A tragédia Yanomami é parte do projeto genocida de Bolsonaro
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A tragédia Yanomami é parte do projeto genocida de Bolsonaro

Bolsonaro compartilha a culpa do estado de calamidade no território Yanomami com seus ministros cúmplices Ricardo Salles e Damares Alves.

Luca Lourenço, Lucas Pires e Rian Valadares 28 jan 2023, 10:31

Recentemente foi denunciada a situação completamente precária do povo indígena Yanomami do norte de Roraima, em que foram deixados à sua própria sorte durante o governo Bolsonaro. Assim, fica evidente o projeto de genocidio instalado em nosso país ao longo dos últimos 4 anos que negou direitos básicos aos povos indígenas: a falta de vacinação nas aldeias, implementação de leis que facilitam a grilagem e a mineração em terras indígenas, poluição nos rios, a contaminação de mercúrio devido ao garimpo ilegal etc. Com o novo governo estamos entendendo melhor o nível do descaso e da crise humanitária. Não é de hoje que vem se falando sobre como a negação dos direitos dos povos originários se intensificou e como o resultado disso é de morte e destruição.

O governo federal decretou estado de emergência para a crise humanitária em curso. Para se ter uma ideia, dados do Ministério da Saúde apontam que só nos últimos 4 anos, 570 crianças morreram por conta do garimpo! Falta de informação não foi. Segundo a APIB, foram 21 as denúncias feitas das invasões, mas o governo escolheu não fazer nada. Além disso, a onda de negação e fake news imposta pelo bolsonarismo que tal emergência de saúde pública seja uma farsa deixa explícito o descaso. A pergunta que tem que ser feita seria: “por que essas pessoas escolheriam morrer sugadas pela draga do garimpo?”, “por que essas pessoas escolheriam morrer por doenças que existem cura e vacina?”. Isso tudo foi negado a eles durante anos. Crianças yanomamis não tem sequer o direito de comer um peixe que não tenha mercúrio. O povo Yanomami e outros povos do Brasil tiveram esses últimos longos anos resistindo e lutando todos os dias contra avanço do agronegócio, do garimpo, dos fazendeiros e principalmente do ESTADO.

A culpa não é somente de Bolsonaro, mas também de seus ministros nomeados, como o ex-ministro do meio ambiente Ricardo Salles, que foi totalmente conivente com os invasores, deixando a boiada passar, desmatando o território e abrindo alas para o garimpo ilegal. A ex-ministra Damares também foi cúmplice desse projeto ecocida. Durante a pandemia, pediu para Bolsonaro que vetasse leitos de UTI para indígenas. Ficaram a mercê de um governo que só se interessou em garantir os lucros de burgueses que vendem esse ouro ilegal para empresas multinacionais que se beneficiam dos minérios extraídos de forma brutal ao redor de todo globo. São cúmplices que precisam responder pelos crimes cometidos!

Tudo isso é herança do passado colonialista do Brasil que persiste enquanto não superarmos o modelo extrativista que nos foi imposto pela europa e que nos reduz a meros exportadores de matéria prima a um custo muito duro do sangue do nosso povo e da destruição dos nossos biomas. Este passado, nos recorda também da posição de tutela que é imposta aos povos indígenas pelas elites que governaram esta nação, em cada período existente, do colonialismo à República, rebaixando estas mesmas populações, a uma posição de inferioridade quanto à sociedade branca padronizada.

Este fator acaba por refletir na forma em que os povos indígenas são tratados em nossa sociedade, começando por uma visão incivilizada, que culminou em serem vistos como menos humanos por aqueles que durante meio milênio, exterminam e exploram esses povos. Um acontecimento como esse nos faz lembrar que é impossível o capitalismo andar abraçado com nossas vivências. Esse sistema não vai se cansar e nem parar até que mate o último peixe, que extraia o último ouro, que retire a última árvore e que mate o último sobrevivente do povo. Não podemos permitir que genocídio dos povos originários seja normalizado e que o etnocídio seja apenas um acontecimento. Como o próprio Criolo diz, “Meninos mimados não podem reger nações”.

Precisamos de uma política séria de demarcação, de garantia de direitos básicos e de políticas de reparação histórica. Precisamos superar o modelo extrativista que nos foi imposto e romper as amarras com as metrópoles para que as centenas de anos de genocídio e apagamento indígena não sejam atualizados a cada dia.


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