Liberdade ao homem que divulgou que estamos sendo espionados pelos EUA!
O movimento juvenil, as entidades de estudantes e de trabalhadores, a esquerda socialista, independentes, autonomistas, democratas de todo tipo precisam se engajar imediatamente nesta campanha.
Uma reportagem especial de Glenn Greenwald no jornal O Globo detalha como o governo americano tem espionado milhões de e-mails e ligações de brasileiros. Ela usa dados do programa Boundless Informant divulgados por Edward Snowden para informar que o Brasil aparece destacado em mapas da Agência de Segurança Nacional dos EUA como alvo prioritário no tráfego de telefonia e dados, ao lado de nações como China, Rússia, Irã e Paquistão. Não há números exatos, mas de acordo com o mapa de calor, o Brasil está pouco atrás dos Estados Unidos, que teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados em janeiro passado.
Os dados não são novos, mas é a primeira vez que são interpretados pela imprensa brasileira. Ao The Guardian, Greenwald escreveu que “a reportagem do jornal O Globo vai ressoar bastante no Brasil e por toda a América Latina, onde a maior parte da população não tinha ideia de que suas comunicações eletrônicas estavam sendo coletadas em massa por essa agência altamente secreta dos EUA”.
A divulgação levou o WikiLeaks, através de seu perfil no Twitter, a questionar: “Será que a presidenta Dilma Rousseff vai fazer a coisa certa para Edward Snowden agora que ele expôs a espionagem dos EUA nela e em milhões de outros brasileiros?” Precisamos fazer uma campanha para que ela faça. Estamos desde o primeiro momento com Snowden, reivindicando sua luta em diversos espaços, e convocamos todos que não toleram esse atentado à nossa privacidade e liberdade a juntarem-se a nós.
No dia 1º de julho, iniciamos um abaixo-assinado exigindo que Dilma Rousseff concedesse asilo a Edward Snowden. Além da campanha na internet, realizamos dois protestos no dia 5 de julho para exigir que o governo brasileiro não deixe que a espionagem dos seus cidadãos pelos EUA passar despercebida. Levantamos a bandeira no 14º Fórum Internacional de Software Livre (FISL) em Porto Alegre e no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília. Com 15 ativistas, uma faixa e uma carta, tivemos que esperar por 3 horas para sermos recebidos pelo diplomata Vinicius Gulmini.
Nosso movimento obteve uma importante vitória, ainda que parcial, neste domingo, com a afirmação do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, de que o governo cobrou explicações dos EUA sobre a espionagem de cidadãos brasileiros pela NSA. Mas queremos mais: queremos a liberdade de Edward Snowden, o homem que denunciou que a população do Brasil e de todo o planeta está sendo espionada.
Diante do oferecimento de asilo a Snowden em três países da América Latina (Venezuela, Bolívia e Nicarágua), seguimos nessa luta, agora em nova etapa: temos que garantir sua chegada com segurança a Caracas, cidade onde certamente estaremos para recepcionar o mais novo latinoamericano. É dever do Brasil auxiliar a Venezuela, em todos os aspectos envolvidos, a suportar a dura pressão do imperialismo.
O movimento juvenil, as entidades de estudantes e de trabalhadores, a esquerda socialista, independentes, autonomistas, democratas de todo tipo precisam se engajar imediatamente nesta campanha. O Juntos vai seguir dedicando o melhor de suas forças para que Edward Snowden viva e sirva de exemplo para os indignados do mundo.
* Tiago Madeira é estudante de Ciência da Computação na USP e militante do Juntos.