Pelo direito à memória e à verdade na USP
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Pelo direito à memória e à verdade na USP

É hora de acabar com a ditadura na universidade, de fazer nascer a democracia. Para isso precisamos saber as verdades duras dos anos 60, 70 e 80 na USP. É preciso uma Comissão da Verdade que mostre o que os militares fizeram com nossos professores, funcionários e estudantes desaparecidos.

Káritas Gusmão 12 jun 2012, 12:19

*Káritas Gusmão

A Universidade de São Paulo foi palco de diversas atrocidades no período de 1964-1985. Estudantes e professores da USP somam cerca de 15% dos desaparecidos do Brasil. Por conta disso, está em curso na universidade uma grande mobilização pela criação de uma Comissão da Verdade da USP.

Recentemente, no dia 16 de maio, foi criada a Comissão Nacional da Verdade. Em sua cerimônia de lançamento, a presidenta Dilma Roussef disse: “A Comissão não abriga ressentimento, ódio, nem perdão. Ela só é o contrário do esquecimento”. No entanto, sabemos que o que está em jogo é uma comissão diferente da reivindicada historicamente pelos movimentos sociais. Trata-se de uma Comissão do Possível,  planejada para não desestabilizar a governabilidade que Dilma mantém com alguns dos setores mais conservadores da política brasileira.

Aproveitando o debate aberto nacionalmente, a reivindicação na universidade é pela criação de uma Comissão da Verdade da USP que seja verdadeiramente democrática, com seus membros eleitos diretamente pelas três categorias da universidade (professores, funcionários e estudantes). A campanha “Por uma Comissão da Verdade na USP” é idealizada pelo Fórum Aberto pela Democratização da USP. O fórum é articulado pela ADUSP, SINTUSP, DCE, e composto por diversas entidades e coletivos políticos, entre eles o Juntos!. No dia 24/05, lançou-se no Pátio das Arcadas da Faculdade de Direito, um abaixo assinado que vem sendo construído em vários cursos da universidade, requerendo “a constituição e instalação de uma Comissão da Verdade na USP, dotada de autonomia e independência, destinada a examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar, entre 31 de março de 1964 e 15 de março de 1985”. A intenção é que a comissão investigue a relação da universidade com os crimes da ditadura e envie seus pareceres às Comisões Nacional, Estadual e Municipal.

Amanhã, dia 12 de junho de 2012, mais um passo será dado nesta campanha. No auditório 5 da FEA (Faculdade de Economia e Administração), acontecerá o Ato de Lançamento da campanha na USP, que contará com a presença de intelectuais como Marilena Chauí e Paul Singer.

Esse ato será um importante passo na luta pela democratização da USP, hoje a principal pauta do movimento estudantil. Muitas das atrocidades cometidas na época da ditadura, de uma maneira ou de outra, ainda sobrevivem na universidade. O atual reitor da USP, por exemplo, mantém em curso processos administrativos e criminais contra estudantes baseado em um Regimento Disciplinar de 1972, redigido por Gama e Silva (o mesmo do AI5). Por isso, em 2012, o movimento estudantil está construindo também o XI Congresso do Estudantes, que será o fórum do movimento estudantil por democracia na universidade. Na quinta-feira, 14/06, às 18h no auditório da Geografia, será realizado o segundo debate pré-congressual, com o tema “Por uma estatuinte soberana e democrática” e presença confirmada do professor Vladimir Safatle.
É muito importante conhecermos e entendermos o passado para discutirmos e planejarmos nossa atuação para a construção de uma nova Universidade. Sem verdade, não há democracia!

*Káritas Gusmão é estudante de Química e militante do Juntos!


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