do mundo é a luta, a solidariedade dos povos e da classe trabalhadora internacional. Se o projeto da extrema-direita é destruir o mundo — com guerras, devastação ambiental e cortes na educação —, o nosso projeto tem que ser o contrário: reconstruir, com solidariedade, luta e organização. E isso começa na escola. Os grêmios e entidades estudantis são uma ferramenta de resistência. Enquanto bombardeiam a Palestina, cortam verbas da nossa escola. Por isso, lutar por educação, por justiça e por direitos é também lutar contra o fim do mundo.
Sabemos que o que vem acontecendo não é natural! Tudo isso é fruto de um projeto de sociedade que coloca o lucro acima de qualquer coisa, seja através da exploração do trabalho, mas também dos recursos naturais. Enquanto bilionários priorizam o lucro, a crise se agrava, e nossa geração que já nasce precarizada enfrenta os efeitos disso até às últimas consequências. É preciso dar nome aos responsáveis pela crise ambiental. Hoje os 1% mais ricos são os que mais contribuem para a intensificação das mudanças climáticas, enquanto nós os 99%, a classe trabalhadora, é quem menos contribui e é mais atingida. Não podemos normalizar o apocalipse, o capitalismo se baseia justamente no colapso ambiental e no uso máximo dos recursos naturais, além de se perpetuar através das desigualdades. As mudanças climáticas são o resultado dessa lógica de exploração e desenvolvimentismo, por isso é necessário entender que a crise é de um caráter intensamente político e sistêmico. Não é possível lutar por uma sociedade ao nível dos nossos sonhos, por uma educação de qualidade, sem compreender que o tema ambiental diz respeito a nossa existência na terra. A vitória dos trabalhadores na luta de classes é a única alternativa de sobrevivência!
As escolas são territórios de disputa: querem transformá-las em fábricas de obediência, sufocando o pensamento crítico e militarizando nossos corredores. Querem calar nossas vozes e nos ensinar a aceitar o inaceitável. Mas nossas salas de aula podem ser trincheiras de esperança. Elas podem ser o lugar onde recuperamos o direito de imaginar, questionar e agir. O mesmo vale para nossas identidades e afetos. Estudantes LGBT+ têm o direito de existir com orgulho e segurança: da retificação de nome ao respeito em cada sala de aula. Não aceitaremos escolas onde a humilhação e o medo sejam rotina. Um mundo plural e sustentável só é possível quando todos os corpos e identidades são celebrados, não tolerados.
Vivemos a precarização cotidiana: jornadas de trabalho de 6×1, exploração até o limite do esgotamento físico e emocional, e a devastação ambiental que rouba o futuro. Essa precarização é a mesma lógica que devasta florestas e mares: o capitalismo suga cada gota de suor e cada recurso do planeta. Cabe a nós denunciar e construir outra forma de viver. Defendemos cidades verdes e democráticas, com transporte público de qualidade, moradia digna e participação popular. O racismo ambiental é real: são sempre as populações negras, indígenas e periféricas as primeiras a sofrer com enchentes, poluição e abandono. Justiça ambiental é inseparável de justiça racial.
Se queremos resistir ao fim do mundo a escola precisa ser um território de formação crítica, de ação e resistência. O movimento estudantil secundarista tem um papel fundamental na luta pelo clima, foram os secundaristas que protagonizam as principais greves climáticas mundiais em 2019, que já denunciavam os avanços sem retorno dos desastres ambientais. No Brasil apenas uma em cada três salas de aula tem climatização, os estudantes ainda sofrem com escolas de lata, sem nenhuma estrutura e o calor intenso.
As escolas têm que ser trincheiras de luta pelo fim do projeto de destruição do capitalismo. O papel da juventude frente a esse cenário é de se organizar coletivamente, construir mobilizações em defesa do clima, contra a extrema-direita e pelo fim do genocídio palestino dentro de cada escola. Não vamos aceitar ser a geração do fim do mundo, lutaremos pela preservação deste mundo mesmo que ele ainda não esteja à altura dos nossos sonhos, mas sabemos que através da luta é possível construir uma nova sociedade nos escombros dessa que está ruindo. Precisamos tomar para nossas próprias mãos a mobilização pelo nosso futuro, e isso só se dará a partir de um movimento estudantil organizado que consiga fortalecer iniciativas e aproveitar de cada brecha para construir luta. Precisamos hoje fundar grêmios em cada uma das escolas que nos inserimos! Esses grêmios têm que ser polos de luta contra as mudanças climáticas. Precisamos organizar assembleias nas escolas, ocupar os espaços públicos, construir atos nas ruas. Devemos articular também redes de grêmios nas cidades que consigam se conectar entre bairros, cidades e estados, criando uma frente de estudantes contra o colapso ambiental e o fim do mundo. As entidades e a auto organização dos estudantes tem que ser ferramenta para reconstruir e fazer ascender à luta no nosso país.
Escolas Contra o Fim do Mundo é mais do que um nome: é o compromisso de que não ficaremos parados enquanto arrancam nosso futuro. Cabe a nós transformar indignação em movimento, medo em coragem, desesperança em solidariedade. Construiremos redes e fóruns de estudantes ecossocialistas em cada lugar onde estivermos. Nossas vidas importam, nossos sonhos importam, e não aceitaremos que um sistema de morte dite nosso destino.Onde eles veem destruição, nós plantaremos luta. Se querem que sejamos a geração do fim, responderemos sendo a geração do começo. Porque o mundo ainda pulsa e é na sala de aula que ele pode reascender. Lutamos por um mundo onde viver não seja privilégio, onde a escola seja mais do que sobrevivência, seja construção de um futuro. Onde a juventude não morra com o planeta, mas o salve!
O que queremos com a plataforma?
A) Afirmar a escola como espaço antifascista e anti opressão; construção de escolas que sejam polos antifascistas! Fortalecer campanhas de Escola Território Livre de opressões e fortalecendo o movimento estudantil como maior inimigo das ideias de extrema-direita
B) Construir a luta contra a crise climática e os bilionários que lucram com o fim do mundo. O movimento estudantil secundarista precisa ser central na luta em defesa do nosso futuro, construindo mobilizações contra o colapso climático e aqueles que lucram com o fim do nosso planeta.
C) Fortalecer o Movimento Estudantil! Precisamos construir um Grêmio em cada escola, fundar Grêmios onde eles não existem e fazer dos grêmios referência da mobilização das nossas escolas, bairros e cidades!
D) Queremos fortalecer e unir nossa luta em diferentes escolas! Propomos a construção de redes das escolas contra o fim do mundo para unificar todos os estudantes que querem lutar pelo nosso futuro!