Construindo o junho da educação: Nacionalizar a luta e arrancar conquistas
Que se retire dos lucros exorbitantes dos bancos para bancar a educação. Que regulamente a taxação das grandes fortunas. Que o Brasil seja uma verdadeira Pátria Educadora, sem demagogia. Investir na educação para avançar, esse é o nosso mote.
Desde o início de 2015, quando Dilma anunciou o corte de R$7 bilhões da educação, foram os funcionários terceirizados que mais sentiram os golpes dessa medida. Aqui no Rio de Janeiro, houve paralisações dos funcionários e funcionárias da limpeza, segurança e guardas patrimoniais por seguidos dias. O motivo foi a falta de repasse das verbas para as empresas terceirizadas que prestam serviços às universidades. Algumas dessas empresas ainda não pagaram nem o décimo terceiro de 2014.
Hoje, mais uma vez, não houve o repasse de verba para pagamento destes funcionários. Por isso, estamos sem aulas na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ) e na Faculdade Nacional de Direito e amanhã, quarta-feira, o Colégio de Aplicação (CAp-UFRJ) também irá suspender as atividades. Na UFF, nosso bandejão ficará fechado até sexta-feira pelo menos, o que afeta diretamente a dinâmica dos estudantes que dependem desse serviço para frequentar as aulas. Além disso, boa parte das unidades de ensino estão sem condições de uso por falta de água, papel e limpeza.
Esses funcionários são essenciais para o funcionamento de qualquer universidade, mas são sempre os primeiros a serem cortados da folha de pagamentos. Eles são o elo mais frágil do funcionamento das universidades. Não são valorizados, muitas vezes invisibilizados e possuem um sindicato pouco ativo para defender seus direitos. Por isso, a paralisação total tem sido o método mais efetivo de chamar a atenção da comunidade acadêmica para a falta de pagamento. Essa é a realidade do trabalhador terceirizado em todo lugar, e o Congresso ainda quer ampliar essa forma de contratação de maneira irrestrita através do PL4330.
Este cenário nos remete a uma análise mais profunda das nossas universidades. A situação dos terceirizados é a consequência mais visível do ajuste na educação. Mas ainda estamos assimilando as consequências da redução das bolsas acadêmicas e de permanência, do corte de auxílio para congressos estudantis, acadêmicos e esportivos. Isso tudo soma-se ao fato de que a estrutura universitária já não era suficiente mesmo antes dos cortes. As políticas de assistência e permanência sempre foram muito limitadas, o que contribuiu decisivamente para o aumento contínuo do índice de evasão de estudantes. Esta situação tende a se agravar.
Por fim, não podemos passar por isso sem no mínimo nos indignarmos e prestar solidariedade aos funcionários que estão paralisados. Mas isso só não basta. É necessário começarmos a nos unir, primeiramente entre nós estudantes e avançar na organização junto com técnicos e professores em defesa da nossa educação. A eleição de Leher reitor da UFRJ é exemplo disso e nos faz crer que a mobilização unificada será capaz de arrancar vitórias e evitar retrocessos. A saída para a crise passa pela organização em cada uma das universidades em que a situação tende a se agravar. Mais do que isso, é necessário fazer essa articulação nacionalmente, e repetir o Congresso da Fasubra que, com uma nova diretoria independente do governo federal, indicou greve nacional dos servidores técnicos. Além disso, há uma paralisação de professores marcada para o próximo dia 14 de maio e um indicativo de greve do seu sindicato nacional (Andes) para a semana do dia 25 a 29 de maio.
Para nós estudantes, o que está colocado também é a mobilização nacional, apoiando a luta dos outros setores mas também construindo nossa pauta de reivindicações. Por isso, fazemos o chamado para a construção da paralisação nacional do dia 29 de maio que será tocada por vários segmentos da sociedade. Nós vamos parar pra dizer à Dilma e ao Congresso Nacional que não aceitaremos nenhum retrocesso e nenhum ajuste sobre o povo. Que se retire uma fatia dos lucros exorbitantes dos bancos para bancar a educação. Que se faça valer a constituição e coloque em prática a taxação das grandes fortunas para aumentar a arrecadação. Mas que o Brasil seja uma verdadeira Pátria Educadora, sem demagogia. Investir na educação para avançar, esse deve ser o mote dos indignados brasileiros.
Marilia estudante da UFRJ e Daniel estudante da UFF, Juntos RJ