MOVIMENTO ESTUDANTIL INDEPENDENTE, COMBATIVO E DEMOCRÁTICO: POR UM NOVO CICLO DE LUTAS NA UNICAMP
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MOVIMENTO ESTUDANTIL INDEPENDENTE, COMBATIVO E DEMOCRÁTICO: POR UM NOVO CICLO DE LUTAS NA UNICAMP

A conjuntura do Brasil e do mundo vem mudando, entre avanços e derrotas da extrema-direita, a luta do povo palestino e a crise climática. Campinas e a UNICAMP devem ser trincheiras para um novo ciclo de lutas!

Juntos! Unicamp 11 nov 2025, 17:38

Estamos vivendo um momento decisivo para nossa geração. O acirramento das guerras e das crises colocam uma interrogação sobre o nosso futuro. Ao mesmo tempo em que a extrema-direita avança com Donald Trump na América Latina, Israel em Gaza e o genocídio nas periferias do Brasil. O despertar político da geração Z internacionalmente nos aponta um caminho, onde símbolos como a bandeira dos Piratas do Chapéu de Palha de One Piece, muito presentes nessas em protestos, revelam que nossa geração tem usado da ficção para sonhar com um mundo com menos desigualdades.

Os ataques da extrema-direita não acontecem sem resposta, como os protestos “No Kings” nos EUA que colocaram cerca de 7 milhões de pessoas nas ruas para dizer não ao projeto nefasto anti-imigrante do governo estadunidense.

No Brasil, principalmente depois da prisão de Bolsonaro, vimos esse setor na defensiva, com o povo brasileiro dando o seu recado nas ruas contra a PEC da bandidagem e a anistia. Apesar disso, o governo federal não aproveita o espaço aberto para avançar pautas fundamentais, como o fim da escala 6×1 e um combate verdadeiro aos mais ricos. Ao invés disso, segue cortando da educação, apresentando projetos nefastos como a Reforma Administrativa, que busca desmontar o serviço público e nossa possibilidade de futuro e até mesmo a autorização da exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, em plenas vésperas da COP-30 no Brasil e diante de um cenário de colapso ambiental.

Sabemos que são justamente essas políticas anti-povo para agradar o “centrão”, que fortalece figuras como Tarcísio de Freitas, expoente neoliberal, que tem desmontado a educação pública do estado, além de outros setores essenciais, com privatizações e militarização, respondendo as mobilizações populares com truculência. O movimento estudantil pode e deve ser linha de frente no enfrentamento do governador que é a principal figura da extrema direita no Estado, e que busca se alçar nacionalmente como substituto de Bolsonaro.

Campinas pode e deve ser uma trincheira antifascista no interior de São Paulo. É daqui a vereadora mais votada da cidade, Mariana Conti, que fez parte da maior ação global de solidariedade internacional da história, em apoio ao povo palestino, a Global Summud Flotilla. E assim como fizeram os povos do mundo para denunciar o genocídio em Gaza, acreditamos que a nossa saída é tomando pelas nossas próprias mãos o combate ao projeto nefasto da extrema-direita e construindo uma alternativa ecossocialista a partir das lutas concretas.

Na Unicamp no último período avançamos em importantes lutas do movimento estudantil: a aprovação das cotas trans e PCD’s; a greve da medicina, junto a paralização de vários cursos, a qual momentaneamente derrotou a privatização do Hospital Estadual de Sumaré (HES); uma recente aquisição de um terreno pra expansão da moradia estudantil em Campinas, e a criação de uma moradia para o campus de Limeira; somos umas das primeiras universidades a romper relações com “israel”, denunciando o genocídio da população palestina. Tudo isso é fruto direto da luta de estudantes da UNICAMP que, com independência e combatividade, historicamente estiveram na linha de frente dos enfrentamentos e das mobilizações.

QUAL NOSSOS PRÓXIMOS PASSOS?

Apesar dos avanços da luta pelo acesso, seguimos enfrentando um grave problema com a permanência estudantil. Não é possível concluir um curso de forma digna sem conseguir pagar um aluguel ou não possuir uma casa com condições mínimas e adequadas para se morar, por exemplo. A falta de manutenção e reformas na Moradia Estudantil, bem como a insuficiência de vagas frente a demanda real, somado à especulação imobiliária, tem tornado a moradia um problema central para es estudantes.

