Trabalhadores da Cultura: é hora de perder a paciência.
Na última terça, a população de São Carlos foi surpreendida pelo anúncio do corte no convênio com os pontos de cultura da cidade. Isso significa, na prática, que os 8 projetos beneficiados por esse convênio deixariam de receber a verba destinada pelos cofres públicos para a área.
Ariane Machado, Cibele Ferreira e Rodrigo “Pudim” Barreto *
Na última terça, a população de São Carlos foi surpreendida pelo anúncio do corte no convênio com os pontos de cultura da cidade. Isso significa, na prática, que os 8 projetos beneficiados por esse convênio deixariam de receber a verba destinada pelos cofres públicos para a área. A nova gestão da prefeitura (PSDB), de oposição a anterior, justifica o injustificável: o dinheiro será aplicado em outras áreas com maior demanda. O movimento responde: cultura deve ser sim prioridade para a cidade.
Este cenário posto, questionamos se é possível que a cultura esteja tão dependente de mudanças de prefeito. Afinal, se nas próximas eleições outro partido assumir o gabinete da prefeitura, o movimento estará de novo refém da política do balcão de negócios? Não podemos aceitar que a produção cultural seja barganhada. A cultura precisa ser entendida como um direito, uma conquista da população e ser respeitada como tal, seja qual for a gestão pública.
Por isso é importante debatermos que política cultural queremos. Se hoje passamos por um momento crítico de retrocesso é porque a cultura na cidade sempre foi colocada como moeda de troca. É preciso ressaltar que oito pontos não são suficientes e nem representam toda a cultura produzida no município. Apesar de muitos projetos populares não terem sido contemplados na última gestão da prefeitura (governo do PT), estes continuam atuando na sociedade. Chegou a hora dos trabalhadores da cultura perderem a paciência. Queremos que os investimentos nessa área cheguem também na periferia da cidade.
O Juntos! está na construção desse movimento em uma perspectiva de avançar essa pauta em São Carlos. Nos solidarizamos com os pontos de cultura que hoje estão ameaçados e entendemos que o que está em jogo é o trabalho de cada um. Ainda assim é necessário que o movimento não se paute apenas pela via institucional e tenha como horizonte a organização da população como um todo. Só quando cada pessoa tomar consciência do papel político que ela tem e não deixar que os rumos da política sejam deliberados em reuniões de gabinete é que teremos vitórias reais e concretas.
Convocamos artistas, trabalhadores e movimentos de cultura a se incorporarem nessa luta. Somente o envolvimento desse setor pode ampliar a produção cultural, fazendo dela um patrimônio inquestionável da cidade de São Carlos.
*Ariane Machado, Cibele Ferreira e Rodrigo “Pudim” Barreto são militantes do Juntos! São Carlos