O custo de moradia tem comprometido cada vez mais parcelas maiores da renda des estudantes, comprometendo diretamente a qualidade de vida e dificultando a permanência estudantil. Na busca por fugir dos preços de alugueis abusivos, muitos são obrigados a morar longe da universidade, e passam a enfrentar um problema que é comum aes estudantes que moram em Campinas e precisam se deslocar até a universidade – o transporte público.

Campinas tem uma das tarifas de ônibus mais caras do Brasil, apesar de oferecer um péssimo serviço, com uma frota insuficiente e em muitos casos inadequada, colocando até mesmo a segurança des passageiries e trabalhadores em questão, como aconteceu nos repetidos casos de ônibus que pegaram fogo. É necessário avançar na política de passe livre estudantil e geral, para universalizar efetivamente o transporte público, além de garantir um serviço de qualidade, e aliar essa luta com a questão ambiental ao apostar no transporte coletivo como alternativa.

As bolsas são uma parte das políticas fundamentais para a permanência estudantil. Entretanto, sabemos de seus limites frente ao elevado e crescente custo de vida na região da universidade e no restante de Campinas, o número insuficiente de bolsas oferecidas frente a real necessidade, e a cobrança de contrapartida de trabalho associado a bolsa, que exerce uma pressão extra, econômica e mentalmente, especialmente aes estudantes que necessitam de permanência estudantil.

Por isso, é urgente derrubar a contrapartida da bolsa BAS. A Unicamp é a única universidade que exige uma carga horária de trabalho em troca de uma bolsa social, o que é extremamente contraditório, visto que não faz sentido um aluno realizar 10 horas semanais de trabalho que muitas vezes um técnico contratado deveria fazer para receber um auxílio. É desumano pensar que um aluno, que já deve direcionar um grande tempo para seus estudos, tenha que destinar um tempo que muitas vezes não possui para trabalhar para a própria Unicamp. A instituição que tem função de promover educação pública de qualidade passa a se comportar da mesma forma que uma empresa.

Essa questão emergente da Contrapartida BAS é fortemente vinculada com a precarização imposta pelo Governo Estadual. Isso é claramente perceptível com a entrada de empresas retirando os estágios dos alunos, a preferência de destinação de verba para empresas privadas do que para a melhora da infraestrutura dos Campi e da moradia estudantil, além do não aumento do orçamento para a Universidade. Tudo isso, reflete um projeto do governo estadual de Tarcísio de Freitas de extremo desmonte da educação pública em favor de seus interesses dos super ricos que são seus aliados.

Dessa forma, para garantir permanência é necessário um extenso calendário de lutas para possibilitar que os estudantes possam concluir seus objetivos acadêmicos com dignidade e isso se foca principalmente com o fim da Contrapartida BAS. Fato esse, que está intrinsecamente conectado com a luta contra a precarização exercida pelo governo estadual, uma vez que a diminuição de recursos da universidade acarreta em menor disponibilidade de políticas sociais para democratizar o espaço acadêmico em todas as instâncias.

Mas para levar adiante todos esses desafios, a independência política do movimento estudantil é determinante, apostando na nossa própria força como forma de conquista. Por isso achamos que foi fundamental para as vitórias e lutas que construímos, que o DCE da UNICAMP tivesse a frente o campo independente. Achamos que esse ponto é inegociável para seguirmos nossas lutas. Além disso, é fundamental avançar na democratização e enraizamento das entidades estudantis, ampliando o espaço para participação ativa dos estudantes, fazendo que com elas estejam a serviço da luta coletiva dos estudantes e não apenas do interesse de algumas organizações.

É com independência, aposta na mobilização estudantil e democracia que construiremos uma ferramenta que defenda nossos direitos e um novo projeto de sociedade.

O Juntos! te convida a se organizar conosco e construir as próximas lutas da UNICAMP, por um novo ciclo de lutas!


Imagem O Futuro se Conquista

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